Imagens de satélite mostram que o ritmo de desmatamento vem diminuindo no Paraná – o estado já foi o campeão nacional de derrubada de Mata Atlântica e nunca havia conseguido ficar abaixo da casa de mil hectares devastados por ano. O Atlas de Remanescentes, divulgado nesta quarta-feira (27) pela Fundação SOS Mata Atlântica, indicou que 921 hectares de florestas – equivalente a seis parques Barigui – foram suprimidos no Paraná em 2014. Apesar da queda brusca nos números, o tamanho da área desmatada preocupa porque restam menos de 12% da quantidade original de Mata Atlântica no Paraná. Pelo segundo ano seguido, o estado aparece como o quarto que mais derrubou esse tipo de floresta. Piauí, Minas Gerais e Bahia lideram o ranking.
Os dados brasileiros também indicam redução no ritmo de desmatamento. Depois de dois anos seguidos de alta, o país voltou a registrar menos de 20 mil hectares derrubados ao ano – contudo, a área que foi devastada em um ano equivale a meia Curitiba. Uma única cidade no Piauí, Eliseu Martins, foi responsável por 23% do total dos desflorestamentos observados no período. É o segundo ano consecutivo que o Atlas observa padrão de desmatamento nos municípios ao sul do Piauí, onde se concentra a abertura de novas áreas para a produção de soja.
Mapeamento
O estudo avaliou o que resta de Mata Atlântica em 17 estados brasileiros. O mapeamento consegue identificar situações de derrubada que são maiores do que um campo de futebol. Algumas áreas – como uma grande porção do Litoral Norte do Paraná – não puderam ser analisadas porque as imagens foram feitas em dias com muitas nuvens.
Para Marcia Hirota, diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica e coordenadora do Atlas, alguns estados têm motivo para comemorar e outros estão em situação alarmante. “Eu quero destacar o Paraná, que já foi recordista de desmatamento na floresta atlântica e conseguiu reduzir o índice em 57%”, disse. Ela avalia que é justo valorizar a redução, mas que a quantidade desmatada ainda é muito alta diante do pouco que resta preservado.
“Os 12,5% da Mata Atlântica que restam de pé no Brasil, com suas paisagens e beleza cênica, são um patrimônio natural com potencial turístico invejável. Prestam ainda diversos serviços ambientais, como a conservação das águas que abastecem as nossas cidades e a estabilidade dos solos, tão essenciais à agropecuária. Preservar o que restou e restaurar o que se perdeu precisa ser uma agenda estratégica para o país”, destaca Marcia Hirota.
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Para o diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, alguns avanços no combate ao desmatamento precisam ser considerados, como a saída de Minas Gerais do topo do ranking. O recuo seria resultado de uma moratória determinada em junho de 2013, impedindo a concessão de licenças e autorizações para supressão de vegetação nativa. “Também precisamos destacar a importância que terá o Cadastro Ambiental Rural, para sabermos onde está e monitorarmos cada um desses fragmentos de florestas que estão, em 80% dos casos, em propriedades privadas”, ressalta.