Verticalização no Cemitério Municipal São Francisco de Paula| Foto: Clarissa Grassi/Arquivo pessoal

Não à toa uma das denominações para nossos cemitérios é a de necrópole. A etimologia das palavras gregas nekrós (morto, cadáver) e pólis (cidade) coloca o espaço como a cidade dos mortos. Já a palavra cemitério, koimétêrion em grego, designa lugar para dormir. A acepção dessa remete à visão cristã do espaço de sepultamento como um local de descanso até o momento da ressurreição.

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Entre ruas e alamedas, muitas vezes entrecortadas pela avenida principal, existem os espaços de destaque, aqueles ocupados por famílias influentes em túmulos suntuosos; mas também há as áreas marginais, com construções mais simples e imbricados em relações de vizinhança. Diferentes estilos de vida e classes sociais estão representados em tipologias construtivas semelhantes às da cidade dos vivos.

A arte nos túmulos

O século XIX representou um período de muitas mudanças na visão da morte e do morrer. A consolidação do discurso higienista, que pregava medidas de saúde pública como parte de um processo civilizador, trouxe a preocupação em erradicar as constantes epidemias que assolavam as cidades.

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Há também os espaços de socialização, como o cruzeiro, no qual diferentes credos – auspiciados pela secularização do símbolo – realizam suas oferendas, rezam e interagem com outros frequentadores. Bairros, na melhor acepção do termo, delimitam esses agrupamentos de estilos e modismos. Eles são planejados ou ocupados por uma demanda de tempo e espaço. Trata-se de uma divisão visual e que muitas vezes passa despercebida pelo olhar acostumado a seguir em frente por ruas e calçadas.

Assim como a cidade dos vivos, a ocupação das necrópoles também sofreu mudanças drásticas ao longo do tempo. A última morada, que em séculos anteriores era ocupada por apenas um habitante, precisou dar espaço para o uso mais racional dos terrenos e também sofreu uma verticalização. As tipologias arquitetônicas, antes albergadas em art deco, ecletismo, neocolonial, modernismo e até mesmo paranismo, deram espaço para pequenos condomínios verticalizados.

O crescimento constante da cidade dos vivos estrangulou as possibilidades de expansão na necrópole, o que causou a valorização dos espaços, os quais estão cada vez mais raros e escassos. Onde habitava apenas um, agora estão mais dois, três. Como resolver o imbróglio dessa especulação territorial quando todos buscam paz e morada eterna? A solução foi sobrepor as unidades habitacionais, conhecidas como carneiras ou gavetas. Nascia assim o estilo mais marcante dos cemitérios curitibanos: o túmulo verticalizado.

As variações dessa tipologia construtiva podem ser percebidas com poucos exemplares. Há o bairro histórico, no qual os túmulos eram predominantemente verticalizados e formavam unidades em mármore, adornadas por esculturas; o bairro urbanizado, em que a abertura de ruas e novas quadras alterou as modalidades construtivas e do qual faz parte o jazigo capela, que traz o híbrido entre a função sacra (o pequeno oratório ao centro da construção) e a necessidade de uso de duas ou quatro carneiras lateralizadas.

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O túmulo verticalizado já se faz presente em todos os bairros, inclusive naquele que se pode aludir como o “Batel dos mortos”, onde estão concentradas as maiores e mais suntuosas construções tumulares: os mausoléus. A racionalização chegou para todos, ricos ou pobres. Para os casos em que não se pode usufruir de terrenos com até 107 metros quadrados, a verticalização foi o investimento disponível.

A diversidade dos materiais empregados denuncia a consolidação da tipologia há pelo menos 50 anos. Entre o pó de pedra, azulejos, granitos e rochas ornamentais de uso mais contemporâneo, o porcelanato já conquistou espaço nas novas construções. Na linha do horizonte, necrópole e polis misturam-se, devidamente racionalizadas e verticalizadas.

Lista de falecimentos - 30/08/2015

Adriano Sales, 25 anos. Profissão: auxiliar produção. Filiação: José Andreis Sales e Faustina Damaceno Félix Sales. Sepultamento ontem.

Angelina Scarselli Bertazzo, 86 anos. Profissão: técnico contabilidade. Filiação: Paulo Scarselli e Jovina Serra Scarselli. Sepultamento ontem.

Cyriaco Christoval Netto, 66 anos. Profissão: empreiteiro(a). Filiação: Cyriaco Christoval e Iracema Christoval. Sepultamento ontem.

Duzilia dos Santos Mendonça Ferreira, 88 anos. Profissão: diarista. Filiação: João Rodrigues Mendonça e Belina Maria dos Santos. Sepultamento ontem.

Edivino Batista Pavan, 65 anos. Profissão: mecânico. Filiação: Antônio Eduardo Pavan e Josefa Bega Pavan. Sepultamento ontem.

Elisabete Ul, 68 anos. Profissão: securitário(a). Filiação: Dario Ul e Dalila Ul. Sepultamento ontem.

Estagino Carneiro Cardoso, 73 anos. Profissão: encanador(a). Filiação: Lourenço Cardoso e Mercedes Carneiro. Sepultamento ontem.

Eulalio Torquato, 82 anos. Profissão: comerciante. Filiação: João Torquato e Amélia Mateus de Souza. Sepultamento ontem.

Felipe Pereira Simão Dias, 6 anos. Filiação: Carlos Roberto Silmao Dias e Roseli Pereira Garcia. Sepultamento ontem.

José Gonçalves, 89 anos. Profissão: comerciante. Filiação: Januario Gonçalves e Adelaide Pereira de Jesus. Sepultamento ontem.

Kazuko Higaskino, 84 anos. Profissão: do lar. Filiação: Saino Watanabe e Yasuji Watanabe. Sepultamento hoje, Crematório Vaticano, saindo da Capela Vaticano - Esmeralda.

Lúcia Maria Dala Rosa, 54 anos. Profissão: do lar. Filiação: João Dala Rosa e Wilma Egherle. Sepultamento ontem.

Luiz Fernandes de Oliveira Filho, 50 anos. Profissão: autônomo. Filiação: Luiz Fernandes de Oliveira e Terezinha Pereira de Oliveira. Sepultamento ontem.

Maria Tereza de Andrade Cano, 69 anos. Profissão: do lar. Filiação: Calixto Jorge de Andrade e Hermínia Afonso Andrade. Sepultamento ontem.

Maria Thereza da Silva, 74 anos. Profissão: doméstica. Filiação: Emílio Ivanovski e Maria Kalinovski Ivanovski. Sepultamento ontem.

Osvaldo Carneiro de Souza, 73 anos. Profissão: agente funerário. Filiação: Pedro Carneiro Magalhães e Otília de Souza. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal Bom Jesus dos Passos (Piraquara), saindo de Igreja Batista Getúlio Vargas.

Ricardo Cezar Pastega, 58 anos. Profissão: advogado(a). Filiação: Jacob Sérgio Pastega e Heliette Tancredo Pastega. Sepultamento ontem.

Ruth Carmem Anton, 78 anos. Profissão: do lar. Filiação: Ervino Strache e Emília Stracke. Sepultamento hoje, no Cemitério Municipal da Cidade de Origem, saindo de residência- Pien(PR).

Valter Roberto da Rocha, 62 anos. Profissão: médico(a). Filiação: Nelson José da Rocha e Maria Honoria. Sepultamento ontem.

Vitória Zanete Reus, 77 anos. Profissão: funcionário público estadual. Filiação: Afonso Zanete e Maria Vitali. Sepultamento ontem.