A presença do governador Beto Richa (PSDB) no Colégio Estadual Amâncio Moro, no Jardim Social, para as eleições de primeiro turno, no domingo (2) , foi embalada por um protesto recorrente de um mecânico, um sargento do Exército e um analista de desenvolvimento. Todos receberam do próprio governador a promessa de convocação do Curso de Formação de Soldado Policial Militar de um edital de 2012 A garantia é sempre a mesma, de acordo com os manifestantes.
Gabriel Iurck, Felipe Crovador e Airson José Negro Junior são da terceira turma do concurso, a última e única “em aberto”, e representam as indignações de cerca de três mil aprovados. O prazo final de convocação se esgota em fevereiro de 2017. Eles temem perder o que conquistaram mediante 120 mil concurseiros – foi a maior prova da história da PM no Paraná.
“Já falei com Tortato [Coronel Maurício Tortato, comandante-geral da Polícia Militar do Paraná]. Vamos resolver. Quero chamar, mas estou com a luz acesa no limite”, disse ao grupo o próprio governador, pouco antes de se dirigir à seção eleitoral.
Negro Junior, de 32 anos, é um dos mais atuantes do movimento. Ele segue o governador nos eventos públicos e conta nos dedos as promessas de que “não há previsão orçamentária por parte do governo do estado”. “Nós viemos aqui informar ao governador do vencimento. Precisamos de uma garantia oficial, ele precisa retificar o resultado. São três mil aprovados, estamos esperando”, afirmou à Gazeta do Povo no dia da eleição. “Temos um vídeo dele afirmando que a não-convocação é uma injustiça. Que ele não faria isso conosco”, prossegue.
Protesto
Segundo o trio, depois do segundo turno, em 30 de outubro, os aprovados pretendem fazer uma manifestação cobrando medidas mais efetivas do governo do estado. “O prazo que o governador nos deu vai vencer. Oficialmente, não temos nada. São mais de três mil aprovados esperando resposta em todo o Paraná”, afirmou Negro Junior .
Iurck, de 33 anos, explica o trâmite. “São entre 2.900 e 3.100 aprovados no concurso e mais 110 suplentes atrasados em todas as etapas, restantes da segunda turma. Eles estão na mesma situação. O edital do concurso não nos respalda em nada. Nosso objetivo junto ao governo é a retificação do edital. Não importa se a convocação ficar para 2017 ou 2018, o que não pode é ele não chamar”, afirma. “O concurso se encerraria mediante o chamamento da segunda turma. Mas colocamos pressão no governo, que prorrogou o prazo. Só que agora consta no edital que não há mais prazo para prorrogação. Depois disso o governo virou as costas e não chamou mais ninguém.”
“Também já tivemos desistências e os que não conseguiram superar etapas da formação. E mesmo assim o governo não liberou o edital de desistências e exclusões, senão teria que chamar os suplentes”, destaca Iurck.
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Segundo o mecânico, mil vagas já são suficientes para completar o edital: “alguns já desistiram ou deixaram de acompanhar. E também não têm mais o físico preparado para as próximas etapas”.
“Em andamento”
O governo convocou duas turmas de 2.223 alunos com atraso e mediante ordens judiciais. No site da PM, o edital consta com a informação “em andamento”. Também não há previsão de uma nova prova.
Segundo o grupo, como agravante o Paraná sofre ainda com defasagem de policiais militares, e a convocação seria primordial para amenizar esse quadro. “A Secretaria de Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná (Sesp) nos informou que são em torno de 800 baixas por ano e que a convocação de novos soldados só acontece a cada dois anos. Há um desequilíbrio”, conta Negro Junior, analista de desenvolvimento.
Procurada, a Sesp informou que essa demanda é responsabilidade da PM. Já a Polícia Militar se manifestou por meio de nota. “Há um estudo envolvendo a Polícia Militar (PMPR), a Secretaria de Secretaria de Segurança Pública (SESP), a Secretaria da Administração e da Previdência (SEAP), a Secretaria da Fazenda (SEFA) e a Governadoria para saber da viabilidade do chamamento de uma terceira turma”.
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