“Deus vai dar a eles o que merecem”, disse na tarde desta sexta-feira (10) a mãe de uma das vítimas de um estupro coletivo que resultou na condenação de quatro adolescentes pelo crime.
Os rapazes – na faixa etária de 15 a 17 anos – foram condenados a três anos de detenção por participação no estupro coletivo contra quatro garotas no município de Castelo do Piauí (a 190 km de Teresina).
Para a mãe de uma das vítimas, que não quis se identificar, a pena dada pela Justiça é pequena diante da barbaridade cometida pelos adolescentes.
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“Mas a Justiça é quem sabe. Fico pensando quando esses meninos saírem e voltarem para Castelo. Entrego o destino deles a Deus. Sou contra mandar fazer vingança”, disse.
Em acompanhamento psicológico e sem acesso à internet, a filha dela não sabe que uma das vítimas morreu. As quatro meninas estupradas em 27 de maio foram amarradas, violentadas sexualmente a jogadas de um morro de cerca de 10 metros nos arredores do município.
Elas faziam fotos para tarefas escolares quando foram atacadas. Danielly Rodrigues Feitosa, a garota que morreu, tinha 17 anos. Ela teve esmagamento da face e fraturas no pescoço e tórax. As outras três foram internadas com traumatismo craniano, fratura no punho e tornozelo, mas já tiveram alta hospitalar.
No estupro coletivo, participaram os quatro adolescentes e um suspeito adulto – Adão José da Silva, 40. O promotor pediu a condenação de mais de 160 anos de prisão para ele, que é citado como líder do estupro. O juiz ainda não deu a sentença do Adão José da Silva, pois seu processo é separado dos menores.
Na decisão, o juiz Leonardo Brasileiro decretou a internação dos menores no CEM (Centro Educacional Masculino), em Teresina, pelos crimes de estupro coletivo, homicídio e tentativa de homicídio.
Na sentença, o magistrado solicita que os adolescentes sejam submetidos a avaliações comportamentais a cada seis meses e o relatório será encaminhado à Justiça. O juiz solicitou também que os quatro menores irão receber tratamento médico, já que são usuários de droga.
‘Loirinha boa’
“A intenção deles era matar as adolescentes. Foi um crime com requinte de crueldade, sem possibilidade de defesa das vítimas, com ato de desprezo, chacota, ironia -chegaram a chamar vítima de ‘loirinha boa – e por motivo torpe”, disse o promotor Cezário de Souza Cavalcante Neto, que acompanhou o caso.
Segundo ele, a sentença do juiz foi bem fundamentada, mas o promotor poderá contestar os itens em que o magistrado não considerou os crimes de corrupção de menores e associação criminal.