A médica Virgínia Helena Soares de Souza deixou, na tarde desta quarta-feira (20), o Centro de Triagem I (CT-I), em Curitiba, onde estava presa desde o dia 19 de fevereiro. Ela foi posta em liberdade por determinação da Justiça, que atendeu pedido da defesa da médica. Virgínia é acusada de envolvimento em uma série de mortes de pacientes na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Evangélico de Curitiba, mas vai responder pelos crimes em liberdade.
Por volta das 16h10 desta quarta-feira, Virgínia cruzou o portão do CT-I, acompanhada de seus advogados. Bem vestida e maquiada, a médica aparentava abatimento. Ela percorreu o curto trajeto até o carro de cabeça baixa e não conversou com os repórteres que aguardavam sua saída da prisão.
Virgínia foi detida temporariamente no início das investigações. Uma semana depois, a Justiça converteu a prisão em preventiva. Na última semana, o advogado dela, Elias Mattar Assad, entrou com o pedido de liberdade, que foi aceito nesta quarta-feira pelo juiz Daniel Surdi de Avelar.
Em nota encaminhada por sua assessoria de imprensa, o advogado Elias Mattar Assad disse que "não é a primeira vez que a ignorância aprisiona a ciência, nem será a última que a ciência libertará a ciência". O defensor acrescentou que, com a liberdade de Virgínia, vai "mobilizar meios científicos" para tomar medidas com vistas a trancar a ação penal.
Mortes em UTI
Na última semana, a Justiça aceitou denúncia criminal oferecida pelo Ministério Público do Paraná (MP-PR) contra oito profissionais de saúde que são ou foram ligados ao Evangélico. Eles são acusados cada um, a seu tempo de envolvimento em sete mortes ocorridas na UTI Geral do hospital, entre 2006 e janeiro deste ano.
Dos denunciados, a única que permanecia presa era a médica Virgínia Helena Soares de Souza.
Segundo a denúncia do MP-PR, os profissionais da saúde abreviaram a vida dos pacientes com o objetivo de "girar a UTI", ou seja, de abrir novas vagas no centro médico. Segundo o documento, os acusados agiariam como se tivessem o poder de decretar quais pacientes teriam o direito a permanecer vivos no centro médico.
Além de Virgínia, também foram denunciados por homicídio os médicos Maria Israela Cortez Boccato; Edison Anselmo da Silva Júnior; e Anderson de Freitas; e as enfermeiras Patrícia Cristina de Goveia Ribeiro e Lais da Rosa Groff.
Outras duas pessoas foram denunciadas pelo crime de formação de quadrilha - a fisioterapeuta Carmencita Emília Minozzo e o enfermeiro Claudinei Machado Nunes mas elas não chegaram a ser presas.
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