Entrega de CNHs

Aumentou em 741% o número de devoluções de carteiras de motorista suspensas na quinta-feira (28), um dia depois da Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) ameaçar prender os motoristas que não entregarem o documento. Em um dia foram entregues 328 documentos em Curitiba, contra uma média diária de apenas 39 devoluções no restante do ano. Em todo o estado, o crescimento chegou a 568% – foram 695 entregas somente ontem, contra a média de 104 devoluções nos outros dias de 2009.

A correria aos Detrans do Paraná é reflexo da resolução que dá prazo de dois dias para que os motoristas com a carteira suspensa entreguem o documento à entidade. Quem não cumprir a determinação receberá uma visita policial e, se insistir em não devolver a habilitação, será preso em flagrante por desobediência e poderá passar até seis meses na prisão.

Dos 3,9 milhões de condutores paranaenses, 69.903 estão com a carteira suspensa, mas ainda não entregaram o documento e podem estar dirigindo de maneira irregular. Desse total, cerca de 13 mil receberam mais de uma suspensão.

A medida do governo, inédita no país, veio 20 dias depois do acidente Fernando Ribas Carli Filho. A Gazeta do Povo revelou que o deputado não poderia estar dirigindo, pois estava com mais de 130 pontos na carteira.

CARREGANDO :)
Veja também
  • Carli Filho renuncia ao mandato de deputado estadual
  • IML procura laboratório para exame de maconha no sangue do deputado
  • Deputado só será ouvido depois de receber alta, diz delegado
  • Familiares e amigos de jovens mortos em acidente fazem passeata pela paz
  • Radares não flagraram Carli Filho na noite do acidente
  • Novo pedido de cassação é protocolado contra Carli Filho
  • Família de vítima de acidente pede cassação de mandato de deputado
  • Deputado Carli Filho estava com habilitação cassada, acusa família de vítima
  • Exame comprova que deputado estava alcoolizado no momento do acidente

Fernando Ribas Carli Filho pediu sua desfiliação do Partido Socialista Brasileiro (PSB), legenda pelo qual foi eleito deputado estadual em 2007. O documento de desfiliação foi protocolado na tarde desta sexta-feira (29) no diretório municipal do partido em Guarapuava, na região central do estado, onde ele estava inscrito. Carli Filho renunciou ao cargo de deputado para evitar o processo de cassação.

Publicidade

O presidente do diretório do PSB em Guarapuava, Sérgio Fanucchi, confirmou o recebimento do pedido de desfiliação. Fanucchi explicou que ainda não teve acesso ao documento pois estava em Curitiba e só retornaria a Guarapuava no final da noite. Ele disse que vai encaminhar o documento à sede estadual do partido na próxima segunda-feira (1). De acordo com Severino Araújo, presidente estadual do PSB, Carli Filho tinha até o dia 6 de junho para apresentar a defesa no processo de expulsão por violar o código de ética do partido. "Com o pedido de desfiliação, o processo perde seu objeto e será arquivado", disse Araújo.

Em nota oficial divulgada no dia 14, o PSB atribui a responsabilidade pelo acidente que provocou a morte de dois jovens ao "despreparo e irresponsabilidade do deputado, motivando revolta e repúdio da sociedade e, a condenação da opinião pública, com repercussão negativa ao PSB, inclusive em nível nacional." O documento foi assinado pelo presidente estadual do PSB e pelo líder da bancada na Assembleia Legislativa, Reni Pereira.

Renúncia

O pedido oficial de renúncia do deputado foi encaminhado pelo advogado Roberto Brzezinski ao presidente da, Nelson Justus (DEM) nesta sexta-feira. Carli Filho está hospitalizado desde o dia 7, quando se envolveu em um acidente que resultou na morte de duas pessoas.

Nesta sexta-feira encerrava-se o prazo para a apresentação da defesa de Carli Filho junto à Corregedoria-Geral da Casa, na sindicância aberta pelo corregedor-geral, deputado Luiz Accorsi (PSDB), e pela Mesa Executiva, no último dia 18 de maio.

Publicidade

O pedido de cassação do deputado foi protocolado pelo advogado Elias Mattar Assad, que representa a família de Gilmar Rafael Yared, morto no acidente. O deputado era acusado de quebra de decoro parlamentar por dirigir com a carteira de motorista suspensa quando se envolveu no acidente. No dia 21, o Partido da Mobilização Nacional (PMN) também assinou o pedido de cassação do deputado.

No documento de renuncia, Carli Filho declara: "Sr. Deputado Nelson Justus, digníssimo presidente da Assembléia Legislativa do Paraná e Colenda Assembléia Legislativa, renuncio perante Vossa Excelência ao mandato que o povo paranaense me outorgou nas eleições de 2006 e nas quais tive a honrosa escolha de ser o parlamentar mais jovem da atual legislatura." Ele relata que o destino que lhe proporcionou essa honra também lhe reservou a "trágica surpresa" de se envolver, sem sua vontade no acidente. Um dos motivos da renuncia, segundo o documento, seria poupar os demais deputados da "dolorosa missão de julgar um acusado que ainda não foi ouvido, mas que está sofrendo, em sua grande intensidade, uma condenação antecipada como resposta e punição para a tragédia".

Ainda no documento, ele lembra que ao deixar o cargo perde o foro privilegiado e responderá ao processo como qualquer cidadão. "Aguardo o meu processo e julgamento sem prerrogativas funcionais ou privilégios de qualquer ordem para receber, como cidadão comum, a sentença que as circunstancias do fato e a sensibilidade da Justiça determinarem".

Procedimento

De acordo com a Assembleia, o ofício de renúncia será lido pelo presidente Nelson Justus na sessão plenária de segunda-feira (1). Será convocado, então, o suplente para assumir o mandato de deputado estadual, que se estende até 31 de janeiro de 2011.

Publicidade

O corregedor-geral, deputado Luiz Accorsi, informou que, diante da renúncia, a sindicância que conduzia para apurar eventual quebra de decoro parlamentar fica extinta.