O delegado gaúcho Leonel Carivali, da 1ª Delegacia Regional Metropolitana, sediada em Gravataí, alegou legítima defesa pelos disparos que fez em uma ação que terminou com a morte de um refém paranaense. A afirmação foi feita no depoimento que Carivali prestou à Corregedoria da Polícia Civil do Rio Grande do Sul na noite de quinta-feira (12).
O agricultor paranaense Lírio Persch e um segundo refém estavam em um cativeiro na cidade de Gravataí. Os policiais paranaenses do grupo Tigre (Tático Integrado Grupo de Repressão Especial) - a unidade de elite antissequestro da Polícia Civil do Paraná - foram ao Rio Grande do Sul resgatar as duas vítimas de sequestro sem avisar as autoridades locais. Ao saber dos motivos da investida da polícia paranaense, dois delegados gaúchos estouraram o cativeiro e acabaram matando o agricultor.
Segundo o delegado Paulo Rogério Grillo, responsável pela investigação do caso, Carivali afirmou que atirou depois de ouvir barulho de estampidos. "Nas investigações não há vestígio de tiro por parte dos sequestradores, mas ele [Carivali], alegou que ouviu estampidos", diz Grillo.
Ainda de acordo com Grillo, em seu depoimento, Carivali contou que, ao avistar o carro suspeito saindo da garagem do cativeiro, ele se identificou como policial e pediu para o veículo parar. O carro, que saía de ré, teria voltado para dentro da garagem e um dos sequestradores desembarcou pela porta lateral traseira e se voltou para o delegado com uma arma na mão. Por causa dessa atitude e dos estampidos, Carivali atirou.
A partir de agora, Grillo vai reavaliar todas as provas e deve concluir seu relatório sobre o caso na próxima semana.
Morte de sargento
Na mesma operação - porém em circunstância anterior à morte do refém -, os policiais paranaenses mataram um sargento da Brigada Militar do Rio Grande do Sul. Outro inquérito investiga como se deu a morte de Ariel da Silva. Os policiais do Paraná seguem presos em Curitiba.
As investigações revelam que houve confronto armado entre os investigadores paranaenses e o sargento gaúcho e que isso ocorreu após a tentativa de abordagem. Ariel da Silva estava à paisana e em uma moto sem identificação da polícia. Ele teria tentado interpelar os agentes do Tigre já com arma em punho e sem se identificar como policial. "Em princípio, ele [o sargento] não pediu socorro à Brigada, não acionou ninguém. Ele estava agindo meio solitário", definiu Grillo.
Apesar da abordagem fora dos padrões policiais (sozinho, à paisana e sem comunicar a corporação), o delegado disse que não é possível afirmar que Ariel da Silva fazia "bicos" como segurança na região. "Queremos ouvir essas testemunhas até para esclarecer tudo isso", acrescentou.
Em depoimento à polícia gaúcha, os investigadores do Grupo Tigre disseram que pensaram que o sargento fazia segurança a bandidos. O equívoco teria gerado o tiroteio.
A Justiça autorizou a quebra do sigilo telefônico do sargento, na última sexta-feira (6), para que se possa apurar o que o sargento fazia no local onde acabou morto por investigadores do Grupo Tigre.
A reconstituição da morte de Silva deve ocorrer na próxima terça-feira (17).
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