Família Chiah
O pai de Nariman, Osman Fleiman Chiah, chegou ao Brasil há 50 anos. Chiah deixou Baalbek, no Líbano, para trabalhar e construir uma nova vida em Matinhos, no litoral paranaense. Segundo Ahmed Osman Chiah, irmão de Nariman, o pai vendia roupas pelas ruas da cidade. "Ele tinha uma carroça e saía vendendo tudo. Hoje, ele possui um comércio", conta.
No município de Matinhos, a mãe de Nariman, Mahasen Chiah, possui um restaurante de comida árabe com o filho Ahmed. "Minha mãe já está no Brasil há 33 anos. Ela se casou com meu pai quando ele voltou ao Líbano e a trouxe para cá", diz Ahmed.
A família, que é composta de cinco irmãos, três homens e duas mulheres, vai ficar completa com a chegada de Nariman, nesta quinta-feira (11). Nariman, que está grávida de cinco meses de uma menina, decidiu dar o nome da filha de Mahasen, em homenagem a sua mãe.
Paranaense que fugiu do Líbano deve chegar ao Brasil nesta quinta-feira (11)
- RPC TV
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Com balões, cartazes, faixas de boas-vindas e muita festa. É assim que a família da paranaense Nariman Osman Chiah, de 21 anos, quer recebê-la ao desembarcar no Aeroporto Internacional Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba, na tarde desta quinta-feira (11). Nariman deixou a cidade de Milão, na Itália, às 17h30 desta quarta-feira (10), após ter conseguido fugir do Líbano, onde supostamente sofria maus-tratos do marido.
O irmão de Nariman, Ahmed Osman Chiah, conta que a família está muito feliz com a chegada da irmã. "Esperamos ansiosos por ela. Todos nós vamos ao aeroporto com muitas bexigas e cartazes", diz. Os familiares também preparam uma celebração em Matinhos, no Litoral do Paraná. "Em nossa casa vamos fazer algo mais íntimo, somente para família mesmo, mas ainda não sabemos o que preparar", afirma.
Na tarde desta quarta-feira (10), Nariman ligou para a família e disse que ela e o filho passam bem. "Todos estão tranqüilos com o fim de tudo isso que aconteceu", disse Chiah. Na terça-feira (9), o vôo em que ela decolaria do aeroporto de Istambul, na Turquia, com destino a Milão chegou a atrasar, mas não adiou a viagem. Agora, Nariman deve chegar a São Paulo por volta das 6h30 desta quinta e esperar até as 14h por um vôo a Curitiba, onde desembarca às 15h.
Nariman passou os últimos dias na embaixada brasileira na Síria, para onde foi depois de uma difícil fuga do Líbano, onde mora o marido, que ela acusa de agressão. Em situação ilegal, por ter sido acusada pelo marido de abandono e seqüestro, Nariman precisou da ajuda do governo brasileiro para regularizar documentos. "O consulado e o Ministério das Relações Exteriores arrumaram tudo para ela poder ir para a Turquia legalmente", conta Chiah.
O irmão ainda diz que o marido de Nariman, Ahmed Holeihel, chegou a entrar em contato com a família, na terça-feira, e que queria informações sobre a mulher e os filhos. "Conversei um pouco com ele e depois ouvi ele falando com o pai", diz. "Ele falou que vai casar de novo por lá e para não o incomodarem".
Segundo Ahmed, a família não teme a possibilidade de Holeihel tentar vir ao Brasil. "Não tem nem como. Ele está impedido pela Interpol de deixar o Líbano".
Holeihel foi autuado em abril de 2007 em Guarapuava, na região Central do Paraná, pelo porte de 440 CDs e DVDs pirateados. Na época, ele recebeu ordem de prisão, porém está foragido. O libanês teria uma audiência na cidade no começo agosto, mas não compareceu. Com isso, a Justiça pediu a prisão preventiva de Holeihel por contrabando e crime de violação autoral.
Fuga
Nariman não conseguia deixar o Líbano por causa de leis religiosas do país e decidiu correr todos os riscos por sua liberdade ao lado do filho. Ela tentou atravessar a fronteira do país ilegalmente. Segundo reportagem exibida no Fantástico, no domingo (7), com uma legislação ocidentalizada, a Turquia seria o porto seguro para o embarque da paranaense ao Brasil.
Na madrugada do último sábado (6), Nariman, que estava refugiada em um abrigo sob proteção de uma organização não-governamental e do consulado brasileiro, iniciou a travessia clandestina, a pé, grávida de cinco meses e com o filho, rumo à Síria. O grupo cruzou montanhas e um rio, protegido pela escuridão da madrugada.
De táxi, margeando o Mar Mediterrâneo, Nariman e o filho seguiram para Halep, no Noroeste da Síria. Como não tinham o documento de entrada no território sírio, eles não consegtuiram deixar o país, e chegaram a ser ameaçados de prisão. Ela e o filho seguiram então para Homus, a quatro horas de Halep, onde tentariam conseguir a documentação exigida. De novo não foi possível, e novamente foram ameaçados de prisão. No desespero, Nariman conseguiu, no domingo (7), contato com a embaixada brasileira em Damasco, na Síria.
Entenda o caso
Nariman tentava fugir do Líbano desde que começou a sofrer agressões do marido, o libanês Ahmed Holeihel. No dia 21 de julho, ela foi barrada no aeroporto de Beirute, quando tentava retornar ao Brasil com o filho, no dia 21 de julho. O problema é que ela tem contra si uma ação aberta por seu próprio marido, Ahmed Holeihel, que a acusa de abandono do lar conjugal e seqüestro de menor, em um tribunal religioso.
De acordo com o cônsul-geral do Brasil em Beirute, Michael Gepp, essas acusações a impediam de sair do território libanês. Nariman disse à Gazeta do Povo Online que um advogado negociava a questão judicial no tribunal de Baalbek.
Ela foi para o Líbano com Holeihel no começo do ano. "No Brasil meu marido não me batia, ele tinha medo", conta. "Quando chegamos aqui é que começaram as agressões". No final de junho, Nariman fugiu de casa e procurou o consulado brasileiro para pedir ajuda para retornar ao país. Depois de ser barrada no aeroporto, Nariman e o filho foram conduzidos pelo consulado a uma organização não-governamental libanesa que presta auxílio a mulheres e crianças vítimas de violência doméstica. Sem agüentar a espera pela Justiça do Líbano, Nariman decidiu fugir para o Brasil ilegalmente no último sábado.
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