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Uma semana depois de desmontada a fraude do leite adulterado, a Polícia Federal fez, nesta segunda-feira, a descoberta de outro esquema criminoso, ao apreender, também em Uberaba (MG), 16 toneladas de queijo tipo mussarela com validade vencida em um depósito clandestino. Três pessoas foram presas.
O produto era comprado em Goiás, reembalado e vendido para grandes supermercados do país com data de validade vencida ou próxima do vencimento. A fraude era o uso indevido de selo da administração pública. O queijo tipo mussarela era estocado em uma câmara fria improvisada. As 16 toneladas apreendidas eram sete marcas - seis de Goiás e uma de Minas Gerais.
Segundo a Vigilância Sanitária, três das marcas apreendidas tinham o selo de inspeção federal do Ministério da Agricultura e poderiam ser comercializadas em todo o país. As outras quatro tinham apenas o selo de inspeção estadual, o que significa que só poderiam ser vendidas no estado de origem, ou seja, Goiás.
O depósito não tinha autorização para funcionar da Receita Estadual e da Vigilância Sanitária, e nem nota fiscal da mercadoria. Muitas das peças apreendidas estavam vencidas desde julho, ou com a embalagem aberta.
Os depoimentos à polícia só terminaram de madrugada. Um dos suspeitos confirmou que a movimentação no depósito quase sempre acontecia na calada da noite. A polícia investiga agora há quanto tempo o depósito funcionava e onde o queijo era vendido. Os acusados podem pegar de dois a seis anos de prisão.
Medidas para fiscalização
Em Brasília, o ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, anunciou medidas para aperfeiçoar a fiscalização sobre a produção de leite no Brasil. A principal das medidas, segundo ele, é o fim da presença de um só fiscal por empresa produtora de leite. A partir de agora, a fiscalização será feita por auditorias compostas por, no mínimo, três servidores, sendo dois médicos veterinários e um agente de inspeção sanitária, que poderão ficar o tempo que for necessário para averiguar toda a produção de laticínio. Atualmente, o Brasil tem 200 usinas de beneficiamento de leite voltadas exclusivamente para a produção de leite UHT. A auditoria será feita de forma aleatória e a intenção, segundo Stephanes, é de realizá-la pelo menos uma vez por mês.
- Esperamos que a nova fiscalização aumente a eficiência - disse Stephanes. - O sistema foi projetado para inibir fraudes como as detectadas em Minas, acrescentou, na primeira manifestação sobre o caso.
A ação começa a ser implementada, nesta terça-feira, em Minas e, gradativamente, em todo o país a partir da semana que vem. O foco será nos grandes produtores, que incluem ainda Goiás, São Paulo e Rio Grande do Sul.
Coleta de amostras
Outra medida do ministério é a intensificação de coleta de amostras de leite UHT de todas as marcas disponíveis, submetendo-as a análise laboratoriais para a avaliação da conformidade com os regulamentos técnicos. Pelo novo modelo, as fraudes serão encaminhadas ao Ministério Público. As empresas, a partir de agora, segundo o ministro, serão responsabilizadas criminalmente.Boa qualidade
Durante a coletiva, o ministro Stephanes, defendeu a qualidade do leite brasileiro, apesar da revelação de um esquema de adulteração do produto pela Operação Ouro Branco da Polícia Federal.
- Eu recomendo sem dúvida alguma que se beba leite no Brasil. O fato de duas dúzias de pessoas desonestas e vigaristas terem adulterado um produto criou a dúvida em relação à qualidade do produto brasileiro, mas ele continua sendo de ótima qualidade -afirmou o ministro.
Análises
Apesar de o ministro da Agricultura recomendar o consumo de leite, garantindo que o produto não traz riscos à saúde, as irregularidades cada vez mais aparecem, ao mesmo tempo que a produção cresce. De acordo com o Ministério da Agricultura, de 355 amostras de leite industrializado, analisadas de janeiro a agosto, 59 estavam fora do padrão. Foram encontrados água, amido e até coliformes fecais acima dos níveis aceitáveis. O ministério abriu investigação e informou que as empresas que produziam o leite irregular foram multadas e o produto retirado do mercado.Riscos à saúde
Neste domingo, o autor das denúncias de fraude contra as duas cooperativas de leite mineiras revelou os detalhes da adulteração. Em entrevista exclusiva ao programa "Fantástico", da Rede Globo, ele contou que testemunhou tudo em julho deste ano. Ex-funcionário de uma das empresas acusadas, disse que descobriu que botavam água oxigenada e soda cáustica no leite em conversa com os próprios colegas.
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