| Foto: Reprodução/Facebook

Após a exumação, o exame feito no corpo da fisiculturista Renata Muggiati, morta em setembro deste ano em Curitiba, mostrou que ela foi vítima de asfixia mecânica por vários minutos. A polícia teve acesso à conclusão nesta semana. O resultado – que foi feito por uma junta formada quatro especialistas (médicos e outros peritos) – contradiz a necropsia feita pelo médico legista Daniel Colman, do Instituto Médico Legal (IML), que afirmava não ter havido a asfixia. No dia 13 de outubro, quando a necropsia veio à tona, a polícia afirmava que não descartava a ocorrência de asfixia em razão da falta do laudo de exumação e outros complementares. Na época, o suspeito de ter matado a jovem, Raphael Suss, que era namorado dela, foi solto pela 1ª Vara do Tribunal do Júri de Curitiba.

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Essa nova análise, no entanto, além de revelar que houve morte agônica – aquela que veio acompanhada de sofrimento –, apontou que Renata já estava morta no momento da queda do prédio, o que também contrariou a primeira análise feita. Por isso, o resultado pode ocasionar uma reviravolta no caso.

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O resultado do exame não foi divulgado em razão do sigilo do processo decretado pela Justiça. Apesar disso, a reportagem pesquisou alguns critérios necessários para apontar morte agônica. Para se chegar a essa conclusão são realizados diversos tipos de exames laboratoriais.

Um dos critérios para detectar esse tipo de morte é a verificação por parte dos médicos se há glicogênio e glicose no fígado de Renata. Se não houver presença do glicogênio, trata-se de morte agônica. Outro indicativo da asfixia é a média de adrenalina suprarrenal. Se estiver abaixo de um determinado patamar, indica morte agônica. A mesma verificação pode ser feita se for encontrado glicogênio na urina do cadáver.

Além disso, segundo apurou a reportagem, um exame laboratorial feito no osso de Renata compõe o rol de análises laboratoriais que podem apontar que ela já estava morta no momento da queda do prédio.

Outro lado

O advogado de defesa do médico Raphael Suss, Edson Abdala, afirmou que não teve acesso ao exame de exumação e que o considera sob suspeição em razão da presença de dois peritos. Os motivos não foram revelados. Por isso e pelo sigilo, ele disse que não poderia comentar o caso. Suss sempre negou ter matado a jovem.

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Contradição

A contradição entre o laudo de necropsia e o resultado do exame de exumação deve causar ainda mais polêmica no caso. Tanto o Ministério Público como a Justiça deverão tentar entender os motivos dos diferentes resultados. A 1ª Vara do Júri concedeu dez dias para os peritos do IML explicarem as diferenças entres as conclusões dos exames. Por enquanto, o IML não se pronunciará, segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) – em razão do sigilo. A Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) também foi procurada e, pelo mesmo motivo, não comentou o caso. O médico-legista Daniel Colman também foi procurado para comentar a disparidade, mas não foi encontrado pela reportagem.

Elementos anteriores

Antes do laudo de necropsia, no início da investigação, a polícia pediu a prisão de Suss em razão de um outro exame complementar, chamado anatomopatológico, cujo resultado deu à polícia indícios de que poderia ter ocorrido asfixia. O documento indicava quebra do osso hioide e também por presença de manchas de sangue nos pulmões e coração de Renata. Esses dois fatores estão presentes em vítimas de asfixia. Apesar disso, ainda não há informação de como a asfixia pode ter ocorrido. Na necropsia, não foram apontadas marcas no pescoço, o que descartaria o uso das mãos. A investigação vai apurar se houve um golpe “mata leão”, com os braços, ou até mesmo uma chave com a perna.

Reconstituição

A Gazeta do Povo apurou ainda que a reconstituição do caso, realizada na madrugada do dia 15 de outubro, também teria revelado alguns aspectos que contradizem o depoimento do suspeito. O resultado dela também não foi revelado ainda.