- Ministério Público quer esclarecimentos em razão de "reviravolta" no caso
- Homem preso em Matinhos confessa ser autor do crime do Morro do Boi
- Audiência de acusado de crimes do Morro do Boi é suspensa
- Começa audiência de instrução e julgamento do crime do Morro do Boi
- Governo proíbe entrevista com acusado de crime do Morro do Boi
- Decretada prisão preventiva de suspeito de balear casal
O advogado Lourival Pegorari da Silva, pai da estudante Monik Pegorari de Lima, baleada no dia 31 de janeiro no Morro do Boi, em Matinhos, Litoral do Paraná, questionou, nesta quarta-feira (1º), a confissão do crime feita por Paulo Delci Unfried. Ao assumir o crime, na manhã de terça-feira (30), ele provocou uma reviravolta no caso. O principal suspeito, até então, era Juarez Ferreira Pinto, preso em 17 de fevereiro, que mesmo reconhecido por Monik sempre negou a autoria do crime.
Em entrevista ao telejornal ParanáTV 1ª edição, o pai da estudante afirmou que não há hipótese de Unfried tenha cometido o crime. "A Monik reconheceu o Juarez desde a primeira vez e nunca oscilou no reconhecimento", disse. Ele conta que o reconhecimento foi feito, além das imagens, pela voz.
Para o pai, Unfried está assumindo o crime, mesmo sendo inocente. "Cabe a polícia investigar porque que ele está assumindo esse crime e quem passou a arma do crime para ele", disse o pai da estudante.
O advogado Nilton Ribeiro, que defende Juarez, já pediu a liberdade provisória de seu cliente. O pedido está sendo analisado pelo juiz de Matinhos e pela Vara de Inquéritos Penais de Curitiba. O advogado concederia uma entrevista coletiva as 17 horas desta quarta-feira.
Reviravolta
Cinco meses depois do crime do Morro do Boi, o caso teve uma reviravolta na terça-feira (30). Paulo Delci Unfried, preso na semana passada, confessou ter matado o estudante Osíris Del Corso e baleado Monik Pegorari Lima.
Em entrevista coletiva na tarde de terça-feira (30), o delegado Luiz Alberto Cartaxo de Moura, responsável pelas investigações, negou que tenha havia erro por parte da polícia. "Nem eu, nem a polícia admitimos erro. Se isso aconteceu foi uma conjuntura probatória, pois existiam provas fortes e o reconhecimento da vítima", afirmou o delegado.
Paulo Delci Unfried foi preso depois de invadir uma casa e violentar uma mulher, no balneário de Betaras, em Matinhos, na noite de quarta-feira (24). Com ele foram encontradas duas armas, um revólver calibre 38 e uma garrucha calibre 22. A polícia realizou um exame de balística e comprovou que o tiro que matou o estudante partiu da arma apreendida com Unfried. O delegado Cartaxo afirmou que a arma foi comprada legalmente em Cascavel (Oeste) e depois passou pela mão de três pessoas. Nenhuma delas era Juarez Ferreira Pinto.
Mesmo com a comprovação de que o tiro que matou o estudante saiu da arma de Unfried, de acordo com o delegado Cartaxo ainda não é possível afirmar que ele é o autor do crime. "Falta o Judiciário se pronunciar se Paulo é o autor", afirmou o delegado.
Segundo informações do Ministério Público do Paraná (MP-PR), Unifried teria tentado suicídio por enforcamento dentro da cadeia pública de Matinhos e após ser socorrido, já de volta à Delegacia de Polícia, confessou a autoria do crime. Depois de serem informadas da tentativa de suicídio, as promotoras de Justiça Carolina Dias Aidar e Fernanda Maria Motta Ribas interrogaram o detido. No depoimento, segundo as promtoras, o novo suspeito teria caído em contradição diversas vezes ao descrever o crime. Para o esclarecimento do caso, as promotoras pediram que seja realizada a reconstituição do crime segundo a versão de Unfried.
"A polícia vai fazer as diligências pedidas pelo Ministério Público, inclusive uma nova reconstituição dos fatos no Morro do Boi para esclarecer as dúvidas", afirmou Cartaxo, que disse não haver data prevista para essa nova reconstituição. Unfried, no entanto, alega que foi um assalto e diz que não cometeu o estupro em Monik. "Hoje a investigação não está nas mãos da polícia. É um processo na Justiça", definiu o delegado.A prisão de Juarez
Em 17 de fevereiro, Juarez foi preso em um balneário de Pontal do Paraná, com autorização da Justiça. Quatro dias depois da prisão do suspeito, a polícia mudou a versão para o crime. Em vez de homicídio, Juarez teria praticado um latrocínio (roubo seguido de morte).
A afirmação da polícia se baseou em supostos R$ 90 que teriam desaparecido da roupa de Monik. O próprio delegado Cartaxo disse dias antes da nova versão que nada havia sido roubado. Em conversa com a reportagem da Gazeta do Povo questionado sobre essa contradição, o delegado usou palavras de baixo calão e desligou o telefone sem se despedir (escute a entrevista aqui).
Também houve um recuo na questão do suposto estupro que a jovem teria sido vítima. A Polícia Civil disse, em uma segunda versão, que houve apenas atentado violento ao pudor, quando não há conjunção carnal.
Diante dos vários questionamentos, a polícia chegou a divulgar um vídeo onde a vítima reconheceria o assassino de seu namorado.
A promotora de Justiça Carolina Dias Aidar de Oliveira concordou com o requerimento da polícia que presidiu o inquérito e pediu que a prisão temporária do acusado fosse convertida em preventiva. O caso foi denunciado formalmente no dia 3 de março, menos de um mês depois da prisão de Juarez.