Marcha dos professores reuniu milhares| Foto: Brunno Covello/Agência de Notícias Gazeta do Povo

Caixa Zero: Em nome dos R$ 8 bilhões, Richa pode negociar tudo no pacote, menos a previdência

O governo estadual recuou de vários itens do "pacotaço" enviado à Assembleia, em sua maioria iniciativas que retiravam benefícios do funcionalismo. Mas, há uma coisa de que o governador Beto Richa (PSDB) não vai abrir mão...

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O jeito é acampar

Caravanas de diversos municípios chegam a Curitiba desde a segunda-feira (9) e muitos de seus integrantes levantaram acampamento em frente ao Palácio Iguaçu para poder participar do ato contra o "pacotaço" até o fim. É o caso de Suelem Bitencourt, de 24 anos, e Lauri Luiz Toassi, de 54, que vieram do município de Dois Vizinhos, no Sudoeste do Paraná. Eles chegaram no início da manhã de segunda e desde então estão acomodados como podem em barracas junto com outros colegas de caravana.

"Nós vamos ficar aqui até o fim. A causa vale o esforço", resume Suelem, parte dos 29 mil professores temporários demitidos em 2014 e cujas férias e rescisão ainda não foram pagos.

"Eu já acampei aqui nesse mesmo lugar em 1989, na greve dos 96 dias. Mas agora conseguimos ter um governador pior do que o Álvaro Dias (naquela época PMDB, mas hoje PSDB)", lamentou Toassi, que já contabiliza 30 anos de magistério. Segundo ele, nunca a categoria foi tão desvalorizada.

A indignação é o principal motivador daqueles que encararam quilômetros de estrada até a capital e agora estão acampados. "Muitas promessas não foram cumpridas, e agora com esses cortes anunciados é difícil encontrar motivação para ingressar ou se manter no magistério. Temos que lutar para não retroceder", diz Claudio Eduardo Kramar, de 41 anos, 18 dos quais em sala de aula. Ele mora em Curitiba, mas mesmo assim acampou na noite de segunda para terça-feira, para recepcionar as caravanas que chegaram durante a madrugada e pela manhã.

Expectativa dos professores é a de reunir ao menos 30 mil trabalhadores nesta terça-feira (10) em frente à Assembleia Legislativa
Agentes penitenciários estiveram na praça para uma assembleia no início da manhã
Protesto vai contar com muitas faixas, de várias escolas do estado
Sombrinha e guarda-sol foram itens obrigatórios para enfrentar o calor que faz em Curitiba
Categoria dos professores é a que mais
Painel colocou deputados como
Segurança está reforçada em frente à Assembleia
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Dezenas de ônibus de todo o Paraná chegaram desde a manhã desta terça-feira (10) ao Centro Cívico, em Curitiba, para participar do segundo dia de protestos contra o chamado "pacotaço" enviado à Assembleia Legislativa pelo governo do estado e que, em sua versão original, incluía a extinção de benefícios concedidos ao funcionalismo público.

Veja as imagens do segundo dia de protesto dos professores

Caravanas de Arapongas, São Matheus do Sul, Quedas do Iguaçu, Campo Mourão, Jandaia do Sul, Maringá, Ponta Grossa, Cascavel, Francisco Beltrão e Telêmaco Borba já chegaram ao Centro Cívico. Por enquanto, segundo a APP-Sindicato, cerca de dez mil pessoas estão reunidas em frente à Assembleia Legislativa, mas a expectativa é de que mais de 20 mil pessoas compareçam ao ato.

Pela manhã, o fórum de entidades sindicais, formado por 16 sindicatos de servidores públicos do funcionalismo do Paraná, se reuniu com o líder do governo na Assembleia, deputado Luiz Cláudio Romanelli (PMDB) para discutir os dois projetos.

A APP-Sindicato disse que, apesar das mudanças nas iniciativas, anunciadas pelo governo e noticiadas pela imprensa, a categoria continua em greve.

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"O recuo do governo não resolve vários outros pontos dos projetos que prejudicam a carreira dos servidores. Não vamos desmobilizar", disse a professora Rose Mari Gomes, representante sindical. A categoria é contrária ao projeto que mexe no caixa da previdência estadual, considerado o mais importante pelo governo.

Arnaldo Vicente, diretor estadual da APP, sediado em Londrina, disse que o governo do estado não abriu negociação para melhorias estruturais dos colégios e a contratação de mais profissionais. Este também é um dos motivos para a greve, segundo ele. "Enquanto não for aberta negociação para isso, a greve continua", concluiu.

Acesso

Os professores e outros servidores estaduais poderão acompanhar a votação do pacote de austeridade do governo Beto Richa (PSDB) nas galerias da Assembleia Legislativa. Após reunião com representantes do Fórum das Entidades Sindicais (FDE), a direção da Assembleia liberou a entrada de 450 manifestantes.

As vagas serão divididas da seguinte maneira: 100 para os professores estaduais, 50 para os professores universitários e as demais para as outras categorias.

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A sessão em que será iniciada a votação do "pacotaço" está marcada para as 14h30. Na segunda-feira (9), professores tiveram dificuldades para acompanhar os trabalhos. O processo foi tumultuado e lento, culminando com a entrada de menos pessoas que a capacidade da galeria.

Deputados são alvo de painel

Erguido em frente à entrada da Assembleia Legislativa, um grande painel montado pela APP-Sindicato mostra quais deputados declararam-se contrários ao "pacotaço", quais votarão a favor das medidas de austeridade e quais ainda não se pronunciaram sobre o tema. Entre os "inimigos da educação" estão os deputados Luiz Claudio Romanelli (PMDB), Nelson Justus (DEM), Élio Rusch (DEM) e Ademar Traiano (PSDB). De acordo com o painel, dezoito deputados votam contra os projetos de lei e 32 não declararam voto.

Mais uma categoria analisa entrar em greve

Nesta manhã, o sindicato que representa os agentes penitenciários (Sindarspen) decidiu, em assembleia em frente ao Palácio Iguaçu, que entrará em greve caso o "pacotaço" seja aprovado pelos deputados. A decisão foi tomada após uma reunião da categoria com a cúpula da Secretaria da Segurança do Paraná.

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Governo recua

Pressionado por servidores e deputados da própria base aliada, o governo do Paraná recuou em pelo menos três pontos do pacotão de medidas "amargas" anunciado na semana passada. Com isso, não devem mais ir à votação na Assembleia Legislativa propostas que alterariam benefícios remuneratórios de servidores, como progressões, o quinquênio e o anuênio.

A base governista na Assembleia, porém, manteve a decisão de votar hoje os dois projetos de lei sob o regime de comissão geral, o chamado "tratoraço".

Primeiro dia

O primeiro dia da greve dos professores da rede estadual foi marcado por explicações nas escolas e forte mobilização no Centro Cívico. Mesmo sem dar aulas, muitos professores e funcionários foram até as escolas em que trabalham para recepcionar pais e alunos, explicando para todos as razões da greve. "Não é gostoso fazer greve, mas nesse momento é necessário", disse Marlei Fernandes, secretária da APP-Sindicato.

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Enquanto isso, milhares de profissionais da categoria se concentraram na Praça Nossa Senhora de Salete, no Centro Cívico, de frente para o Palácio Iguaçu, sede do governo estadual, e da Assembleia Legislativa do Paraná. Desde o começo da segunda-feira (9), diversos ônibus chegavam do interior do estado trazendo os professores para a capital. Inicialmente, haveria uma audiência pública dentro da Assembleia, mas desde as 9h, os professores enfrentavam dificuldades para entrar na "Casa do Povo".

Os professores tiveram de "brigar" para entrar na assembleia, onde queriam acompanhar a sessão da casa, que aprovou o regime de comissão geral, o chamado tratoraço, para aprovar os projetos de lei enviados pelo executivo. No início da tarde, 300 grevistas chegaram a ser liberados para entrar no plenário da casa. No entanto, o acesso deles ainda foi lento e, por vezes, interrompido, o que causou irritação. Apenas perto de 50 professores conseguiram entrar na Assembleia. Eles se somaram aos outros 80 educadores que haviam entrado no local para acompanhar uma audiência pública que discutiria a previdência, mas que acabou sendo cancelada. Durante a manhã, os portões da Casa foram fechados para impedir a entrada dos grevistas no local.

Outras categorias

A manifestação dos professores em frente à Assembleia recebeu uma série de "participações especiais" ao longo da segunda-feira (9). Representantes de outros sindicatos subiram ao carro de som para dar apoio ao ato. No protesto de ontem, servidores da saúde municipal (Sismuc), do poder Judiciário estadual (Sindijus), dos agentes penitenciários (Sindarspen), dos servidores do MP-PR e dos engenheiros (Senge) manifestaram solidariedade à causa dos docentes.

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