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"A imprensa e a igreja têm pontos de proximidade por trabalharem com a comunicação, e o lugar da mídia cresceu muito, a ponto de se tornar indispensável para mostrar ao mundo os rumos da história. E vocês trabalharam bastante, não?"

"Os assuntos da igreja são de cunho espiritual. Somente colocando nessas perspectivas é possível perceber o trabalho da Igreja Católica, pois ele não responde a uma lógica mundana. Os eventos eclesiais não são mais complicados que os políticos e econômicos."

"Ele me abraçou, me beijou e disse para eu não me esquecer dos pobres (...) Foi quando meu coração me trouxe o nome de Francisco de Assis, que devotou sua vida dos pobres, ao trabalho missionário e ao cuidado da criação de Deus."

Trechos do discurso do papa Francisco à imprensa sobre o trabalho da imprensa, a relação com a sociedade e a influência de dom Cláudio Hummes.

O papa Francisco disse neste sábado, no primeiro encontro com jornalistas desde que assumiu a chefia da Igreja Católica Romana, que escolheu seu nome papal por influência do cardeal brasileiro dom Cláudio Hummes.

"Na eleição eu tinha a meu lado o arcebispo [emérito] de São Paulo e prefeito emérito da Congregação para o Clero, o cardeal Claudio Hummes, um grande amigo", contou o novo papa. "Quando a coisa começou a ficar perigosa, ele começou a me tranquilizar e, quando os votos chegaram a dois terços, e aconteceu o aplauso esperado – pois, afinal, eu havia sido escolhido o papa – ele me abraçou, me beijou e disse 'não se esqueça dos pobres'. Aquela palavra entrou na minha cabeça. Os pobres."

Hummes e Jorge Mario Bergoglio, ex-arcebispo de Buenos Aires de 76 anos eleito papa na última quarta-feira, foram ordenados cardeais juntos, por João Paulo 2.º, em 2001.

Pobreza

Na entrevista na manhã deste sábado, o papa Francisco defendeu que a Igreja Católica seja "pobre e para os pobres". Ele fez a declaração ao justificar a escolha do nome, inédito na história, em homenagem a São Francisco de Assis. O novo pontífice chamou São Francisco de Assis de "homem dos pobres, da paz e do amor". "Como eu gostaria de uma igreja pobre, para os pobres", acrescentou. Ele ainda disse que os assuntos da igreja são de cunho espiritual e que somente colocando nessas perspectiva é possível perceber o trabalho da Igreja Católica, pois eles não respondem a uma lógica "mundana". "Os eventos eclesiais não são mais complicados que os políticos e econômicos", afirmou.

"O protagonista é o Espírito Santo. Ele inspirou a decisão de Bento 16 [de renunciar] pelo bem da igreja, ele dirigiu a eleição dos cardeais", concluiu.

Agenda

O papa rezará sua primeira missa pública na próxima terça-feira, com a presença de diversas autoridades, inclusive a presidente Dilma Rousseff.

No dia anterior, ele recebe a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, na Casa de Santa Marta, onde o pontífice permanece hospedado antes de ocupar o Palácio Apostólico.

ProvidênciasSegurança papal, com guardas treinados pela Otan, fará ajustes

Agência Estado

O papa Francisco mantém os hábitos do cardeal Jorge Mario Bergoglio – ao menos na intenção. O cardeal brasileiro Cláudio Hummes, que o conhece bastante, disse a jornalistas italianos que o amigo argentino "gostaria de dispensar todas as formalidades, andar pelas ruas; ouvir e conversar".

Bem, não vai ser assim. Embora Bergoglio tenha sido um passageiro diário do sistema de transporte coletivo de Buenos Aires e frequentador das bodeguitas especializadas em empanadas, seus dias de liberdade incondicional acabaram.

O comandante da Guarda Suíça, a pequena força militar do Vaticano, anunciou que o grupo formado por 110 homens está sendo preparado.

"A segurança sempre se adapta ao estilo do pontífice", declarou Daniel Anrig. Isso, na prática, significa que Francisco talvez circule, sim, por Roma. Mas será a bordo de limusines de aço a prova de explosivos.

Os agentes da Guarda são treinados para saltar diante do tiro de um atentado contra o papa. E farão isso por um motivo sólido: consideram que, agindo assim, estarão "defendendo a grata existência do sucessor de Pedro, o Vigário de Cristo".

O treinamento básico é ministrado em uma base das forças da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), em Nápoles. A instrução dura 90 dias.

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