A Ericsson, em colaboração com a consultoria internacional Sweco, divulgou nesta semana um novo Índice de Cidades com Sociedades Conectadas e classificou Estocolmo, na Suécia, como a urbe líder do ranking, seguida por Londres, Copenhague, Singapura e Paris. O índice, que já está na sua quinta edição, mede o desempenho de 41 cidades a partir de dois grandes aspectos: desenvolvimento urbano sustentável e maturidade na área de tecnologia da informação e comunicação (TIC) – este último dividido em infraestrutura, acessibilidade e uso efetivo de TIC.
Estocolmo obteve a primeira posição em desenvolvimento urbano sustentável no índice, seguida de perto por Copenhague, Helsinque e Paris. Já no quesito TIC, quem lidera é Londres, seguida de Estocolmo e Singapura. Nenhuma das cidades avaliadas está 100% em nenhum dos dois grandes critérios do índice. E mesmo aquelas cidades melhor colocadas têm o que aprender com as que estão lá embaixo.
De maneira geral, esta edição do ranking da Ericsson inovou ao não só comparar cidades entre si, mas verificar se a performance de cada uma está dentro dos limites ambientais preconizados mundialmente. Assim, uma cidade tem os níveis de consumo de energia fóssil e emissão de gases poluentes comparados, por exemplo, não só com as demais cidades, mas também em relação aos padrões estabelecidos por órgãos como a Organização Mundial da Saúde (OMS). Qual a ligação disso com TIC? Recentemente, uma outra pesquisa da companhia sueca mostrou que soluções em tecnologia da informação e comunicação aplicadas em áreas como construção civil e transporte podem colaborar efetivamente para reduzir a emissão de gases poluentes em até 15% até 2030.
O que é uma cidade conectada?
Leia a matéria completaEm geral, o ranking da Ericsson considera que as cidades conectadas do futuro terão de abraçar quatro características: resiliência, participação, mobilidade e colaboração.“Para dar um exemplo, é uma cidade onde serviços e comunidades são acessíveis para todos, não importando quem você é [o homem ou mulher, idoso ou criança, rico ou pobre] ou onde vive. Nessa cidade do futuro, quase tudo e todos são conectados”, define Monika Bylehn, líder da Ericsson para assuntos ligados à vida urbana, em um texto publicado no site da companhia.
Nova “Agenda Urbana”
Neste ano, a Ericsson, a empresa que é fornecedora e parceira de muitas cidades ao redor do mundo em TIC e outras áreas, reforçou um recado que a Organização das Nações Unidas (ONU) também tem tentado transmitir: o de que é preciso rever o modelo de desenvolvimento urbano vivido até agora. “A UN-Habitat estima que 70% da população mundial residirá em áreas urbanas até 2050. Até hoje, muitas iniciativas de cidades inteligentes têm usado a TIC principalmente para otimizar sistemas e comportamentos existentes, por exemplo, o transporte inteligente, no qual o Brasil já é destaque com uma iniciativa em Goiânia”, ressaltou a vice-presidente de Estratégia e Sustentabilidade da Ericsson na América Latina e Caribe, Carla Belitardo, no material distribuído pela assessoria de imprensa da companhia, para logo depois dar o alerta: “em vez disso, as cidades precisam repensar as estruturas existentes para compreender completamente o potencial de TIC para se certificar de que o ‘inteligente’ seja, de fato, sustentável.”
No âmbito mundial, a ONU espera que uma nova “Agenda Urbana” capaz de transformar esse modelo falido de desenvolvimento das cidades seja firmada entre os países-membros. O recém-lançado “Relatório das cidades” é o ponto inicial para o documento que será assinado no Habitat III, conferência do programa da organização para assentamentos humanos da ONU, que ocorre em outubro, no Peru.
Os cinco desafios da cidade do futuro
Leia a matéria completaExemplos
Jacarta, na Indonésia, e Seoul, na Coréia do Sul, são duas das cidades que se destacaram no ranking em relação à última edição, em 2014. No primeiro caso, segundo Rodrigo Grigoletti, diretor de Desenvolvimento de Negócios de IoT (Internet das coisas) na área de Indústria e Sociedade da Ericsson na América Latina, isso ocorreu principalmente em razão da implantação de soluções em crowdsourcing(plataformas coletivas e colaborativas). “Um dos aplicativos implantados na cidade permite, por exemplo, que o cidadão fotografe um buraco em uma rua e envie essa informação à prefeitura para que isso seja solucionado. Achei a iniciativa bastante interessante, principalmente porque Jacarta está mais próxima da realidade brasileira e da América Latina que as cidades europeias avaliadas”. Jacarta pulou da 34.ª posição em 2014 para a 30.ª neste ano. O aplicativo citado por Grigoletti em Jacarta lembra bastante o Colab em Curitiba.
Seoul também é considerado um caso de sucesso no ranking da Ericsson, passou da 10.ª posição para a 12.ª. Grigoletti comenta que houve melhora no uso de TIC, impulsionada pela questão da poluição e do consumo de energia.
Desde a crise financeira asiática de 1997, a área de tecnologia de informação e comunicação emergiu como um motor de crescimento importante para a Coréia do Sul, com programas e iniciativas suportadas pesadamente pelo governo nacional. Ainda assim, a rápida industrialização do país acabou dobrando as emissões de poluentes entre as décadas de 1990 e 2012. Com os recursos naturais sob pressão e o país vulnerável à flutuação dos preços de uma energia praticamente toda importada, a Coréia do Sul concentrou esforços no desenvolvimento de soluções de TIC voltadas para o meio ambiente, desde sistemas para o gerenciamento de resíduos até a implantação de novas formas de distribuição de energia, em smart grid.
América Latina e quem caiu e quem subiu
No Brasil, São Paulo manteve a 25.ª posição de cidade mais conectada, já alcançada em 2014. Barcelona, Cidade do México e Buenos Aires estão entre as cidades que visivelmente subiram de posições em relação ao ano anterior da avaliação da Eriksson, 2014. Por outro lado, Hong Kong, Moscou e Dubai caíram na classificação.
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