Crime ocorreu em 31 de maio de 2011, no bairro Campo de Santana, quando Louise recebeu dois tiros e teve corpo arremessado do alto de ponte| Foto: Arquivo Familiar

Começou por volta das 16h30 o debate entre defesa e acusação no julgamento da última acusada de participação no assassinato da universitária Louise Sayuri Maeda . Essa fase do julgamento deve durar entre quatro e cinco horas, de acordo com a acusação. O júri popular que pode levar ou não à condenação Fabiana Perpétua de Oliveira, de 23 anos, começou por volta das 13h e ocorre na 1ª Vara do Tribunal do Júri, em Curitiba. Até 21h45 o julgamento ainda estava em andamento. O advogado de defesa de Fabiana falaria por mais 50 minutos e, depois, o júri iria se reunir para chegar a uma decisão.

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Por volta das 15h, Fabiana já havia sido ouvida pelo Júri. A ré negou participação no crime. "Quero falar que eu realmente não sabia do crime. Para mim, a gente ia sair para beber", disse. Em relação ao uso de drogas, Fabiana afirmou que era usuária de cocaína, mas havia parado de usar o entorpecente. Ela disse que teve uma recaída após o crime.

O assistente de acusação, Gianfranco Petruzziello, perguntou se Fabiana sabia que Márcia tinha uma arma. A acusada confirmou. Fabiana declarou que foi coagida depois do crime. "A Márcia vivia dizendo que eu não poderia falar nada sobre o crime, então fui ameaçada", disse Fabiana.

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Petruzziello também perguntou como foram os 17 dias depois do crime. "Foi complicado. Eu tive que começar a inventar histórias, inclusive para o policial que foi até a loja conversar com a gente", declarou Fabiana.

A acusada afirmou ainda que estava sendo ameaçada por Márcia dentro da cadeia. "Ela dizia que depois que a gente saísse da cadeia a gente iria acertar as contas", contou.

Petruzziello afirmou que a acusação vai provar que Fabiana sabia que o crime iria acontecer. "A defesa veio com uma tese surpreendente de que a Fabiana não sabia do que iria acontecer. Nós vamos rechaçar e mostrar que ela sabia", afirmou o assistente de acusação.

Por outro lado, o advogado da acusada, Juliano Flenik, sustenta a afirmação de que Fabiana não sabia sobre o crime. "A defesa é muito complexa. Nós vamos mostrar agora 11 quesitos de defesa, como por exemplo o desconhecimento do fato e inexistência de conduta. Vamos trabalhar também com a questão de que a Fabiana na época tinha menos de 21 anos", disse.

Família

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Dez familiares de Maeda estão presentes no julgamento desta segunda-feira (07). "A cada julgamento é como se a gente vivesse tudo de novo. Esperamos que acabe logo e que a justiça dos homens seja feita", disse um familiar que não quis se identificar.

A família de Maeda acredita que Fabiana também é culpada pela morte da moça.

Condenados

Outros dois envolvidos na morte de Maeda, em 2011, já foram condenados. O primeiro julgamento levou Márcia Nascimento a 19 anos de reclusão por homicídio triplamente qualificado e ocultação do cadáver. Em fevereiro deste ano, o réu Élvis de Souzafoi condenado a 21 anos, também pelos crimes de homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver.

A expectativa do assistente de acusação da família da vítima, o advogado Gianfranco Petruzziello, é de que, assim como os demais réus do caso, Fabiana seja condenada. Contudo, o advogado acredita que a pena da acusada deve ser menor do que as já aplicadas aos demais envolvidos no assassinato. "A tendência é de que [a pena] não seja tão alta como a dos outros acusados até porque ela não foi responsável direta pelo disparo da arma de fogo. Essa deve ser a principal linha da defesa, inclusive", comentou o advogado.

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Fabiana e a outra mulher já condenada eram companheiras de trabalho de Louise. As três trabalhavam em uma iogurteria de um shopping de Curitiba. Élvis de Souza era namorado de Márcia na época do crime. A bolsa que Louise carregava na noite do assassinato foi encontrada na casa do pai de Élvis durante as buscas realizadas por policiais.

Trabalho árduo para defesa

Apesar de esperar um resultado positivo, a equipe de defesa de Fabiana considerou como "árduo" o trabalho que vem sendo feito para comprovar que ela não teve participação no assassinato. "É um trabalho árduo, até porque até o momento a acusação vem trabalhando de forma bem dura", declarou Juliano Flenik, advogado de defesa da ré.

Segundo Flenik, existem provas suficientes para demonstrar que Fabiana não teve envolvimento na autoria do crime, mas, mesmo assim, o advogado prefere o esperar o resultado do julgamento para prestar mais declarações.

Julgamento não deverá seguir pela madrugada

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Tanto a defesa como a acusação de Fabiana acreditam que, ao contrário dos outros julgamentos anteriores, o desta segunda-feira não deve ser tão longo, com possibilidade de um resultado ainda durante a noite.

De acordo com Flenik, as cinco testemunhas de acusação selecionadas pelo Ministério Público abrirão o julgamento. Há chances de dispensa de algumas delas pelo MP.

Após a oitiva das testemunhas, será feito o interrogatório da ré. Ainda compõem o julgamento os debates por parte da acusação (representada pelo Ministério Público) e da defesa. Caso o MP requeira réplica (que pode ter no máximo 1 hora e meia), a acusação terá direito a tréplica do mesmo tempo.

No meio do processo pode ser realizado um intervalo. Os jurados poderão se manifestar apenas por intermédio do juiz, caso reste alguma dúvida sobre o depoimento das testemunhas.

O inquérito

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De acordo com o inquérito do caso, o crime foi motivado por vingança e em razão da universitária ter denunciado furtos que vinham ocorrendo no caixa da iogurteria onde trabalhava. O crime ocorreu em 31 de maio de 2011, por volta das 23h57, em uma ponte sobre o Rio Iguaçu, situada na Rua Pellanda, bairro Campo do Santana, em Curitiba. Louise recebeu dois tiros, e, logo em seguida, seu corpo foi arremessado do alto da ponte.

Conforme as investigações da polícia, no início de maio de 2011, Louise descobriu uma série de irregularidades cometidas por Márcia, entre elas furtos, e sugeriu aos proprietários da empresa que demitissem a funcionária. No dia do crime, Louise e Fabiana Perpétua de Oliveira - outra acusada pelo crime - deixaram juntas o Shopping Mueller, onde fica a iogurteria em que trabalhavam.

Segundo a polícia, Márcia convenceu Fabiana a convidar a vítima para ir a um barzinho. Elas entraram em um Gol, onde Márcia e o outro acusado, Elvis de Souza, as esperavam. Eles seguiram até o bairro Campo de Santana, onde Márcia simulou passar mal. Fora do carro, Louise foi levada a um ponto isolado, onde foi executada, na versão levantada pela polícia.

Relembre o caso

Louise desapareceu em 31 de maio após sair do trabalho. O corpo foi encontrado no dia 17 de junho de 2011 em uma cava do Rio Iguaçu, em Curitiba. Márcia e Fabiana foram detidas na madrugada seguinte à confirmação da morte da universitária. Élvis se entregou à polícia somente no dia 23 de junho, mesma data em que a família fez a cerimônia de despedida e que o corpo de Louise foi cremado. No dia 15 de julho de 2011, uma reconstituição dos fatos foi realizada pela polícia. O procedimento foi realizado com base no depoimento de cada um dos três acusados. No dia 6 de outubro de 2011, o processo foi desmembrado porque a defesa de uma das acusadas pediu um exame de sanidade mental.

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