O violento terremoto que matou centenas de pessoas no Peru causou danos irreparáveis a peças arqueológicas e monumentos naturais do departamento (estado) de Ica, a zona mais atingida pelo tremor, informou o Instituto Nacional de Cultura (INC) peruano. Além disso, prejudicou o acesso à região turística de Nazca, no sul do país.
Paredes dos museus de Ica e Paracas desabaram com o terremoto, informou Alfredo Gonzalez Barahona, diretor do INC em Ica. Segundo ele, os desabamentos causaram estragos em diversas peças arqueológicas e múmias de várias culturas pré-hispânicas - algumas com mais de 1.500 anos. Pelo menos cem peças sofreram danos "irreparáveis", disse Gonzalez.
Especialistas estão a caminho das províncias de Nazca e Chincha para determinar os estragos causados na região, mas as condições das estradas, que apresentam diversas rachaduras, dificultam o acesso.
Na Reserva Natural de Paracas, duas de suas principais formações rochosas, conhecidas como La Catedral e El Fraile, desmoronaram parcialmente. No caso de La Catedral, que abriga espécies ameaçadas de extinção, parte do arco e da abóbada ruíram.
- O Centro de Estudos também foi atingido e apresenta rachaduras nas paredes e tetos. Material biológico importante se perdeu - contou Oscar García Tello, chefe da reserva.
O terremoto atingiu ainda importantes templos. Em Cañete, 145 quilômetros a sudoeste de Lima, parte da Igreja de Coayllo, do século XVI, desmoronou. Em Pisco, a Igreja de São Clemente, do século XIII, foi reduzida a escombros. A torre principal, com $ário e parte da abóbada da Igreja do Senhor de Luren, padroeiro de Ica, também desabaram. O templo é do século XVI.
Pisco, que ficou conhecida pela bebida, um aguardente de uva, foi uma das cidades mais duramente atingidas. Em seus arredores está a Reserva Natural de Paracas. Já Ica é uma região entremeada por desertos e praias, e foi o centro de culturas pré-colombianas. A arquitetura lembra a colonização espanhola, e ainda há ruas estreitas com casas do século XVII.