O referendo que confirmou, com folga, o mandado do presidente boliviano , Evo Morales, também fortaleceu a maioria dos governadores da oposição, o que obrigará todos eles a dialogar com vistas a evitar um racha político ainda maior no país. Morales obteve 60% de apoio dos eleitores no referendo confirmatório de domingo, segundo contagens preliminares de voto realizadas por rádios e canais de TV.
O apoio ao presidente veio principalmente dos Departamentos localizados nas terras altas do país mais pobre da América do Sul.
A votação também confirmou com folga em seus cargos os governadores dos Departamentos de Pando, Beni, Santa Cruz e Tarija, que formam uma faixa de territórios mais ricos no leste e no sul da Bolívia e que buscam uma maior autonomia a fim de administrar seus recursos.
"Não houve mudanças fundamentais no mapa político boliviano. Nos resultados (do pleito), não identificamos a abertura de um caminho para a solução da crise política", disse nesta segunda-feira a analista política María Teresa Zegada, da rede de TV ATB.
"A votação deixa o presidente em uma situação muito difícil já que precisará selar acordos com essas regiões", acrescentou Zegada.
Morales, no poder desde janeiro de 2006, convocou o referendo tentando enfraquecer a oposição, que havia bloqueado seu plano de adotar uma Constituição socialista a fim de conferir mais poder à maioria indígena do país e fortalecer um processo de nacionalização da economia.
Ao comandar uma celebração de rua na frente do palácio presidencial em La Paz, na noite de domingo, o dirigente garantiu que respeitará a "legitimidade" dos governadores oposicionistas ratificados e sugeriu-lhes compatibilizar seus processos de autonomia com uma nova Constituição.
Enquanto Morales fazia apelos em nome da unidade, Rubén Costas, governador do rico Departamento de Santa Cruz, avisava que "os governantes corruptos e arrogantes" não deveriam tentar impor um projeto de Constituição que descreveu como "racista e ilegal".
Se o presidente e a oposição "estavam empatados em 1 a 1, agora voltaram a empatar, mas por outro placar, em 3 a 3, se prosseguirmos com a comparação. O que essas pessoas farão com suas vitórias?", perguntou em um editorial o diário La Razón.
"Essa é a questão que definirá o futuro imediato da tensa relação entre o governo central e as regiões autônomas", acrescentou.
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