Morales recorda a história de seu país e afirma que o país busca a igualdade social| Foto: Gaston Brito / Reuters

O presidente boliviano, Evo Morales, disse nesta quarta-feira (6) que seu país "deixou de ser um povo mendigo" e que agora é "digno, viável, com muito futuro e muita esperança", apesar da ação de "pequenos grupos privilegiados" que "não querem igualdade" e "falam de independência sob o manto da autonomia". Morales discursou um dia após dois mineiros morreram e outros 30 ficaram feridos em choques com a polícia durante protestos. Uma das mortes ocorreu em um bloqueio de estrada em Oruro. A onda de manifestações está se intensificando no país, dias antes do referendo revogatório de mandatos que acontece no domingo.

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No discurso oficial em ocasião do 183º aniversário da independência da Bolívia, e a quatro dias do referendo que poderá tirar-lhe o mandato, Morales recordou a história de seu país, afirmando que "a luta segue adiante, até que se atinja a igualdade social", porque "a pátria está de pé".

Morales presidiu a cerimônia em La Paz, e não Sucre, capital histórica do país, onde a governadora, Savina Cuéllar, o excluiu da programação, segundo fontes do governo citadas pelo jornal argentino Clarín.

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Entre os êxitos obtidos pelo seu governo e pelos "movimentos indígenas, campesinos e operários", o chefe de Estado boliviano destacou a "recuperação dos recursos naturais" e o processo de industrialização a partir deles, a solidez econômica de um país "sem déficit fiscal nos últimos dois anos e meio", e a "luta para erradicar o analfabetismo".

Os conflitos, que irromperam há cerca de duas semanas, têm causas distintas e vão desde greves de fome até protestos de ativistas cívicos e de mineiros, que bloquearam uma estrada e entraram em conflito com a polícia.

O principal deles é encabeçado por setores afiliados à Central Operária Boliviana (COB), que demandam a aprovação de um projeto de Lei de Aposentadorias, proposto pela entidade. Entre outras medidas o texto prevê a alteração da idade para o pagamento do benefício.

Índios Machue fazem apelo internacional

Nesta quarta-feira, o Conselho de Todas as Terras, organização mapuche chilena, lançou um chamado internacional aos povos indígenas para que se solidarizem e apóiem o governo de Morales.

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A organização também exigiu respeito às decisões que o governo da Bolívia está adotando em vista do referendo. O dirigente da organização mapuche, Aucán Huilcamán, irá amanhã à prefeitura de Temuco, 670 quilômetros ao sul de Santiago, para enviar uma petição à presidente Michelle Bachelet para que faça um chamado à comunidade internacional pedindo a garantia de pleno respeito às decisões que estão sendo adotadas pelo governo da Bolívia.

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