Virgínia deixa a prisão em 20 de março: "sou vítima da ignorância das pessoas sobre os procedimentos médicos"| Foto: André Rodrigues/Agência de Notícias Gazeta do Povo

A médica Virgínia Helena Soares de Souza deixou, na tarde desta quarta-feira (20), o Centro de Triagem I (CT-I), em Curitiba, onde estava presa desde o dia 19 de fevereiro. Ela foi posta em liberdade por determinação da Justiça, que atendeu pedido da defesa da médica. Virgínia é acusada de envolvimento em uma série de mortes de pacientes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico de Curitiba, mas vai responder pelos crimes em liberdade.

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Por volta das 16h10 desta quarta-feira, Virgínia cruzou o portão do CT-I, acompanhada de seus advogados. Bem vestida e maquiada, a médica aparentava abatimento. Ela percorreu o curto trajeto até o carro de cabeça baixa e não conversou com os repórteres que aguardavam sua saída da prisão.

Virgínia foi detida temporariamente no início das investigações. Uma semana depois, a Justiça converteu a prisão em preventiva. Na última semana, o advogado dela, Elias Mattar Assad, entrou com o pedido de liberdade, que foi aceito nesta quarta-feira pelo juiz Daniel Surdi de Avelar.

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Em nota encaminhada por sua assessoria de imprensa, o advogado Elias Mattar Assad disse que "não é a primeira vez que a ignorância aprisiona a ciência, nem será a última que a ciência libertará a ciência". O defensor acrescentou que, com a liberdade de Virgínia, vai "mobilizar meios científicos" para tomar medidas com vistas a trancar a ação penal.

Mortes em UTI

Na última semana, a Justiça aceitou denúncia criminal oferecida pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) contra oito profissionais de saúde que são ou foram ligados ao Evangélico. Eles são acusados – cada um, a seu tempo – de envolvimento em sete mortes ocorridas na UTI Geral do hospital, entre 2006 e janeiro deste ano.

Dos denunciados, a única que permanecia presa era a médica Virgínia Helena Soares de Souza.

Segundo a denúncia do MP-PR, os profissionais da saúde abreviaram a vida dos pacientes com o objetivo de "girar a UTI", ou seja, de abrir novas vagas no centro médico. Segundo o documento, os acusados agiariam como se tivessem o poder de decretar quais pacientes teriam o direito a permanecer vivos no centro médico.

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Além de Virgínia, também foram denunciados por homicídio os médicos Maria Israela Cortez Boccato; Edison Anselmo da Silva Júnior; e Anderson de Freitas; e as enfermeiras Patrícia Cristina de Goveia Ribeiro e Lais da Rosa Groff.

Outras duas pessoas foram denunciadas pelo crime de formação de quadrilha - a fisioterapeuta Carmencita Emília Minozzo e o enfermeiro Claudinei Machado Nunes – mas elas não chegaram a ser presas.

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