O Japão e a costa oeste dos Estados Unidos convivem com o medo de uma catástrofe, um terremoto gigantesco que provocará estragos ainda maiores do que os causados pelos abalos da última sexta-feira. As duas áreas repousam sobre um inimigo silencioso: estão exatamente no encontro de placas tectônicas em constante movimentação, que poderão causar terremotos de proporções gigantescas, capazes de destruir cidades inteiras e abalar a economia mundial.

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Embora não seja possível prever a data exata para que isso aconteça, os geólogos apontam que ela pode estar bem próxima. O sismólogo Lucas Vieira Barros, coordenador do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UNB), diz que as placas tectônicas são blocos imensos de rocha que formam a superfície do planeta, semelhante aos gomos em uma bola de futebol. Todas as placas estão em movimento e o atrito entre elas gera os tremores. "Esse choque libera grande quantidade de energia, que causa todo o estrago. Em seguida, o ciclo gradual de acúmulo de energia se inicia novamente", diz. Um novo tremor é questão de tempo e pode acontecer a qualquer momento, explica.

O Japão está na área de risco entre duas destas placas: a do Pacífico e a da Ásia. A primeira está sendo lentamente empurrada em direção às profundezas marítimas pela segunda.

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Esse atrito constante é o responsável pela grande quantidade de terremotos que acontecem no Japão. Mas o pior ainda pode estar por vir. Os sismólogos japoneses têm constatado que as placas estão acumulando energia que pode culminar na maior catástrofe da história recente do país.

"Na mesma área de risco houve um grande tremor que arrasou Tóquio, em 1923. É baseado nisso que os japoneses esperam outro grande abalo nas mesmas proporções, já que os terremotos são cíclicos e ocorrem nos mesmos pontos", diz Barros. Naquele ano, o tremor causou 140 mil mortes.

Hoje, porém, o cenário é diferente e as medidas preventivas mais eficientes. Ainda assim, o rastro de destruição será enorme, de acordo com as estimativas. "Um terremoto de magnitude semelhante ao desta semana pode causar um prejuízo capaz de abalar a economia mundial, na ordem trilhões de dólares, segundo estudos dos cientistas japoneses. Se acontecesse hoje um grande tremor como o de sexta-feira, mas com epicentro em terra e não no mar, seria absurdamente mais catastrófico."

Big One

No estado da Califórnia, na costa oeste dos Estados Unidos, a preocupação recebeu o nome de Big One ("o grande", em referência à intensidade do tremor) – um terremoto temido pelos americanos que pode dizimar todo o estado e causar estragos na ordem de US$ 150 bilhões.

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Assim como o Japão, a Califórnia está situada sobre o encontro de duas placas: a Norte-americana e a do Pacífico. O ponto exato em que elas se juntam forma uma fissura na terra com mais de mil quilômetros de extensão, chamada de Falha de San Andreas.

As duas placas estão em movimento e, segundo os estudos, acumulando energia como uma panela de pressão, pronta para explodir a qualquer momento. Embora não seja possível estabelecer a data em que acontecerá, geólogos que acompanham o deslocamento acreditam que será em menos de 30 anos.

"Ao longo desta falha, uma placa vai para um lado e a outra na direção contrária. Há indicação de que este atrito está acumulando energia. E tem o fator histórico. Por lá, já aconteceram tremores importantes, como o de 1906", explica Renato Lima, geólogo da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Na época, o tremor causou 700 mortes. Hoje, este número provavelmente seria maior, já que a população do estado pulou de pouco mais de 300 mil habitantes para 18 milhões.

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