Um homem foi preso na manhã desta sexta-feira (7), em Curitiba, suspeito de ter matado o agente penitenciário Carlos Alberto Pereira, de 52 anos, o Federal, assassinado na terça-feira (4). Nilson Ramos de Paula, de 25 anos, foi preso em casa, no bairro Tatuquara. A polícia também apreendeu o carro que teria sido usado no crime e duas armas.
A Justiça havia expedido o mandado de prisão temporária do acusado no início desta manhã. A Delegacia de Homicídios (DH) apontou que Ramos de Paula traficava drogas no bairro Fazendinha. Segundo a polícia, ele já tem passagem por tráfico e por homicídio. "No momento do cumprimento do mandado de prisão, o acusado dormia, com um revólver calibre 38 ao lado do travesseiro", disse o delegado Rafael Vianna, responsável pelas investigações.
De acordo com a DH, o crime foi motivado por uma desavença "pessoal e ocasional" entre a vítima e o acusado. A polícia, no entanto, não soube detalhar qual o tipo de desentendimento entre os dois. "Apesar do envolvimento do acusado com o comércio de drogas, as investigações comprovam que o crime não tem nenhuma relação com o tráfico", ressaltou o delegado. Com isso, foi descartada a hipótese inicial de que o crime tivesse sido cometido em razão do cargo que Pereira ocupava.
Na operação, foram apreendidos um revólver calibre 38 e uma pistola calibre 380, que foi encaminhada à perícia. A polícia também apreendeu um Audi A3, que teria sido utilizado por Ramos para chegar e fugir do local do assassinato. O carro pertence a um outro homem, que também deve ser indiciado. Ramos de Paula deve ser encaminhado ao Centro de Triagem II, em Piraquara, na região metropolitana.
Crime
Pereira foi assassinado enquanto pintava o portão da própria casa, no bairro Fazendinha, em Curitiba, na tarde de terça-feira (4). Ele já havia sido chefe de segurança do antigo presídio do Ahú e da Casa de Custódia de São José dos Pinhais, na região metropolitana de Curitiba.
De acordo com a DH, Pereira estava de férias e pintava o portão da residência quando foi surpreendido por um homem encapuzado que abriu fogo. O agente foi atingido por dois tiros na cabeça e um no tórax e morreu no local. No carro dele, que estava estacionado na garagem, também havia sinais de disparos.
Durante o velório e enterro de Pereira, agentes penitenciários fizeram uma manifestação na tarde de quarta-feira (5), pedindo a liberação do uso de armas de fogo pela categoria. Carregando faixas e cartazes, cerca de 50 agentes que estiveram no velório fecharam por cinco minutos a Rua João Bettega, nas imediações do cemitério Jardim da Saudade, onde o corpo foi enterrado. "Agentes Penitenciários: categoria unida por mais segurança para os trabalhadores", dizia uma das faixas.
Mobilização
Dos cerca de 1,5 mil agentes penitenciários que trabalham em Curitiba e região, os 500 que estavam na escala de trabalho da quinta-feira (6) suspenderam as rotinas dentro das unidades. Ou seja, os agentes ficaram nos postos de trabalho para cuidar dos presos, mas não houve movimentação, como banho de sol e atendimento, em nenhum presídio da região. A paralisação foi uma forma de protesto pela morte de Federal. Os trabalhos foram normalizados ainda na quinta-feira.
No mesmo dia, representantes do Sindarspen se reuniram com a secretária de Justiça, Maria Tereza Uille Gomes. No encontro, que durou três horas, foram discutidos assuntos referentes a morte de Pereira, ações do governo que garantam mais segurança aos agentes dentro e fora dos presídios, a profissionalização da administração penitenciária e a regulamentação do porte de arma para esses profissionais.
"O saldo da reunião é muito positivo. Há uma esperança de melhora e queremos ver nos próximos meses mudanças na gestão das unidades para que as falhas que hoje existem sejam deixadas de lado", diz Johnson.
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