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Pesquisa publicada em junho na Revista Ciência e Tecnologia de Alimentos sobre quatro regiões produtoras de leite no País indicou Londrina (Norte do paraná) - entre as cidades de Botucatu (SP), Viçosa (MG) e Pelotas (RS) – como a que obteve o maior número de amostras de leite cru contaminadas com resíduos de antibióticos - proibido por portarias do Ministério da Agricultura.

A pesquisa foi desenvolvida pela equipe do Laboratório de Inspeção de Produtos de Origem Animal da UEL, em 2005, e contou com apoio da Universidade de São Paulo (USP), Unesp de Botucatu, Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Universidade Federal de Viçosa (UFV).

Nas quatro cidades pesquisadas, 210 amostras de leite cru foram coletadas na origem. Das 63 amostras de Londrina, 20,6% (13) tiveram presença de antibióticos. Na cidade de Viçosa, das 47 amostras, quatro estavam contaminadas (8,5%) e, em Botucatu, também quatro (8%) das 50 amostras apresentaram antibiótico. Em Pelotas, entre 50 amostras, três estavam contaminadas (6%). Do lote total de análises nas quatro cidades, 11,4% delas tinham resíduos do medicamento. A média global de análises contaminadas está próxima à média brasileira (em torno de 10%), mas, em Londrina, os resultados foram quase duas vezes piores.

Os antibióticos encontrados servem para o tratamento da mastite no gado leiteiro – inflamação das glândulas mamárias do animal. Durante o período em que o medicamento é aplicado, o animal deve ficar em uma espécie de "quarentena" em que todo o leite produzido deve ser descartado até a eliminação completa do antibiótico. "Na média, a mastite ocorre pela ausência do controle da higiene na hora da ordenha, falta de cuidados necessários ao manuseio do animal e até mesmo por contaminação do meio ambiente", diz o médico veterinário e professor da UFV, Luis Augusto Nero. Doutorado pela USP, ele participou da pesquisa realizada na UEL. "Muitos produtores mantêm o animal produzindo, mesmo estando com mastite e tomando antibiótico", afirma.

A presença de antibióticos no leite pode ter graves implicações para a saúde, mas os dados disponíveis até agora dizem respeito apenas ao leite cru. Segundo Nero, as grandes cooperativas tomam o cuidado de testar o leite ao comprá-lo do produtor. Leite contaminado com antibióticos, diz ele, não permite à indústria agregar valor. Para a elaboração dos derivados, como as bebidas lácteas e o queijo, o produto com antibiótico não atinge a fermentação ideal.

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