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Área de Mata Atlântica preservada na reserva de Salto Morato, no Litoral do Paraná. No ano passado, 921 hectares desse tipo de floresta foram suprimidos no estado | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
Área de Mata Atlântica preservada na reserva de Salto Morato, no Litoral do Paraná. No ano passado, 921 hectares desse tipo de floresta foram suprimidos no estado| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Imagens de satélite mostram que o ritmo de desmatamento vem diminuindo no Paraná – o estado já foi o campeão nacional de derrubada de Mata Atlântica e nunca havia conseguido ficar abaixo da casa de mil hectares devastados por ano. O Atlas de Remanescentes, divulgado nesta quarta-feira (27) pela Fundação SOS Mata Atlântica, indicou que 921 hectares de florestas – equivalente a seis parques Barigui – foram suprimidos no Paraná em 2014. Apesar da queda brusca nos números, o tamanho da área desmatada preocupa porque restam menos de 12% da quantidade original de Mata Atlântica no Paraná. Pelo segundo ano seguido, o estado aparece como o quarto que mais derrubou esse tipo de floresta. Piauí, Minas Gerais e Bahia lideram o ranking.

Os dados brasileiros também indicam redução no ritmo de desmatamento. Depois de dois anos seguidos de alta, o país voltou a registrar menos de 20 mil hectares derrubados ao ano – contudo, a área que foi devastada em um ano equivale a meia Curitiba. Uma única cidade no Piauí, Eliseu Martins, foi responsável por 23% do total dos desflorestamentos observados no período. É o segundo ano consecutivo que o Atlas observa padrão de desmatamento nos municípios ao sul do Piauí, onde se concentra a abertura de novas áreas para a produção de soja.

Mapeamento

O estudo avaliou o que resta de Mata Atlântica em 17 estados brasileiros. O mapeamento consegue identificar situações de derrubada que são maiores do que um campo de futebol. Algumas áreas – como uma grande porção do Litoral Norte do Paraná – não puderam ser analisadas porque as imagens foram feitas em dias com muitas nuvens.

Para Marcia Hirota, diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica e coordenadora do Atlas, alguns estados têm motivo para comemorar e outros estão em situação alarmante. “Eu quero destacar o Paraná, que já foi recordista de desmatamento na floresta atlântica e conseguiu reduzir o índice em 57%”, disse. Ela avalia que é justo valorizar a redução, mas que a quantidade desmatada ainda é muito alta diante do pouco que resta preservado.

Devastação caiu 24% no país

Levantamento da SOS Mata Atlântica e do Inpe mostra que Piauí, Minas Gerais e Bahia foram os estados que mais desmataram a floresta.

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“Os 12,5% da Mata Atlântica que restam de pé no Brasil, com suas paisagens e beleza cênica, são um patrimônio natural com potencial turístico invejável. Prestam ainda diversos serviços ambientais, como a conservação das águas que abastecem as nossas cidades e a estabilidade dos solos, tão essenciais à agropecuária. Preservar o que restou e restaurar o que se perdeu precisa ser uma agenda estratégica para o país”, destaca Marcia Hirota.

Em alerta

Paraná, Santa Catarina e Mato Grosso do Sul, que em outras edições do Atlas lideraram o ranking dos maiores desmatadores da Mata Atlântica, apresentaram melhores resultados no atual levantamento, mas ainda merecem atenção. No Paraná, os principais focos de desmate ocorreram na região Centro-Sul e também na divisa com Santa Catarina.

Para o diretor de Políticas Públicas da Fundação SOS Mata Atlântica, Mario Mantovani, alguns avanços no combate ao desmatamento precisam ser considerados, como a saída de Minas Gerais do topo do ranking. O recuo seria resultado de uma moratória determinada em junho de 2013, impedindo a concessão de licenças e autorizações para supressão de vegetação nativa. “Também precisamos destacar a importância que terá o Cadastro Ambiental Rural, para sabermos onde está e monitorarmos cada um desses fragmentos de florestas que estão, em 80% dos casos, em propriedades privadas”, ressalta.

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