Um dos dois autores do relatório que pede a cassação do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) por quebra de decoro, o senador Renato Casagrande (PSB-ES) defende um acordo de líderes para que a sessão do plenário que vai decidir o futuro de Renan, na próxima quarta-feira, seja aberta. O artigo 197 do regimento do Senado prevê que a votação para cassação de mandato deve ser fechada, e não fala em exceções, mas Casagrande argumenta que um acordo de líderes pode permitir que a sessão seja aberta, embora mantendo-se o voto secreto.
- O Senado não tem experiência e prática para enfrentar casos como esse. Então, ninguém atentou para que seria uma sessão secreta, mas espero que um acordo de líderes decida pela votação secreta apenas, com sessão aberta. Estamos conversando para isso. O Senado já tem prática de fazer acordos para agilizar as votações, mesmo passando por cima de regras regimentais. Então existe a possibilidade de termos um acordo - afirmou o senador.
Otimista, Casagrande acredita que até mesmo os aliados de Renan poderiam apoiar a abertura da sessão, uma vez que, na opinião dele, dificilmente haveria mudança no placar da votação. Para o relator, a sessão secreta é uma anomalia do regimento do Senado.
- Não vejo porque os aliados de Renan seriam contra (o acordo). Acho que a sessão aberta não muda nada, porque a votação continua secreta, não vai alterar o resultado. A sessão secreta é uma decisão pré-histórica, uma anomalia do nosso sistema, uma cultura arcaica que temos e que precisa ser vencida - disse o relator.
De acordo com o artigo 192 do regimento do Senado, antes de se iniciarem os trabalhos da sessão secreta, "o presidente determinará a saída do plenário, tribunas, galerias e respectivas dependências, de todas as pessoas estranhas, inclusive funcionários da Casa. O presidente poderá admitir na sessão, a seu juízo, a presença dos servidores que julgar necessários".
A líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (PT-SC), disse que o partido não vai fechar questão sobre o caso Renan. Segundo ela, cada um dos 12 senadores petistas está liberado para votar como achar melhor.
- Nenhuma liderança de partido tem o direito - e eu não farei isso na bancada do PT - de tentar qualquer fechamento de questão. Cada um dos parlamentares vai votar conforme a sua consciência - disse.
Na semana passada, o Conselho de Ética do Senado aprovou o relatório conjunto de Casagrande e Marisa Serrano (PSDB-MS) que pede a cassação do mandato de Renan, acusado de receber dinheiro de um lobista da construtora Mendes Júnior para pagar a pensão alimentícia da filha que tem com a jornalista Mônica Veloso. Casagrande e Marisa apontaram oito razões para cassar Renan.
Dor de cabeça
Renan ganhou mais uma dor de cabeça às vésperas da votação no plenário do Senado. Em entrevista à revista "Época" deste fim de semana, o advogado Bruno Miranda afirma que apadrinhados do peemedebista fazem esquemas na Fundação nacional da Saúde (Funasa). Segundo Bruno, uma investigação nos contratos da Funasa encontraria valores superfaturados e o aparelhamento da autarquia pela família do lobista Luiz Coelho, que fazia negócios obscuros em nome de Renan.Assine O Globo e receba todo o conteúdo do jornal na sua casa
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