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Achincalhado diversas vezes na sessão que aprovou a continuidade do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, neste domingo, o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não respondeu a nenhuma das críticas dos colegas que o chamaram de “ladrão”, “golpista”, “canalha” e “tirano” entre outros predicativos nada elogiosos. Nem na sessão, nem depois dela.

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Sem esboçar qualquer desagravo ou mesmo emoção diante das acusações de corrupção, como lhe é de costume, viu deputados citarem o fato dele ser réu na Lava Jato para questionarem o processo de impeachment aberto por ele, ao qual empreitou esforço pessoal para, inclusive, ser tratado com celeridade na Casa, sem qualquer aparente incômodo. Sequer as acusações dos governistas de que agia por vingança foi rebatida. Após a votação, ele ateve-se a pressionar o Senado pela continuidade ágil do processo.

Deputados do PSOL, do PCdoB e do PT fizeram as críticas mais contundentes a Cunha. Jean Wyllys (PSOL-RJ) o chamou de “ladrão”, enquanto Glauber Rocha (PSOL-RJ), o classificou como “gângster”. Gritos de “Fora Cunha” também não foram raras na Casa, e, no início da sessão, uma faixa com os dizeres chegou a ser aberta às costas da mesa diretora.

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“Eduardo Cunha, o senhor é um gângster. O que dá sustenção a sua cadeira cheira a enxofre”, disse Rocha, em alusão ao demônio.

“Quem devia sair é esse aí, esse que está presidindo. A população vai reagir contra este golpe, contra os traíras, os golpistas. Parece que a turma que está no entorno da corrupção está aumentando”, afirmou o deputado Luiz Couto (PT-PB), apontando para Cunha.

“Voto contra os golpistas, contra Eduardo Cunha, contra Michel Temer”, acusou Margarida Salomão (PT-MG).

“Ficou muito claro para a sociedade brasileira qual é a aliança pelo impeachment, que une corruptos, torturadores, como Jair Bolsonaro, e traidores da pátria”, disse Jandira Feghali (PCdoB-RJ).

Acusações de mascarar as reais motivações em instituir o processo de impeachment foram proferidas até mesmo por quem se absteve do voto.

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“Nós fizemos a nossa parte, respeitando a Constituição, a lei e o regimento. E fizemos o possível para conduzir com toda a isenção possível”, respondeu Cunha de forma resumida na madrugada de segunda-feira (18) à imprensa, estendendo-se, no entanto, quando o assunto passou a ser a agenda do Senado.

“O Brasil precisa sair do fundo do poço. É preciso que a gente resolva essa situação politicamente o mais rápido possível, que o Senado dê a celeridade que vai ser dada, de acordo com a Constituição, com a lei e com o regimento. Quanto mais tempo se levar para se decidir no Senado, mais a situação vai piorar. Porque o governo sequer tem ministérios. Ministros foram demitidos, alguns para votar, outros saíram porque não queriam fazer parte da base política do governo”, disse.

No entanto, ele citou a “falta de escrúpulos” do governo, acusando-o de tentar comprar votos para impedir o impeachment. “O país passa por sérias dificuldades. A presidente perdeu as condições de governabilidade já faz tempo, perdeu todo e qualquer escrúpulo nesse feirão que foi feito para tentar comprar votos de qualquer maneira [para a votação sobre o impeachment na Câmara], e chegou ao fundo do poço”.

Eduardo Cunha disse que, como presidente da Câmara, vai participar da construção de uma agenda para o Brasil sair da crise, seja qual for o resultado da análise do processo no Senado.

“Nós não podemos mais permanecer nesta crise, com o Brasil parado, recessão e desemprego. Crise que, a cada hora que passa, se agrava”, disse ele, que informou que o plenário da Câmara não terá votações nesta semana.

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