A Secretaria de Estado da Segurança Pública do Paraná (Sesp) pediu, nesta quarta-feira (28), a transferência dos três policiais civis do grupo Tigre (Tático Integrado Grupo de Repressão Especial) que estão presos no Rio Grande do Sul. O pedido ainda não foi analisado, o que precisa ser feito pela juíza que decretou a prisão dos policiais.
Na semana passada, eles investigavam o sequestro de dois empresários paranaenses, que eram mantidos em cativeiro em Gravataí. região metropolitana de Porto Alegre. Em uma das diligências, um sargento da Brigada Militar gaúcha morreu em uma suposta troca de tiros. O caso é investigado pela Polícia Civil do Rio Grande do Sul.
Segundo a assessoria de imprensa da Sesp, o ofício solicitando a transferência foi encaminhado pelo próprio secretário Reinaldo de Almeida César à Secretaria de Segurança do Rio Grande do Sul. No pedido, Almeida César pede que os policiais paranaenses possam ser trazidos a Curitiba, onde continuariam detidos. O translado seria feito por um avião, custeado pelo governo do Paraná. A custódia dos agentes investigados também ficaria sob a responsabilidade do estado.
Ainda de acordo com o pedido, a Sesp se compromete a manter os policiais à disposição da Justiça gaúcha e encaminhá-los, quando necessário, ao estado vizinho, para procedimentos de investigação, inclusive para a reconstituição dos fatos, o que deve ocorrer em cerca de dez dias.
A Sesp adiantou que, informalmente, o delegado Paulo Rogério Grillo, da Corregedoria da Polícia Civil gaúcha, não se opôs à solicitação e disse que levaria o pedido à juíza que decretou a prisão dos policiais paranaenses do grupo Tigre.
Sargento foi confundido com bandido
Em depoimento prestado na terça-feira (27), os policiais disseram que pensaram que o sargento Ariel da Silva seria segurança dos sequestradores. Pilotando uma moto, ele teria ultrapassado o veículo descaracterizado da polícia do Paraná e retornado por detrás da viatura. O sargento estava à paisana, em uma motocicleta também sem identificação.
Após a manobra, Ariel da Silva teria sacado uma arma, provocando a reação dos policiais paranaenses, que atiraram diversas vezes. O sargento foi atingido e morreu no local. Segundo a versão dos agentes do Grupo Tigre, os tiros disparados por eles e por Ariel da Silva partiram praticamente ao mesmo tempo.
Operação
A operação do grupo Tigre, a unidade de elite antissequestro da Polícia Civil do Paraná, que acabou de forma trágica em Gravataí, no Rio Grande do Sul, ocorreu na quarta-feira (21). Os policiais paranaenses foram ao estado gaúcho resgatar duas vítimas de sequestro sem avisar as autoridades locais, como determina o Código de Processo Penal, e mataram um sargento da Brigada Militar numa suposta troca de tiros. Ao saber dos motivos da investida da polícia paranaense, dois delegados gaúchos estouraram o cativeiro e acabaram matando uma das vítimas, o agricultor paranaense Lírio Persch.
A operação pode ter iniciado um problema no relacionamento entre os dois estados. O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, chamou a ação de irresponsável e ilegal, segundo o jornal Zero Hora. O comandante do 17.º Batalhão da Brigada Militar, tenente-coronel Dirceu Lopes, considerou a ação paranaense desastrosa. O chefe da Polícia Civil gaúcha, Ranolfo Vieira Junior, deve pedir esclarecimentos ao delegado geral do Paraná, Marcus Vinicius Michelotto. "Foi uma ação clandestina", afirmou. Este foi o primeiro sequestro investigado pelo Tigre que resultou na morte da vítima.
Prisão e morte
O sargento Ariel estava de moto e teria sido atingido por cinco disparos, quatro no estômago e um no pescoço, na Avenida Planaltina, por volta de 1h30 da manhã de ontem. De acordo com o comandante da Brigada Militar, a viatura do grupo Tigre estava parada de modo transversal na via, o que levou à abordagem do sargento. Lopes acredita que os disparos efetuados pelo sargento teriam sido feitos após ele ter sido atingido. Segundo ele, os locais onde ficaram as marcas dos tiros apontam que ele já estaria deitado quando revidou.
Já para a Polícia Civil do Paraná, os policiais do Tigre relataram que estavam sendo seguidos por um homem em uma motocicleta. Em um semáforo, ele abordou o veículo dos policiais. Houve troca de tiros e o homem morreu no confronto. A troca de tiros ocorreu no bairro Morada do Vale, bem longe da casa onde ocorria o sequestro, no centro de Gravataí.
No pedido de prisão, o promotor de Justiça André Luís Dal Molin Flores critica a ação do grupo Tigre. "Pelo histórico da ocorrência policial e gravidade do fato, há sérios indícios de que os policiais civis do Paraná não possuíam autorização para estar na cidade, não apresentaram argumentos convincentes sobre o episódio, e, possivelmente, tenham deturpado a seu favor os acontecimentos", justifica.
Sequestrados
O fazendeiro e empresário Osmar José Finkler e Lírio Persch estavam sob o poder dos sequestradores desde terça-feira. Após o incidente com o sargento, os policiais gaúchos começaram a trabalhar no caso de sequestro também. Dois delegados de Gravataí foram ao local após receber a informação dos policiais paranaenses.
Quando chegaram a casa, que fica atrás da Câmara de Vereadores da cidade, um Corsa branco saía da garagem com os sequestradores e as vítimas. O delegado Leonel Carivali disse, em coletiva no Rio Grande do Sul, segundo o jornal Zero Hora, que gritou se identificando como policial. Naquele momento, os criminosos saíram do carro disparando contra os policiais. No revide, os policiais gaúchos acertaram as costas de Lírio.
Os sequestradores João Rodrigues Ferreira, Claudemir dos Santos e Márcio Lourival foram presos após a troca de tiros. Lourival é paranaense. Os três têm passagens pela polícia. O Corsa tinha placa de Campo Largo.
Há desconfiança de que não tenha tido tiroteio e de que só a polícia atirou. Pelos indícios de imprudência e precipitação, os delegados Roland Short e Leonel Carivali serão chamados a darem explicações sobre o caso.
- Policiais paranaenses estão em Porto Alegre para depor sobre morte de sargento
- Perspicácia livra agricultor de sequestro
- Grupo havia feito outros três sequestros no Paraná
- Quadrilha usou celular para pressionar família
- Richa admite erro da polícia paranaense em ação no Rio Grande do Sul
- Delegado da Corregedoria vai investigar morte de sargento e refém em Gravataí
- Vítima acusa polícia gaúcha de matar amigo
- Dois morrem em ação do grupo Tigre no RS
- Resgate de empresários termina com um morto e outro ferido em Gravataí
- Operação da polícia do Paraná no RS era clandestina, diz comandante
Trump, Milei, Bolsonaro e outros líderes da direita se unem, mas têm perfis distintos
Governadores e parlamentares criticam decreto de Lula sobre uso da força policial
Justiça suspende resolução pró-aborto e intima Conanda a prestar informações em 10 dias
Moraes viola a lei ao mandar Daniel Silveira de volta à cadeia, denunciam advogados
Soraya Thronicke quer regulamentação do cigarro eletrônico; Girão e Malta criticam
Relator defende reforma do Código Civil em temas de família e propriedade
Dia das Mães foi criado em homenagem a mulher que lutou contra a mortalidade infantil; conheça a origem
Rotina de mães que permanecem em casa com seus filhos é igualmente desafiadora