A Polícia Civil está mobilizada para encontrar pistas que levem ao assassino de Rachel Maria Lobo de Oliveira Genofre, de 9 anos. O corpo da menina, que estava desaparecida desde segunda-feira, foi encontrado dentro de uma mala na Rodoferroviária de Curitiba na madrugada de ontem.
O computador que a menina usava para se comunicar com outras pessoas via internet será periciado. O lençol que envolvia o corpo no momento em que foi achado também passará por uma análise. Segundo a polícia, há indícios de que o lençol pertence a um hotel .
O corpo da menina, vestido apenas com a camiseta azul do uniforme do colégio, estava ensagüentado e tinha sinais de violência sexual e de estrangulamento. O sepultamento será hoje, às 10 horas, no Cemitério Municipal do Santa Cândida.
A menina cursava a 4ª série do Ensino Fundamental, no Instituto de Educação do Paraná (IEP), no Centro, e morava na Rua Augusto de Mari, na Vila Guaíra, com a mãe, o avô e um irmão menor. Geral-mente, Rachel usava o ônibus Dom Ático para ir e voltar da escola. Fazia o trajeto sozinha. De acordo com a polícia, desde segunda-feira, depois que saiu do colégio, por volta de 17h30, Rachel não tinha sido mais vista. A polícia não sabe, ainda, se a menina chegou a pegar o ônibus na Praça Rui Barbosa. Mas usuários da linha e o motorista afirmam que não viram a menina no horário em que ela voltava para casa.
Desde segunda-feira, o caso estava sendo investigado pelo Serviço de Investigação de Crianças Desaparecidas (Sicride). Na noite de terça-feira, por volta de 20 horas, uma família indígena oriunda de Ortigueira, Centro-Oeste do estado, que há duas semanas habitava a parte de baixo de uma das escadarias do bloco estadual da Rodoferroviária, notou a presença de uma mala estranha.
De acordo com o relato da índia Neusa Lucas, 19 anos, ela estava deitada no local com o filho Josiel, de 10 meses, quando notou a mala. "Achei que alguém tivesse deixado ali, mas esperei que viessem buscar depois. Achei que era roupa", afirma. Quando o pai de Neusa chegou, tentou arrastar a mala, mas não conseguiu, pois estava pesada. Estranhando a bagagem, chamou um vigilante.
De acordo com o administrador da Rodoferroviária, Jair José Carvalho, quando o fiscal chegou ao local, adotou o procedimento padrão para encontro de malas. "Ele abriu para tentar identificar o que era e de quem era", explica. Ao ver o corpo da menina, o fiscal fechou a mala e chamou a Polícia Militar (PM). Às 2h30 de quarta-feira o corpo de Rachel foi levado ao Instituto Médico-Legal.
A necropsia revelou que a menina sofreu abuso sexual. Foram constatadas também marcas de mordidas. A causa da morte, segundo o IML, foi asfixia, e o horário da morte de Rachel, segundo o exame, foi entre 24 e 36 horas antes da entrada do corpo no Instituto.
De acordo com o delegado da Delegacia de Homicídios, Naylor Robert de Lima, as imagens de câmeras da Rodoferroviária e da área central, próxima ao colégio de Raquel, já foram requisitadas. "Vamos ver se conseguimos identificar algo nessas imagens", afirma. O trabalho da polícia deve ser dificultado pelo fato de que na Rodoferroviária as câmeras existentes estão voltadas para os pontos de táxis. De acordo com a Urbs, que administra o terminal, uma licitação foi aberta em setembro para aquisição de câmeras de segurança. A previsão era concluir o processo de compra do equipamento neste mês.
Ontem, o pai de Rachel, o estagiário de secretariado executivo Michael Genofre, foi ouvido pela polícia. Já a mãe de Rachel, a professora da rede municipal Maria Cristina Lobo Oliveira, ainda não foi ouvida. Os pais de Rachel são separados, mas, segundo testemunhas, tinham uma convivência pacífica.
De acordo com Lima, nenhuma hipótese está descartada, por enquanto.