Juarez Ferreira Pinto acompanhou os depoimentos das seis testemunhas na tarde desta quinta-feira em Curitiba e falou com a imprensa| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Juarez continua detido na Casa de Custódia de Araucária

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Durou cerca uma hora e meia o depoimento de seis testemunhas do crime do Morro do Boi, que deixou um estudante morto e uma jovem ferida no começo do ano no Litoral do estado. As pessoas ouvidas na tarde desta quinta-feira (16) não puderam prestar depoimento na primeira audiência de instrução e julgamento de Juarez Ferreira Pinto, um dos suspeitos de ter cometido o crime. A sessão de instrução, que se deu há um mês, foi suspensa após oito horas de depoimentos. As testemunhas ouvidas nesta quinta eram de defesa e de acusação, algumas inclusive foram arroladas no processo nas duas situações.

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Na saída da Vara de Cartas Precatórias Criminais de Curitiba, Juarez Ferreira Pinto falou com a imprensa e voltou a se declarar inocente no caso. "Sou inocente, nunca fui nesse Morro do Boi", afirmou. Ele disse também que não sente raiva de Monik Pegorari de Lima, que o reconheceu como autor do crime. Esta é a primeira vez que o réu fala com a imprensa.

"Eu peço sempre, digo: Senhor um dia você vai mostrar a verdadeira pessoa e vai mostrar para o povo que não sou eu, não devo nada. Sofri, mas com Deus eu vou vencer", afirmou o acusado.

Juarez contou que já foi ameaçado de morte, mas acredita que vai sair rápido da cadeia. "Já apareceu outra pessoa presa", disse, se referindo a Paulo Unfried, preso dia 25 de junho, acusado de assaltos e estupros no Litoral. Com Paulo, que confessou o crime à polícia, foi encontrada a arma usada para balear o casal de namorados Osíris Del Corso e Monik. De acordo com o delegado Luiz Alberto Cartaxo, que comandou as investigações, não é possível afirmar que Unfried é o autor do crime. A polícia ainda não entregou o inquérito que indiciou Paulo ao Ministério Público.

Desde a prisão de Unfried, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), vinculado ao Ministério Público, acompanha o caso.

Briga na cadeia

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Juarez apareceu em público com alguns ferimentos no rosto e aparentando estar dez quilos mais magro do que quando foi preso. O suspeito afirmou que se envolveu em uma briga, na terça-feira (14), com dois presos da Casa de Custódia de Araucária, na região metropolitana. Os detentos teriam problemas mentais, segundo Juarez. Ele disse que a maioria dos presos, no entanto, acredita em sua inocência. Contou ainda que nunca sofreu agressão dos policiais.

Depois de acompanhar os depoimentos, Juarez retornou à Casa de Custódia. As seis pessoas prestaram esclarecimentos ao promotor do Gaeco Vani Bueno. Inicialmente foram chamadas nove pessoas, mas duas foram liberadas por já terem sido ouvidas em Matinhos e uma faltou. O caso corre em segredo de Justiça desde que surgiu outro suspeito.

Acareação

Está marcada para o próximo dia 23 de julho uma acareação entre Monik, Juarez e Paulo em Matinhos. Paulo está detido no Centro de Triagem II em Piraquara. Monik vai periodicamente a Brasília fazer tratamento fisioterapêutico.

Segundo a opinião de especialistas consultados pela Gazeta do Povo, se não surgirem provas consistentes contra os dois acusados, ambos podem ser soltos.

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Reviravoltas do caso

Osíres e Monik foram atacados na tarde do dia 31 de janeiro, em uma trilha no Morro do Boi. A moça contou aos bombeiros que, chegando a uma gruta, por volta das 17h30, o agressor havia tentado abusar sexualmente dela.

Na tentativa de defendê-la, o namorado levou um tiro no peito e morreu. A moça foi atingida por um tiro nas costas e ficou caída no local. Segundo Monik, o agressor teria voltado até a cena do crime e a molestado sexualmente. A jovem foi resgatada 18 horas depois. Em consequência do tiro, Monik perdeu o movimento das pernas.

Em 17 de fevereiro, Juarez foi preso em um balneário de Pontal do Paraná, com autorização da Justiça. Ainda no hospital, a estudante reconheceu Juarez como autor do crime. Nem a posse da arma nem a confissão de Paulo Unfried fizeram Monik mudar a convicção de que Juarez é o culpado pelo crime. "Ele (Juarez) deixou eu ficar vendo tudo o tempo todo porque achou que eu iria morrer. Por isso é que eu tenho tanta convicção", disse, em Brasília, onde faz tratamento.

Desde a reviravolta, as promotoras Carolina Dias Aidar e Fernanda Maria Motta Ribas se negam a comentar o caso. Elas pediram uma série de novas requisições, como a reconstituição do crime.

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