O presidente Lula conversa com o premiê do Canadá, Stephen Harper, neste domingo (19) em Trinidad e Tobago| Foto: AFP

Em entrevista após o encerramento da Cúpula das Américas, neste domingo (19), em Trinidad e Tobago, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que não tem a intenção de transformar o país em um líder da América Latina. "A palavra liderança não é uma coisa simples assim. Nenhum país dá uma procuração para outro falar em nome dele", disse e completou: "Quem quiser ser líder de um grupo, de um continente, vai quebrar a cara".

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Lula disse que o Brasil e outros países da América Latina precisam ser mais independentes dos países ricos e ter mais "respeito" com eles mesmos.

"Nós precisamos ter respeito conosco mesmo para que os grandes nos respeitem. Nós não temos que ficar pedindo favor. (...) Precisamos começar a tomar conta dos nossos narizes. Precisamos parar de falar com essa mania de que somos pequenos, somos pobres, e que é preciso vir alguém nos ajudar. Nós precisamos até pedir financiamento, mas quem tem que tomar conta dos nossos problemas somos nós", disse. Ele citou o exemplo da narcotráfico da Colômbia e a participação dos Estados Unidos na questão.

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Lula disse acreditar que o Brasil já tem um papel diferente no cenário político internacional. "Essa era acabou. O Brasil subiu um degrau a mais, ou dois degraus, no multilateralismo. Eu gosto de respeitar todo mundo e acho bom que as pessoas nos respeitem."

Otimismo

Sobre a reunião dos países da América Latina, que neste ano contou com a presença do presidente norte-americano, Barack Obama, Lula ver o encontro com bastante otimismo. Ele destacou a nova relação entre Obama e o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. "É isso que me dá otimismo, de achar que pode ser criada uma nova dinâmica. Vamos ser francos, todo mundo esperava que Chávez e Obama fossem se atacar e o que aconteceu? Exatamente diferente ", disse.

Lula também comentou a ausência de Cuba no encontro. Disse acreditar que é o último em que o país não participará, mas que o Brasil não deve ser um intermediador entre o país e os EUA. "Os cubanos não estão pedindo para ninguém representá-los.(...) Não tem mais explicação para eles estarem fora."

Economia

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Questionado sobre as mudanças na poupança, que mencionou na última semana, Lula disse que o tema é "delicado", que está sendo analisado "com carinho" e que não adiantará detalhes para não gerar especulação.

"Nós precisamos fazer a diferenciação entre o pequeno poupador e aquele que quer fazer da poupança um investimento", afirmou Lula. "Nós não podemos permitir que a poupança sofra qualquer enfraquecimento e, ao mesmo tempo, não podemos permitir que as pessoas que mais necessitam dessa poupança criem desconfiança sobre esse instrumento financeiro tão importante."

Lula disse também que uma redução no valor dos combustíveis está sendo discutida, mas que tudo depende de um acordo com os estados. Segundo ele, já há diálogo entre o governo federal e os governadores para chegar a uma alternativa que compatibilize a receita dos estados. "Não queremos causar dano aos estados."

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