Alan García afirma que votaria em Lula

Uma reportagem do jornal O Globo, do Rio de Janeiro, traz uma entrevista com o presidente eleito do Peru, Alan García, na sua edição deste domingo. Na reportagem da enviada especial Janaína Figueiredo, o político fala de sua admiração pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os negócios do seu país com o Brasil. Ele falou também sobre seu governo e sobre a relação do Peru com a Venezuela, afirmando que decidiu, após a eleição no dia 4 de junho, "esquecer tudo o que aconteceu antes".

Líder do Partido Aprista Peruano (Apra), que governou entre 1985 e 1990, García comentou sobre a possível reeleição de Lula, afirmando que o presidente é um homem bom e que acredita muito em Lula. "Eu, naturalmente, votaria em Lula", afirmou para a reportagem. Para García, Lula não deve ser 'abandonado' até que as denúncias de corrupção que estouraram durante seu governo sejam esclarecidas.

O presidente peruano confirmou ainda que gostaria que Brasil e Peru firmassem um acordo de livre comércio, assim como a disputa que acontece entre ambos e os Estados Unidos. García lembra que o Brasil produz mais de US$ 700 bilhões por ano, o equivalente a mais de dez vezes o que é produzido pelo Peru. "Não sei o que aconteceu, por que não negociamos um tratado de livre comércio com o Brasil. Pelo menos estamos construindo uma grande estrada que é um acordo de livre comércio, porque vai unir os dois países. Tenho a esperança de que o Brasil finalmente olhe para o Pacífico, este é seu porto", afirma para O Globo.

Ao ser perguntado sobre o erro mais grave que teria cometido em seu primeiro governo, García disse que "talvez o governo devesse ter sido mais cauteloso em relação a seus gastos, aos créditos, para tentar compensar a tendência inflacionária mundial". E como estratégia para resolver o dilema da discrepância entre a taxa de crescimento da economia (+30%) com o índice de pobreza (-2%), García disse que o Peru não tem um desenvolvimento social equilibrado. "Precisamos de mais Estado. Não um Estado empresarial e burocrático, e sim um que ajude a compensar os setores nos quais o mercado não chega".

Segundo assessores de García, o presidente peruano deve fazer uma visita relâmpago a Brasília entre terça e quarta-feira desta semana, para reunir-se com Lula.