Ele garante que foi para prestigiar o inverno curitibano, nada de masoquismo. Mas nunca se sabe. O fato é que Natureza Morta passou as férias sem sair da cidade. Ou melhor, só deixou a mansão da Vila Piroquinha para bater ponto no Bar Luzitano, no meio da tarde. Lá, em companhia do amigo Édison Ferreira Araújo, o nosso Tainha, aderiu às sessões pipoca. E, na falta de pastel, esbaldou-se entre uma coxinha, uma cerveja e bolinhos de carne com mostarda escura, com direito a desenhos do Pica-Pau e Beronha a tiracolo. Reviu praticamente toda a série James Bond. Confirmou: Sean Connery continua imbatível em todos os sentidos. Foi o melhor de todos os agentes 007 na pele do personagem de Ian Fleming, criado em 1953.
"Bond, James Bond."
Melhor, impossível. E não por pouca coisa recebeu o título de "Sir" em 2000. Militante político nos anos 70 (a fama começou em 1962 com 007 Contra o Satânico Dr. No), defendeu a independência da Escócia e apoiou organizações que lutam pela educação e direitos civis.
Retornou em 63 com Moscou Contra 007. No ano seguinte, ao fazer 007 Contra Goldfinger, aprendeu a jogar golfe afinal, ninguém, mesmo um agente a serviço de Sua Majestade, é perfeito. Em 1965 veio Thunderball e, em 1967, 007 Só se Vive Duas Vezes. Então, tirou o time, passando o posto para o canastrão George Lazenby, mas voltou a utilizar a "autorização para matar" em Os Diamantes são Eternos (1971). Com Nunca Mais Diga Nunca, um título, aliás, bastante apropriado, aceitou em 1983 a derradeira missão pelo MI 6.
De Bond para o faroeste. Um problema persistia: a dublagem. É de matar, mesmo sem autorização.
De modo especial, chamou a atenção de Natureza Saddle the Wind (Irmão Contra Irmão), 1958, de Robert Parrish, com Robert Taylor. A propósito, Beronha ressuscitou a polêmica muito comum entre os fãs de cinema, na época:
Robert Taylor é irmão de Elizabeth Taylor?
Não, nunca foi, mas, voltando ao bangue-bangue, impressiona até hoje o triste olhar de Royal Dano, que faz o ex-militar nortista em busca de um pedaço de chão com a família e sofre todos os tipos de represália, até ser assassinado. A cena é clássica: impedido de cruzar uma linha riscada no chão com a espora direita da bota de um pistoleiro, rasteja, baleado, metendo o rosto na lama, até ultrapassá-la e, aí, morrer. O "no trespassing" de Xanadu, de Kane. A questão da propriedade ou da função social da terra quase sempre pontilhou os faroestes, mas sem aprofundamento, algo camuflado até pelo excesso de pólvora. Em Irmão Contra Irmão há, nesse sentido, uma pitada de ousadia. Mas, já que o western é "o cinema americano por excelência", como sentenciou o crítico André Bazin, as coisas não poderiam ser diferentes.
De qualquer modo, o trio pôde reencontrar velhos mocinhos. Só faltou o Tom Mix.
De qualquer modo 2: foram dias que lembraram As Férias do Sr. Hulot (Les Vacances de Monsieur Hulot), de Jacques Tati. O que já é outro cinema.
Francisco Camargo é jornalista.
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