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Crise na Bolívia

Oposicionistas bolivianos exigem a libertação do governador de Pando

O Comitê Cívico de Santa Cruz, uma das principais entidades da oposição boliviana, exigiu nesta terça-feira (16) a libertação do governador do estado de Pando, preso pelas Forças Armadas sob a acusação de ter massacrado trabalhadores rurais em meio aos protestos antigoverno na Bolívia.

"Exigimos a imediata libertação e que o MAS (partido do presidente Evo Morales) liberte todos os presos políticos presos durante o estado de sítio em Pando", disse Branko Marinkovic, presidente do comitê.

Ele também exigiu uma "investigação imparcial" dos crimes cometidos em Pando, com acompanhamento da imprensa e de organismos internacionais.

Fernández foi preso pelas Forças Armadas nesta terça em Cobija, capital de Pando, e levado a La Paz para ser julgado. Ele é acusado pelo presidente Evo Morales de ter ordenado um massacre de trabalhadores rurais que teria provocado ao menos 30 mortes e deixado centenas de feridos no estado, em meio à onda de violência que agitou o país na última semana.

Ele também é acusado de ter descumprido o estado de sítio que vigora na região desde a noite de sexta-feira. Cobija está sob controle militar, e vários líderes estaduais foram presos acusados de envolvimento nas mortes.

Em entrevista em La Paz minutos após a prisão de Fernández, Evo disse que ele vai ser julgado por "genocídio". Fernández nega todas as acusações.

A prisão ocorre num momento em que o governo federal e os governadores oposicionistas parecem se aproximar de uma trégua e um dia depois de os presidentes sul-americanos terem manifestado apoio à legitimidade do governo Evo contra os autonomistas.

'Nova Cuba'

Em entrevista à agência Reuters na segunda-feira, Fernández havia dito que manterá sua rebelião contra o presidente Evo Morales para evitar que o país se transforme em uma "nova Cuba".

Pando, com apenas 60 mil habitantes, registra os mais graves incidentes na atual fase dos conflitos.

O governador, de 56 anos, rejeitou as acusações de que seria o mandante da morte de pelo menos 25 camponeses partidários de Morales, na quinta-feira, nos arredores de Cobija, a capital regional.

"Aqui estou, nunca abandonei Cobija em momento algum. Quero dizer a Morales que já basta de mentiras ao povo, que investiguem realmente o que aconteceu e que não nos joguem a culpa por um massacre", disse o político do partido conservador Podemos.

Na madrugada de segunda-feira, dez pessoas foram presas em ações militares em Cobija, por suposta ligação com a morte dos camponeses. Armas foram apreendidas.

Segundo relato de sobreviventes à imprensa local, houve uma emboscada contra uma comitiva que participaria de uma assembléia política regional em favor de Morales.

De acordo com o governo nacional, funcionários do Departamento e pistoleiros participaram da ação, e pelo menos um dos agressores teria morrido no confronto.

Pando, uma região essencialmente agrícola, é um dos quatro departamentos bolivianos que se rebelaram violentamente contra a aprovação de uma nova Constituição socialista para o país.

"O governo de Morales quer instaurar um modelo como há em Cuba e na Venezuela, com um discurso do século passado", afirmou Fernández, aludindo aos estreitos laços que Morales mantém com os governos esquerdistas de Caracas e Havana.

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