• Carregando...
Pontos turísticos de Paris foram tomados. Protesto contra o terror colocou lado a lado o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas | Ian Langsdon/Efe
Pontos turísticos de Paris foram tomados. Protesto contra o terror colocou lado a lado o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas| Foto: Ian Langsdon/Efe

Reação

Países europeus poderão restringir acesso às fronteiras

Os ministros do Interior de 12 países europeus e o secretário americano da Justiça, Eric Holder, anunciaram ontem que irão aumentar o controle sobre as fronteiras, fortalecer a cooperação para monitorar extremistas viajando para Síria e Iraque e combater propaganda e recrutamento de grupos terroristas islâmicos na internet, na sequência aos ataques em Paris.

A Casa Branca anunciou que vai realizar em 18 de fevereiro uma cúpula global de segurança para tratar da luta contra o "extremismo violento no mundo".

O ministro do Interior da França, Bernard Cazeneuve, afirmou que "é preciso adaptar o sistema Schengen para permitir controles de passageiros nas fronteiras" e limitar a mobilidade de combatentes islamitas de volta à Europa, uma tese que é defendida por seu homólogo espanhol, Jorge Fernández Díaz.

O Tratado de Schengen instaurou a livre circulação entre os 26 Estados signatários, entre eles, 22 da União Europeia.

Herói muçulmano

Um muçulmano que escondeu um grupo de clientes no congelador de um porão do supermercado kosher invadido pelo terrorista Amedy Coulibaly na sexta-feira está sendo tratado como herói. Lassana Bathily, de 24 anos, nascido no Mali e funcionário do estabelecimento, foi elogiado por arriscar a própria vida para salvar a de outras pessoas. Ele contou à televisão francesa que ao tentar sair do prédio foi parado pela polícia, algemado e mantido sob custódia por uma hora e meia, sob suspeita de agir com os terroristas.

Marrocos não

A delegação marroquina liderada pelo ministro das Relações Exteriores, Salah ad-Din Mezuar, desistiu de participar da manifestação de ontem em Paris, devido à presença de cartazes com algumas charges sobre Maomé.

Foragida

Hayat Boumeddiene, esposa de um dos terroristas, já estaria na Síria, depois de ter passado pela Turquia em fuga. Ela teria deixado a França no dia 2 de janeiro, após ajudar no planejamento dos ataques. Haveria uma "busca intensiva" pela única envolvida nos crimes a sobreviver.

Terror na França

A sede do Charlie Hebdo foi alvo de ataque na última quarta-feira (7). Dez funcionários do impresso e dois policiais morreram a tiros durante um atentado à redação da revista satírica, em Paris. No mesmo dia, a polícia francesa iniciou uma busca pelos suspeitos de envolvimento no ato terrorista, entre eles os irmãos Said Kouachi e Cherif Kouachi. Ainda na quarta-feira, vários suspeitos são presos e o governo da França anuncia ter elevado o nível de segurança no país para o mais alto.

Um dia depois (quinta-feira, 8), vários centros muçulmanos na França foram alvos de ataques. Um restaurante próximo à mesquita de Paris também registrou a explosão de uma bomba artesanal e um carro explodiu. Uma policial foi morta em um ataque a tiros no sul da capital francesa. Foi também na quinta-feira que a polícia da França realizou o primeiro cerco aos irmãos suspeitos, em vilarejos no Nordeste de Paris. O Estado Islâmico, por meio da rádio própria da organização extremista, classificou, neste dia, como heróis os autores do atentado.

Na sexta-feira (9), a polícia fecha o cerco e mata Said Kouachi e Cherif Kouachi. Também é morto o sequestrador Amedy Coulibaly, de 32 anos, que matou quatro de 16 pessoas feitas reféns em uma ação em um supermercado judaico de Paris, na quarta-feira. Coulibaly, suspeito de matar uma policial um dia antes, disse em entrevista à tevê durante o sequestro agir em coordenação com os Kouachi e ser ligado ao Estado Islâmico. A Al Qaeda assumiu a responsabilidade pelos atentados.

Os atos terroristas que causaram a morte de 17 pessoas na França gerou uma onda de manifestações não só no país como em várias cidades do mundo. No sábado (10), 700 mil se reuniram em uma marcha na capital francesa. Neste domingo, chefes de estados, inclusive estadistas muçulmanos, se reuniram em uma manifestação histórica em Paris, que reuniu mais de um milhão de pessoas.

  • Coulibaly ataca a coalizão de combate ao Estado Islâmico
  • A Praça da Nação também foi palco das manifestações
  • Imagem deste domingo na Praça da República em Paris: multidão grita

No primeiro domingo após o ataque ao semanário satírico Charlie Hebdo, 3,7 milhões de pessoas tomaram as ruas de Paris e das principais cidades da França em uma manifestação sem precedentes na história do país para repudiar o terrorismo.

Quarenta líderes marcharam juntos à frente da multidão na capital. Na primeira fila dos chefes de Estado, caminharam o presidente francês, François Hollande, a chanceler alemã, Angela Merkel, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, e o presidente da Autoridade Palestina, Mahmoud Abbas.

"Paris hoje é a capital do mundo", disse Hollande no palácio do Eliseu, antes de seguir para o ato público.

Após uma lenta caminhada de 400 metros, Hollande saiu da aglomeração de chefes de Estado e caminhou até o centro da praça Leon Blum para cumprimentar os familiares de cada um dos 17 mortos nos ataques terroristas da semana passada.

Hollande deu um longo abraço no médico Patrick Pelloux, um dos primeiros a chegar à redação do Charlie Hebdo após o massacre de 12 pessoas, na última quarta-feira.

A cena foi observada por parentes de vítimas que usavam faixas com a palavra "Charlie" na cabeça. Muitos choravam e se abraçavam.

O líder francês foi também, no fim do dia, à Grande Sinagoga de Paris, acompanhado pelo premiê israelense – que havia levado à capital francesa a mensagem de que Israel é um porto-seguro aos judeus. As vítimas do atentado ao mercado kosher serão sepultadas em Israel.

Segurança

O aparato de segurança contou com mais de 5 mil policiais. Atiradores de elite foram posicionados nos telhados, policiais à paisana se infiltraram no meio da multidão e dez estações de metrô foram fechadas na cidade.

Moradores de edifícios no boulevard Voltaire foram proibidos de sair às sacadas de seus apartamentos enquanto os líderes internacionais passavam por ali.

Metrôs e ônibus eram gratuitos em Paris. A organização situou o número entre 1,3 e 1,5 milhão de pessoas, enquanto muitos comentaristas afirmaram que a última vez em que os parisienses saíram tão massivamente às ruas foi em 1944, quando a cidade foi libertada da invasão nazista.

A manifestação de ontem foi um momento raro de reencontro de centenas de milhares de cidadãos comuns com os símbolos caros à história de seu país.

Na praça da República, os manifestantes se espremiam balançando bandeiras da França, exibindo cartazes com capas do Charlie Hebdo ou lápis e canetas, simbolizando a liberdade de expressão. Muitas reproduções eram de desenhos da publicação considerados ofensivos ao islã e que foram citados como motivo ao ataque.

A Marselhesa era entoada, aos gritos, espontaneamente numa reapropriação em massa do hino do país.

Em vídeo, terrorista diz agir em nome do EI

Em vídeo divulgado na internet ontem, Amedy Coulibaly reivindica ter assassinado a policial Clarissa Jean-Philippe na quinta-feira. Coulibaly também foi responsável pela invasão do supermercado judeu em Paris, onde manteve pessoas sob seu poder. Ele foi morto na ação policial que invadiu o estabelecimento, assim como quatro dos reféns.

Na filmagem, o homem diz ter cometido o crime "em nome do Estado Islâmico" e assegura ter coordenado suas ações com os irmãos Said e Chérif Kouachi, responsáveis pela morte de 12 pessoas no ataque à sede do jornal satírico Charlie Hebdo. Segundo ele, as ações foram tomadas em conjunto para ter mais impacto.

O vídeo, no qual Coulibaly se identifica como Abu Basir Abdala al Ifriqi, mostra o terrorista cercado por armas automáticas enquanto fala francês e árabe e tenta justificar os atentados.

Na gravação, ele ameaça os países que fazem parte da coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, que ataca a milícia radical Estado Islâmico no Iraque e na Síria.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]