Estudante afirma que não se confundiu no reconhecimento de Juarez
Tragédia em Matinhos
O crime aconteceu na tarde do dia 31 de janeiro, quando a jovem Monik Pegorari de Lima e o namorado dela, Osíris Del Corso, estavam em uma trilha no Morro do Boi e tentavam chegar à Praia dos Amores. No caminho, os dois foram baleados. A moça contou aos bombeiros que, chegando à gruta da praia, por volta das 17h30, o agressor tentou abusar sexualmente dela.
Na tentativa de defendê-la, o namorado levou um tiro no peito e morreu. A moça foi atingida por um tiro nas costas e ficou caída no local, enquanto o agressor fugiu. Perto das 21 horas, segundo relatos da própria vítima aos bombeiros que a resgataram, o agressor voltou até o local do crime e cometeu abuso sexual. Os dois só foram localizados na tarde de domingo (1º). A jovem esperou por 18 horas na mata até ser resgatada.
Ainda no hospital, a jovem teria dito ter reconhecido uma camiseta amarela encontrado perto do local do crime. Nunca ficou claro a importância dessa peça para a investigação. Nesta terça, Cartaxo voltou a descartar a camiseta. Disse que ela não caberia em Paulo Delci Unfried.
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O perito Rodrigo Soares Santos, contratado pela defesa do acusado de ter cometido o crime no Morro do Boi, em Matinhos, afirmou que a estudante Monik Pegorari de Lima foi induzida ao erro pela polícia no reconhecimento de Juarez Ferreira Pinto. Em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (1º), Santos disse que a utilização de pessoas com biotipos físicos muito diferentes, fez com que a estudante associasse a imagem do criminoso com Juarez.
A estudante repetiu, nesta quarta-feira, que Juarez é o culpado. A jovem de 23 anos disse ter estranhado quando a polícia telefonou para casa dela para comunicá-la sobre a necessidade de fazer um novo reconhecimento por meio de uma fotografia de Unfried. "Não parece com o cara que fez isso comigo, tem muitas diferenças nos olhos, nas características do rosto e no cabelo", afirmou. "O que está acontecendo é um absurdo".
Segundo ela, a pessoa que a feriu era calva no alto da cabeça, enquanto Unfried tem cabelo, ainda que baixos, e entradas na testa. "Não sei o que está acontecendo para ele assumir a culpa. É uma coisa que a polícia deve descobrir", disse.
De acordo com Santos, que é psicólogo forense, é pouco provável que a estudante volte atrás no reconhecimento, pois ele teria criado uma memória sobre os fatos que aconteceram no Morro do Boi no dia 31 de janeiro. "A indução poder gerar falsa memória, processo que cria um evento que nunca aconteceu ou que não aconteceu daquela forma", afirmou.
Para o perito, o primeiro erro da polícia foi apresentar fotos de Juarez para a estudante antes do reconhecimento pessoal. No processo de reconhecimento, quando Monik e Juarez ficaram frente-a-frete, ainda no hospital, o suspeito foi colocado em uma fila com outros homens. Um vídeo divulgado pela polícia mostra o reconhecimento de Juarez. A defesa critica o procedimento alegando que Monik estava pré-disposta a apontar Juarez, já que os outros homens seriam muito diferentes.
O delegado Luiz Alberto Cartaxo de Moura, responsável pelas investigações, afirmou que o reconhecimento seguiu todos os padrões exigidos pelo código de processo penal. Segundo o delegado, foram mostradas diversas fotografias para Monik e ela apontou Juarez. No reconhecimento pessoal foram usados pessoas com características semelhantes ao suspeito.
Para Cartaxo, o objetivo da defesa é enfraquecer o reconhecimento feito pela estudante como prova do processo. "Essa é uma prova extremamente forte. Uma mulher que é vítima de um assédio sexual não esquece seu agressor", afirmou.
Revólver
O irmão de Juarez, Altair Ferreira, que é policial civil, negou qualquer envolvimento no surgimento de novas provas. "É imperdoável essas alegações de que eu teria plantado a arma do crime", disse. O resultado do exame de balística comprovou que o tiro que matou Osíris e feriu Monik partiu do revolver encontrado com Paulo Delci Unfried, preso por assalto e estupro em Matinhos na semana passada. Na terça-feira (30), Unfried confessou ser o autor do crime.
O advogado Lourival Pegorari da Silva, pai de Monik, afirmou que não há hipótese de Unfried tenha cometido o crime. "A Monik reconheceu o Juarez desde a primeira vez e nunca oscilou no reconhecimento", disse. Para o pai, Unfried está assumindo o crime, mesmo sendo inocente. "Cabe a polícia investigar porque que ele está assumindo esse crime e quem passou a arma do crime para ele", disse o pai da estudante.
Reviravolta
Cinco meses depois do crime, o caso teve uma reviravolta na terça-feira (30). Paulo Delci Unfried confessou ter matado Osíris e baleado Monik Lima. Em entrevista coletiva na tarde de terça-feira (30), o delegado negou que tenha havia erro por parte da polícia. "Nem eu, nem a polícia admitimos erro. Se isso aconteceu foi uma conjuntura probatória, pois existiam provas fortes e o reconhecimento da vítima", afirmou o delegado.
Paulo Delci Unfried foi preso depois de invadir uma casa e violentar uma mulher, no balneário de Betaras, em Matinhos, na noite de quarta-feira (24). Com ele foram encontradas duas armas, um revólver calibre 38 e uma garrucha calibre 22. A polícia realizou um exame de balística e comprovou que o tiro que matou o estudante partiu da arma apreendida com ele. O delegado Cartaxo afirmou que a arma foi comprada legalmente em Cascavel (Oeste) e depois passou pela mão de três pessoas. Nenhuma delas era Juarez Ferreira Pinto.
Mesmo com a comprovação de que o tiro que matou o estudante saiu da arma de Unfried, de acordo com o delegado Cartaxo ainda não é possível afirmar que ele é o autor do crime. "Falta o Judiciário se pronunciar se Paulo é o autor", afirmou o delegado.
Segundo informações do Ministério Público do Paraná (MP-PR), Unifried teria tentado suicídio por enforcamento dentro da cadeia pública de Matinhos e após ser socorrido, já de volta à Delegacia de Polícia, confessou a autoria do crime.
Depois de serem informadas da tentativa de suicídio, as promotoras de Justiça Carolina Dias Aidar e Fernanda Maria Motta Ribas interrogaram o detido. No depoimento, segundo as promtoras, o novo suspeito teria caído em contradição diversas vezes ao descrever o crime. Para o esclarecimento do caso, as promotoras pediram que seja realizada a reconstituição do crime segundo a versão de Unfried.
"A polícia vai fazer as diligências pedidas pelo Ministério Público, inclusive uma nova reconstituição dos fatos no Morro do Boi para esclarecer as dúvidas", afirmou Cartaxo, que disse não haver data prevista para essa nova reconstituição. Unfried, no entanto, alega que foi um assalto e diz que não cometeu o estupro em Monik. "Hoje a investigação não está nas mãos da polícia. É um processo na Justiça", definiu o delegado.
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