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Almirante Tamandaré

Morte de dezenas de mulheres aguarda solução

O desfecho rápido das investigações sobre a morte da universitária Ana Cláudia Caron, 18 anos, acendeu o debate sobre a polícia dos sonhos (ideal) e a polícia do cotidiano (real). A sociedade deseja aquela que desvendou em tempo recorde o crime que assustou Curitiba, num assalto que terminou em violência sexual, um tiro e os bandidos colocando fogo no corpo da estudante, encontrado em Almirante Tamandaré, na região de Curitiba.

Numa ação rápida foram detidos quatro suspeitos e recuperados objetos roubados da universitária, cuja família pertence à classe média e tem laços com policiais. Mas a polícia real não consegue esclarecer dezenas de mortes e sumiços de mulheres na mesma Almirante Tamandaré, apesar do pedido de empenho feito por familiares de outras vítimas. Segundo especialistas ouvidos pela reportagem da Gazeta do Povo, isso não ocorre porque a polícia investigativa não existe no país: ela não passa de ficção.

As mortes de mulheres sempre ocorreram naquela cidade. Elas já alimentaram protestos, a prisão de 17 policiais e ex-policiais, e investigações especiais com poucas conclusões práticas. Os suspeitos foram soltos no ano passado, por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). O júri da maioria pode demorar anos. Isso porque há recursos a serem enviados a tribunais superiores, em Brasília (DF).

Foram 35 casos somente entre 1994 e abril 2002, segundo a ONG Comissão do Movimento de Familiares e Amigos das Mulheres Assassinadas em Almirante Tamandaré e Rio Branco do Sul. Vinte e oito mulheres foram assassinadas e outras três estão desaparecidas. A conta inclui ainda quatro ossadas encontradas no período.

No entanto, a violência não parou aí. O advogado José Leocádio de Camargo, que defende um dos suspeitos, tem uma certidão que comprova que a prisão do grupo de policiais e ex-policiais não freou a matança. "Foram 28 mulheres e um homem, somente de abril a outubro de 2002, enquanto eles estiveram presos e ninguém investigou", afirma.

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