Renato Lima diz que “as usinas nucleares precisam ser capazes de oferecer alternativa a todo tipo de terremoto”| Foto: Henry Milléo / Agência de Notícias Gazeta do Povo

Quais as preocupações imediatas após um desastre natural destas dimensões?

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A situação vai adquirindo contornos mais complicados. Pela elevada tecnologia das instalações japonesas, o risco é maior, porque quando elas são afetadas geram grande prejuízo para a sociedade. Um exemplo é o transporte público, formado em grande parte por trens de alta velocidade que têm sistema automático de interrupção do serviço. Em caso de acidente, o trem é obrigado a parar. Se fossem veículos antigos, trafegando em rodovias comuns, eles poderiam continuar. É a mesma situação do sistema de geração de energia nuclear. Ela oferece perigos maiores do que uma usina termoelétrica. Nesse caso, vazariam água, ou óleo diesel, menos perigosos.

O Japão é imprudente por manter usinas nucleares sobre um terreno sujeito a terremotos?

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Não é imprudente, mas a localização exige do país um preparo muito maior, e mais investimento. As usinas nucleares precisam ser capazes de oferecer alternativa a todo tipo de terremoto. É preciso ter sistemas de segurança que permitam enfrentar todo tipo de sismo.

Que tipo de ajuda internacional é necessária neste momento?

O governo japonês pediu às equipes da ONU que permaneçam em alerta. Por enquanto, pediram o apoio de quatro países – EUA, Coreia do Sul, Austrália e Nova Zelândia para ajuda no resgate a vítimas. A ONU tem 35 equipes especializadas na avaliação de danos, sendo que seu braço, a Undac, trabalha com riscos ambientais secundários.

Em que o Brasil poderia ajudar?

Nossa equipe tem condições de avaliar perigos ambientais imediatos, além do nuclear. Outros tipos de instalações podem ser afetados, como fábricas de produtos químicos, de baterias, sistemas de tratamento rompidos que possam gerar contaminação, gasodutos, além da instabilização de encostas e maciços de rios. As encostas ficam instáveis e isso pode oferecer perigo extra.

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Como tem sido a resposta japonesa ao desastre?

O Japão tem uma boa capacidade de resposta. Imagino que estejam avaliando se têm condição de atender as emergências sozinhos. Neste domingo imagino que isso já tenha sido definido.

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