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Curitiba

Câmara vai ouvir vítimas de ação da PM no Bairro Alto

Os moradores do Bairro Alto, de Curitiba, que denunciaram supostos excessos cometidos por policiais militares em uma abordagem realizada no último fim de semana devem ser ouvidos pela Câmara Municipal. A Comissão de Segurança Pública da casa convocou os denunciantes a prestarem depoimento na próxima terça-feira (4). A ação policial ocorreu no início da noite de sábado (24) e terminou com 11 pessoas presas. Os moradores denunciaram os policiais por abuso de autoridade, agressão, tortura e racismo.

Segundo nota divulgada pela Câmara de Curitiba, representantes da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) e o comandante-geral da Polícia Militar (PM), o coronel Roberson Luiz Bondaruk, também serão chamados para depor. A comissão reúne os vereadores Tico Kuzma (PSB), Algaci Tulio (PMDB), Dirceu Moreira (PSL), Edson do Parolin (PSDB) e Pedro Paulo (PT).

O caso

Segundo a PM, a ação começou depois que uma equipe flagrou um motociclista sem capacete fazendo manobras perigosas na Rua Rio Guaíba, no Bairro Alto, por volta das 19 horas de sábado (24). O motoqueiro teria desobedecido a ordem de parar e entrado em uma casa. Moradores da casa negam que tenham havido perseguição e afirmam que o rapaz apenas estava com a moto ligada, mas parada, em frente à residência.

A ação desastrosa teria começado a partir desta abordagem. De acordo com moradores e vizinhos, policiais militares invadiram a casa e agrediram várias pessoas, entre elas uma idosa de 74 anos e uma adolescente portadora de deficiência física. Vídeos gravados por vizinhos mostram o grande número de viaturas paradas em frente à residência e uma aglomeração de policiais e moradores.

Em um vídeo divulgado pela Associação Brasileira dos Advogados Criminalistas (AbraCrim) e entregue ao Gaeco, seis pessoas afirmam ter sido agredidas. As imagens também mostram vários cômodos da casa e peças de roupas sujos de sangue, após a ação policial. Também é possível ver um pedaço de cassetete, possivelmente usado pelos policiais.

Onze pessoas foram presas, entre elas a advogada Andréia Cândidos Vítor. Ela afirma ter sido levada com outros três suspeitos a um módulo policial, na Praça da Liberdade, onde os quatro teriam sido agredidos com tapas no rosto e pontapés. Ela ainda teria sido vítima de injúria racial.

Na descrição da ocorrência, os policiais afirmam que foram hostilizados por moradores e que precisaram usar armas não letais, como teasers e bastões. Eles descrevem que as viaturas foram recebidas a pedradas, mas em nenhuma das imagens apresentadas é possível comprovar esta versão.

Na quinta-feira (29), dois oficiais da PM foram identificados e afastados de suas funções. O caso também é investigado pelo Grupo Especial de Atuação e Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Paraná (MP-PR).

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