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Sem -terra levaram caixões para simbolizar as mortes no campo | Luiz Carlos da Cruz/Especial para a Gazeta do Povo/
Sem -terra levaram caixões para simbolizar as mortes no campo| Foto: Luiz Carlos da Cruz/Especial para a Gazeta do Povo/

Milhares de pessoas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) fizeram um protesto na manhã deste sábado (9) na praça central de Quedas do Iguaçu, na região Centro-Sul do Paraná. O ato foi para cobrar justiça pela morte de dois sem-terra em suposto confronto com a Polícia Militar (PM) na última quinta-feira (7) no assentamento Dom Tomás Balduíno.

O ato público teve a participação de deputados estaduais e federais do Paraná, Sergipe e Bahia, além da senadora paranaense Gleisi Hoffmann (PT). Durante os discursos, lideranças políticas e de movimentos sociais voltaram a afirmar que a meta do MST é ocupar todas as terras da Araupel, empresa que atua com exportação de madeira.

A senadora Gleisi Hoffmann afirmou que o momento era de dor devido as mortes, mas enfatizou que o movimento era pacífico. “Aqui não tem violência, tem reivindicação de justiça”, afirmou. Dirigindo a palavra a população de Quedas do Iguaçu que não integra o movimento, a senadora declarou que “não é preciso temer esse povo” que luta por dignidade.

Apoio a presidente Dilma

Em alguns momentos, o protesto se transformou em ato de apoio a presidente Dilma Rousseff. Por várias vezes, nos discursos, os manifestantes puxaram o bordão “não vai ter golpe”.

Gleisi também disse aos sem-terra para não condenarem a Polícia Militar porque, segundo ela, são pessoas que obedecem ordens e culpou o governador Beto Richa e o chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, ambos do PSDB, pelas mortes.

Os sem-terra levaram para a praça 23 caixões, simbolizando as 19 mortes do massacre de Eldorado de Carajas, em abril de 1996, alem dos dois sem-terra mortos na quinta e outros dois em 1998, também em Quedas do Iguaçu. Sobre os caixões havia uma faixa com a inscrição “PM assassina”.

O superintendente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária do Paraná (Incra), Nilton Bezerra Guedes, e o assessor especial de Assuntos Fundiários do governo do Paraná, Hamilton Serighelli estiveram no ato. Quando Serighelli começou o discurso, alguns sem-terra ameaçaram uma vaia ao assessor. Também participaram Juliana Moura Bueno, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, e Cesar Rodrigues, representante do Ministério de Desenvolvimento Agrário, além de outras autoridades.

Apesar do grande número de pessoas, a Polícia Militar não acompanhou o protesto de perto. As viaturas mais próximas estavam a pelo menos 700 metros de distância. Um helicóptero com policiais acompanhou do alto a manifestação.

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Segundo o MST, 8,5 mil pessoas participaram da manifestação. Já a PM informou que o número de manifestantes não passou de 1,5 mil. O clima na cidade continua tenso e boa parte da população se recusa a comentar a violência no campo.

Antes do ato público, aconteceram homenagens aos sem-terra Vilmar Bordim, de 44 anos, e Leomar Bhorbak, de 25, mortos no confronto com a PM na quinta-feira. Bordim era casado e pai de três filhos. Bhorbak também era casado e deixou a esposa grávida.

O ato durou aproximadamente duas horas e não houve incidentes. Uma mulher passou mal, desmaiou e precisou ser socorrida por uma equipe de saúde do próprio movimento. O MST diz que vai “vingar” a morte dos dois sem terra ocupando toda a área da Araupel. Um líder do MST de Santa Catarina disse que a “vingança” acontecerá em latifúndios de todo o Brasil.

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