Casa à venda: local traz lembranças dolorosas para a família da menina Rachel| Foto: Daniel Dereveki/Gazeta do Povo

Audiência pública e ONG

Na sexta-feira, a Câmara Municipal de Curitiba realiza, às 14 horas, uma audiência pública contra a pedofilia. O evento deve servir para a deflagração da campanha "Denuncie toda forma de violência contra a criança e o adolescente". A iniciativa é da Comissão de Segurança Pública da Casa. No evento, o pai de Rachel Genofre, Michael Genofre, também lançará a ONG "Basta de Pedofilia" – uma iniciativa dele, de familiares e amigos.

Foram convidados para a mesa de debate que ocorrerá durante a audiência: a Secretaria de Estado da Segurança Pública, a Secretaria de Estado da Criança e Adolescente, a Fundação de Ação Social, o Sicride, Conselhos Tutelares, o Ministério Público e representantes da frente parlamentar em defesa dos direitos da criança e do adolescente, da Câmara Federal. Em um segundo momento, será aberta a palavra para que entidades representantes da sociedade civil apresentem sugestões tanto para ações da campanha como para que sejam efetivadas pelo Executivo e pelo Legislativo.

Serviço:

A audiência pública será no dia 5 de dezembro, das 14 às 17 horas, no auditório do anexo II, 4º andar, da Câmara Municipal.

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O crime que chocou o país completa hoje um mês. Neste período, o saldo é de dois suspeitos descartados, várias linhas de investigação em curso e nenhuma resposta efetiva da polícia. Há exatos 30 dias, a menina Rachel Genofre, 9 anos, foi vista pela última vez quando saía do colégio em que estudava, o Instituto de Educação do Paraná (IEP), no Centro, por volta de 17h30. A menina ia e voltava todos os dias sozinha de ônibus para a casa em que morava, na Vila Guaíra.

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De acordo com o laudo do Instituto Médico-Legal (IML), Rachel sofreu violência sexual e foi morta por asfixia entre as 20 horas e meia-noite do dia em que desapareceu. Cerca de 30 horas depois do desaparecimento, o corpo da garota foi encontrado dentro de uma mala, deixada embaixo de uma escada, na Rodoferroviária de Curitiba, com os pulsos amarrados.

O crime, que parece ter sido premeditado, ainda é um desafio sem solução para a polícia. Não se sabe ao certo como o assassino teria se aproximado da menina, o local usado para a prática do crime e como alguém conseguiu deixar uma mala com um corpo em um local de tanto movimento sem deixar vestígios. Nem sequer um suspeito principal existe, de acordo com as informações divulgadas pela polícia até agora.

Esperança

De acordo com o delegado-chefe do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), Miguel Stadler, o caso Rachel não foi esquecido pela polícia. "Nós continuamos com várias equipes trabalhando exclusivamente no caso e temos a esperança de conseguir encontrar o assassino. Temos várias linhas de investigação, que estão sendo checadas ao máximo", diz. "Só não posso dar mais detalhes da investigação para não atrapalhar", afirma.

Se para a polícia é difícil encontrar os vestígios deixados pelo assassino, para os familiares e amigos da Rachel as marcas do crime brutal ainda estão por todos os lados. A família materna de Rachel preferiu o silêncio. A mãe da menina, Maria Cristina Lobo Oliveira, falou apenas uma vez sobre o caso, em uma entrevista para o Fantástico, no dia 9 de novembro. Depois, não mais: preferiu o isolamento. A casa em que ela morava com a filha, o irmão e o avô da Rachel, está toda fechada e foi colocada à venda. Os vizinhos dizem não saber o paradeiro da família. "A decisão foi de sair da região porque estavam se sentindo muito expostos. O bairro traz lembranças ruins e eles querem seguir em frente. Estamos todos tentando voltar ao normal, voltar ao trabalho", explicou o ex-marido de Maria Cristina e pai de Rachel, Michael Genofre.

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Ao contrário de Maria Cristina, Michael Genofre preferiu dar vazão à dor falando. "Nós decidimos centralizar o atendimento à imprensa em mim", explica. Michael também resolveu investir no movimento social. Na sexta-feira, em uma audiência pública, na Câmara Municipal, ele deve lançar a ONG "Basta de Pedofilia". "A ONG é um instrumento para falar de forma institucional e também para fortalecer a rede de prevenção e proteção da criança", explica. Em relação ao trabalho da polícia, Michael ainda se diz confiante. "Este caso é um desafio para a polícia. Não há sequer pistas da localização da malinha da escola, do troféu e de algumas peças de roupas, mas temos que ter confiança e deixá-los mostrar competência", afirma.

Os amigos de Rachel continuam chocados também. Ana (nome fictício), 9 anos, morava perto de Rachel e costumava brincar junto com a menina. De acordo com a tia dela, a auxiliar de enfermagem Maria Inês de Souza, 43 anos, tudo mudou desde a morte de Rachel. "A minha sobrinha ficou traumatizada. Está indo a um psicólogo, chora o tempo todo e não quer falar no assunto. Ela quer esquecer que era amiga da Rachel", conta.

Na escola em que Rachel estudava, a dor ainda é aparente. "Todos ainda estão chocados, mas estamos tentando levar. Tudo que podemos fazer para minimizar a dor, fazemos. Estamos trabalhando com palestras sobre segurança, envolvendo os alunos para ajudar os desabrigados de Santa Catarina", diz o diretor do IEP, Frederico Mello. De acordo com ele, desde a tragédia os pais estão mais conscientes. "Eles têm acompanhados mais os filhos na entrada e saída do colégio", afirma.