Shopping, creches e escolas também são alagados
Cinco escolas da rede municipal de Curitiba amanheceram alagadas ontem e tiveram de cancelar as aulas. A chuva impediu as aulas na Escola Municipal Vila Torres. O Rio Belém, que passa ao lado do terreno da instituição, alagou atingindo o pátio e o térreo do prédio.
Mais de 1,8 mil problemas
O forte temporal que atingiu Curitiba, região metropolitana e Litoral na quinta-feira foi responsável por 1.803 ocorrências registradas em serviços de emergência municipais e estaduais. Foram casos de alagamentos, quedas de árvores, riscos de desabamento, semáforos desligados e falta de fornecimento de luz, entre outros. Reflexos dos estragos causados pela chuva ainda eram perceptíveis ontem em várias regiões da cidade. Equipes do Corpo de Bombeiros, Defesa Civil, Copel, Diretran e das secretarias municipais do Meio Ambiente e de Obras Públicas trabalharam durante toda a sexta-feira para solucionar os problemas pendentes.
Chuva causou vários estragos em Curitiba
- RPC TV
No bairro, protesto e indignação
A inundação de diversos bairros da cidade levou Curitiba a viver um dia de muitos protestos ontem. Manifestações populares foram realizadas no Uberaba, no Capão Raso, na Cidade Industrial de Curitiba, no Campina do Siqueira e na Fazendinha. Os moradores exigiam agilidade do poder público na dragagem dos rios localizados nesses bairros.
Temporais mataram oito no RS e em SC
Os temporais que atingem o Rio Grande do Sul desde o início da semana mataram mais duas pessoas entre a noite de quinta-feira e a tarde de ontem. As vítimas são um homem de Cidreira, no litoral norte, e uma mulher de Candelária, na região central. Elas se somam às cinco que morreram na quinta-feira em Porto Alegre (2), Canoas (2) e Capivari do Sul (1).
A tempestade que atingiu Curitiba na quinta-feira deixou duas pessoas desaparecidas e outros dois feridos. O Corpo de Bombeiros encontrou o corpo de um homem, ontem à noite, em Araucária, na região metropolitana, que pode ser de um dos desaparecidos. A confirmação só deve ocorrer hoje, após atuação do Instituto Médico-Legal (IML).
Os noivos Fabio Baggio e Lisiane Brito ocupavam um dos três carros que caíram numa ponte localizada na Rua Eduardo Sprada, no bairro Campo Comprido. A ponte foi arrancada de um riacho que desemboca no Rio Barigui e um grande buraco se abriu. A Eduardo Sprada ainda estava interditada até a noite de ontem, sem previsão de liberação.
O corpo foi avistado por populares na beira do Rio Iguaçu, embaixo da ponte do Rio Guajuvira, em Araucária; eles o amarraram e chamaram os bombeiros. O resgate ocorreu por volta das 19 horas, quando as buscas já estavam sendo encerradas pelo dia. "A idade da vítima é semelhante àquela que o corpo aparentava, por isso trabalhamos com a hipótese de que seja o rapaz que desapareceu no Mossunguê", disse o sargento Reginaldo Lechenakoski, do Corpo de Bombeiros.
O sargento afirmou que a força da correnteza por causa da chuva pode ter levado o corpo até Araucária. O corpo foi encontrado no Rio Iguaçu, onde desemboca o Barigui. Os ocupantes do Peugeot e do Celta que também caíram no rio conseguiram sair dos veículos e foram encaminhados ao hospital.
Estragos
Os estragos causados pela chuva de quinta se espalharam por toda a cidade de Curitiba, pela região metropolitana e por municípios do Litoral. Centenas de pessoas que moram em áreas de invasão às margens de rios e córregos na periferia de Curitiba passaram o dia de ontem retirando a lama de dentro de casa.
No Bolsão Ulisses Guimarães, região do Pinheirinho, o temporal da noite anterior fez transbordar o Ribeirão dos Padilha até invadir os casebres. Um grande volume de terra do condomínio particular que está em obras nas imediações foi arrastado pelas águas e se espraiou pelas residências. Paredes foram transformadas em escombros, móveis viraram entulho. As famílias que não perderam tudo retiraram o que sobrou e colocaram nas ruas em frente de casa para secar.
Terezinha Aparecida Neto, 48 anos, foi uma das mais atingidas pelo lamaçal. O interior do barraco de quatro metros por quatro, onde ela mora com o filho de 9 anos, ficou totalmente revirado pela água e pelo barro. Nada pôde ser salvo e nada poderá ser recuperado. "E agora, o que eu faço?", gritava em desespero. Ela não tem a quem recorrer, nem recebeu qualquer indicação de ajuda da Companhia de Habitação Popular de Curitiba (Cohab), que esteve ontem no lugar. A Fundação de Ação Social (FAS) distribuiu marmitex para os moradores. "Não é só de comida que precisamos, nós precisamos de casa", diz Terezinha.
"Eles vêm, olham e vão embora. Virou a página, aquilo ali ficou para trás", reclamava o latoeiro Pedro de Andrade filho, 36 anos. Ele também estava desconsolado ao mostrar o estado em que ficou sua oficina improvisada. Quatro carros de clientes ficaram danificados pela água, e ele não sabe como vai prestar contas disso. Um deles foi arrastado para o meio da viela. Muitas ferramentas sumiram, levadas pelas águas.
Parte das famílias atingidas pela enchente no Ribeirão dos Padilha, no Bolsão Ulisses Guimarães, foi cadastrada pela Cohab para receber moradias populares que estão sendo construídas com recursos do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC da Habitação, mas ainda não há previsão para a relocação.
Novo Mundo
O estouro de uma manilha em obras do município causou o alagamento de mais de 10 casas no Novo Mundo. Moradores das ruas Alberto Shumak e Cecília Pocalti Valter responsabilizam a prefeitura pelo incidente, sem precedentes, segundo eles. De acordo com a prefeitura, as obras substituíram uma manilha anterior, com largura de 1,5 metro, por outra de 2,5. Mesmo assim, a nova tubulação não resistiu à pressão da água.
João Renato Schonrock, 67 anos, diz que em 45 anos nunca aconteceu algo parecido. Ele e a mulher não conseguiram abrir a porta de um dos cômodos da casa devido à pressão da água e foram resgatados com a ajuda dos vizinhos.
Já os moradores do bairro Uberaba foram prejudicados pela cheia do Rio Belém. A telefonista Fabiane Rodrigues Farias, 25 anos, relata que o alagamento aconteceu depois que o temporal acalmou. "Em questão de cinco minutos encheu tudo. A água já estava dentro de casa", conta. A água chegou a atingir um metro de altura. Grávida de sete meses, Fabiane perdeu parte do enxoval e dos móveis preparados para o bebê.
A casa do mestre de obras Moisés de Jesus, 51 anos, à beira do córrego Mossunguê, no bairro Campo Comprido, não chegou a ser tomada pela enxurrada. Contudo, a força da água fez com que o barranco cedesse e uma ponta da casa de madeira ficasse suspensa. A residência foi condenada pela Defesa Civil. "Estamos esperando que realoquem a gente para outro lugar. Não deu para dormir bem porque o susto foi muito grande, com medo da casa desabar", diz.
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