De costas e em formato de jogral, estudantes anunciam suas reivindicações| Foto: Fabio Silveira/Gazeta do Povo

Estudantes secundaristas desalojados de escolas que foram ocupadas em outubro se reagruparam e ocuparam na manhã desta sexta-feira (4) dois saguões da Câmara de Londrina, no Norte do Paraná. De acordo com o Legislativo, participam do movimento cerca de 40 estudantes de 17 escolas estaduais. Eles são contra a chamada PEC do teto de gastos, a MP da reforma do ensino médio e o projeto Escola Sem Partido e querem a mediação dos vereadores para conversar com os governos estadual e federal sobre as suas reivindicações.

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Após a ocupação, a Câmara suspendeu uma reunião que aconteceria agora à tarde, para discutir a iluminação pública, e uma sessão solene, para a concessão de honraria, foi transferida para o prédio do Colégio Máxi, uma escola particular.

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A Guarda Municipal e seguranças da Câmara apenas observaram a movimentação dos estudantes, que aconteceu de forma pacífica. O único incidente com vereadores ocorreu quando o vereador Roberto Fu (PDT) estava deixando o prédio do Legislativo. Em um vídeo postado nas redes sociais, ele aparece empurrando um adolescente que participa da ocupação. O vereador registrou Boletim de Ocorrência dizendo que foi empurrado e que prenderam o braço dele na porta do prédio. Em outro incidente, uma mulher rasgou os cartazes dos estudantes e entrou no prédio do Fórum – os manifestantes gravaram a entrada dela no prédio do Judiciário.

Declaração coletiva

“Mesmo com as desocupações, estamos nos mobilizando”, afirmou uma estudante, que não quis se identificar. Em uma declaração pública feita na forma de jogral, de costas para as câmeras, os estudantes apresentaram a sua agenda. “Estamos aqui declarando repúdio às novas propostas que o governo municipal, estadual e federal estão tentando impor sem questionar, perguntar a ninguém da população. São elas a PEC 55 (Proposta de Emenda à Constituição) e a MP 746 (Medida Provisória) e a proposta boçal de Escola Sem Partido”, declararam.

O presidente da Câmara, Fábio Testa (PPS), que mais cedo se reuniu com os estudantes, disse ter feito um acordo de que eles passariam o final de semana ocupando o prédio e que na segunda-feira, a partir das 14 horas, liberariam o Legislativo para a retomada dos trabalhos. No entanto, o acerto foi contestado pelos estudantes, que afirmaram que o acordado foi para a continuidade da ocupação nos saguões, com a permissão para a entrada de servidores e vereadores para o trabalho. Com a divergência, Testa afirmou que, caso não haja a saída dos manifestantes até segunda, a Mesa Executiva da Casa vai entrar com um pedido de reintegração de posse do local.

Outra medida a ser adotada pelos vereadores é a formação, na sessão de terça-feira, de uma comissão para acompanhar o assunto e conversar com governo, deputados e comunidade escolar. Testa reconhece a legitimidade do movimento, dizendo que a ocupação “foi feita de forma pacífica e sem vandalismo”.

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O presidente da Câmara, que é professor no ensino médio, afirmou que apesar de o país investir na educação, “o resultado é pífio”. “Esse clamor uma hora aconteceria e essa cobrança [por melhorar a educação] uma hora viria”, declarou o vereador, que considera essa uma “cobrança justa”. Para ele, “o que se faz de fato pela educação é pouco ou quase nada”. Ele também se disse preocupado pelo fato de deputados estaduais e federais não se manifestarem sobre as bandeiras dos secundaristas.