Romanelli, líder do governo (à esq,) e Veneri, líder da oposição| Foto: Montagem: Pedro Oliveira/Assembleia Legislativa

Num dia importante para o governo do Paraná na Assembleia Legislativa, em que será votado em definitivo o mais recente pacote de ajuste fiscal do Executivo, o tema ficou em segundo plano. O principal assunto desta segunda-feira (4) foram as acusações feitas pelo dono da construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, de que os recursos desviados de obras de escolas estaduais teriam sido usados para abastecer campanhas políticas do governador Beto Richa (PSDB) e de aliados dele.

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Líder da reduzida bancada de oposição na Casa, o deputado Tadeu Veneri (PT) cobrou dos colegas que assinem o pedido de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as denúncias que envolvem a Operação Quadro Negro. Iniciada há mais de um ano e meio, a tentativa de conseguir as 18 assinaturas necessárias para tirar a investigação do papel na Casa está estacionada em 13 apoios.

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Veneri, porém, afirmou que, ao contrário do que fizeram com o PT em relação à Operação Lava Jato, não irá julgar nem condenar os acusados pelo dono da Valor sem que sejam apresentadas provas contundentes. Mas ele ressaltou que as denúncias são extremamente graves. “Não vamos antecipar julgamentos, pois isso caberá ao Ministério Público e ao STF [Supremo Tribunal Federal]. Mas é evidente que é uma situação constrangedora, na qual vemos figuras que já apareceram no noticiário policial várias vezes: o primo Luiz Abi Antoun e o secretário da sogra fantasma, Ezequias Moreira”, criticou. “Por isso, peço aos parlamentares que assinem o pedido de CPI, para podermos ajudar a investigar se essa história é ou não verdade.”

Minimizando os ataques a Richa e ao governo, o líder do Executivo na Assembleia, Luiz Claudio Romanelli (PSB), disse ser previsível que Eduardo Lopes de Souza iria recorrer à delação premiada e que agora é papel do STF homologar ou não as denúncias. “O ex-governador [Roberto] Requião me ensinou que CPI é para acobertar ladrão. Quem investiga é o Ministério Público e quem pune é a Justiça. E ao final, os culpados serão punidos”, rebateu.

Questionado se as acusações podem conturbar o ambiente da Casa em meio à votação de projetos importantes para o Executivo, Romanelli garantiu que o processo legislativo seguirá seu ritmo regular. “O governo está bem estruturado, com um cronograma de obras definido e com equilíbrio financeiro. Não podemos perder isso.”

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Traiano evita assunto “caixa 2”

Acusado pelo dono da Valor de ter recebido “caixa 2” na eleição de 2014 oriundo do desvio de obras em escolas estaduais, o presidente da Assembleia, Ademar Traiano (PSDB), foi seco e ríspido ao ser indagado sobre o assunto antes da sessão desta segunda-feira. “A RPC tem esses documentos com o timbre da Procuradoria-Geral da República (PGR), que correm em segredo de Justiça no Supremo Tribunal Federal? Só vou me manifestar no momento em que vir se isso é verdadeiro, com o timbre da PGR. Não falo mais sobre esse assunto”, afirmou.

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Tiago Amaral fala em vingança por decisões do pai

Também citado como suposto beneficiário de “caixa 2” no pleito de 2014, o deputado estadual Tiago Amaral (PSB) disse que nunca esteve com Eduardo Lopes de Souza e sequer o conhece. Segundo ele, a única justificativa possível para ter o nome mencionado na delação seria o fato de o pai dele e presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR), Durval Amaral, ter suspendido pagamentos à Construtora Valor em junho de 2015 como conselheiro-relator do caso no órgão. “Só imagino que possa ser vingança, retaliação por essas decisões que comprometeram o esquema”, afirmou o parlamentar.