No segundo dia do julgamento do caso Eliza Samúdio, nesta terça-feira (20), o preso Jaílson Alves de Oliveira, uma das testemunhas de acusação, confirmou que o ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, teria assumido a autoria do assassinato da ex-namorada do goleiro Bruno Fernandes. O segundo dia do júri popular teve confusões, impugnação de testemunhas e destituição de advogados.
Oliveira foi arrolado como testemunha de acusação porque já havia denunciado, por meio de seu advogado, que ouviu Bola confessar que matou Eliza e que jogou as cinzas da vítima em uma lagoa no bairro Liberdade, em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte.
Jaílson já havia denunciado um suposto plano de Bola (cujo processo foi desmembrado do de Bruno após seus advogados abandonarem o plenário do Tribunal do Júri, nesta segunda-feira), para matar cinco envolvidos no caso. As vítimas seriam a juíza Marixa Fabiane Lopes, o delegado Edson Moreira, o presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas, deputado estadual Durval Ângelo (PT), e os advogados José Arteiro Cavalcanti, assistente da acusação, e Ércio Quaresma, que chegou a defender Bruno e, já como defensor de Bola, liderou o abandono do plenário.
Jaílson também denunciou que Bruno teria armado um plano com a participação do traficante Francisco Lopes Bonfim, o Nem da Rocinha, para matar Marixa. As denúncias foram investigadas pela Polícia Civil mineira, que não encontrou nenhuma evidência do suposto plano.
Durante o julgamento na tarde desta terça-feira, o preso reafirmou as denúncias e centrou ataques também em Luiz Henrique Ferreira Romão, o Macarrão, braço direito do goleiro que também está sendo processado pelo sequestro, cárcere privado, assassinato e ocultação de cadáver de Eliza.
Em depoimento prestado à polícia e confirmado no plenário do Tribunal do Júri, Jaílson afirmou que Bruno financiava e Macarrão, junto com o motorista Clayton Gonçalves da Silva, controlava o tráfico de drogas no bairro Liberdade. Disse também que o goleiro seria o mandante dos assassinatos de pessoas ligadas ao caso de Eliza, hipótese descartada pela polícia em pelo menos dois crimes já esclarecidos.
Ameaças
Jaílson de Oliveira afirmou ainda que foi ameaçado por Bruno no dia 13 de novembro dentro do presídio Nelson Hungria, em Contagem (MG), onde os dois estão presos. Diante da juíza, ele disse que poderia falar isso "na cara dele". Sentado diante da juíza, o preso olhou para Bruno, que estava em um canto da sala, apontou o dedo e perguntou ao goleiro: "Ameaçou ou não ameaçou?". Bruno respondeu: "Nem te conheço, parceiro".
Ele contou que nesse dia estava tomando banho de sol na penitenciária quando Bruno passou, indo em direção à enfermaria. Ao vê-lo, Bruno teria feito a ameaça. "Ô Jaílson, o que é seu está guardado. Você não sabe com quem está mexendo. Os seus dias estão contados", teria dito o goleiro.Segundo Oliveira, ele também foi ameaçado em uma delegacia, quando foi participar de uma acareação com Bola. O detento disse que está alojado na enfermaria do presídio por causa das ameaças de morte.
Oliveira afirmou ainda que conhece o réu Luiz Henrique Romão, o Macarrão, e o ex-motorista de Bruno, Cleiton Gonçalves, que depôs na segunda-feira (19) como testemunha. O detento disse que cumpre pena de 36 anos e sete meses de reclusão por latrocínio e que também foi condenado por "um monte de furtos".
Impugnação de testemunhas
O promotor Henry Wagner Castro pediu no fim da tarde desta terça-feira a impugnação de cinco a seis testemunhas de defesa, por quebra da incomunicabilidade. Segundo Castro, as testemunhas se comunicam por telefones celulares no hotel onde estão hospedadas. Ele informou que está sendo feito um boletim de ocorrência que será levado depois para a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues decidir sobre a impugnação. Os nomes das testemunhas não foram divulgados. A juíza informou que só irá anunciar sua decisão nesta quarta-feira (21).
Troca de advogado
O segundo dia do julgamento foi marcado novamente por tumultos e pela troca do advogado do goleiro. Três testemunhas da acusação foram ouvidas no fórum de Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte. A sessão foi interrompida por volta das 18 horas e será retomada nesta quarta, a partir das 9 horas, com apenas três dos cinco réus - Bruno, Macarrão e Fernanda Castro, ex-namorada de Bruno.
Logo no início da sessão, Bruno pediu a destituição de seus dois advogados, Rui Pimenta e Francisco Simim. O pedido gerou confusão e a sessão chegou a ser interrompida por dez minutos. Na volta, o ex-goleiro do Flamengo comunicou à juíza que estava destituindo Pimenta, que ficou surpreso com a atitude de seu cliente.
Em seguida, o goleiro quis destituir seu outro advogado, Simim, alegando que por ser defensor também da sua ex-mulher, Dayanne de Souza, isso poderia causar prejuízo em caso de eventual discordância.O promotor Henry Wagner Castro interveio, alegando que a preferência no julgamento é para os réus presos e defendeu que Simin deixasse a defesa de Dayanne.
A juíza optou então por desmembrar o julgamento de Dayanne e informou que a nova data será marcada juntamente com a do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. Francisco Simim afirmou que o pedido de destituição foi uma manobra para tentar adiar o julgamento.
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