Fabio Camargo: acusação de que Beto Richa sabia do esquema| Foto: Rodolfo Bührer/Gazeta do Povo

O deputado estadual Fabio Camargo (PTB) acusou ontem o prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), de ter conhecimento sobre a suposta compra de apoio de ex-candidatos a vereador do PRTB para apoiar a campanha de reeleição do tucano. Na tribuna da Assembleia Legislativa, o deputado disse acreditar que o prefeito estaria envolvido porque saiu em defesa de Alexandre Gardolinski, ex-funcionário da prefeitura que coordenou o Comitê Lealdade, formado por dissidentes do PRTB que apoiaram a campanha tucana.

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A defesa de Gardolinski foi feita pelo prefeito durante entrevista à rádio Band News, na segunda-feira. Richa disse que Rodrigo Oriente, que trabalhou no comitê de dissidentes do PRTB e denunciou o esquema, deverá ser acionado judicialmente e que Gardolinski teria sido induzido ao erro por Oriente.

Fabio Camargo, que disputou a eleição para a prefeitura no ano passado, foi um dos principais prejudicados pela dissidência do PRTB, pois esse partido formalmente estava coligado ao PTB do deputado estadual e não ao PSDB de Richa.

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Para Fabio Camargo, o prefeito não poderia sair em defesa de alguém que teria cometido crime eleitoral. "A partir do momento que Beto Richa defende o Gardolinski, que está escondido, mostra que estava mancomunado com ele", disse. Gardolinski gravou em vídeo o pagamento de R$ 1,6 mil para 23 candidatos a vereador do PRTB que desistiram de disputar a eleição e acabaram trabalhando na campanha de Richa.

O deputado também criticou a tentativa do prefeito de desqualificar Rodrigo Oriente. "Querem dizer agora que ele tem ficha corrida, mas não tem. E se tivesse, como estava lotado na Secretaria de Governo da prefeitura?", questionou o deputado. Oriente foi servidor municipal comissionado por nove meses, contratado pela gestão Beto Richa.

Sem apresentar documentos, Fabio Camargo insinuou que o dinheiro pago aos ex-candidatos do PRTB durante a campanha teria sido doado por uma empresa supostamente beneficiada pela prefeitura de Curitiba com incentivos fiscais e que os recursos não teriam sido contabilizados na Justiça Eleitoral. O deputado não quis citar nomes nem dar mais detalhes com a justificativa de que o caso virá à tona em breve.

O presidente estadual do PSDB, deputado Valdir Rossoni, defendeu Richa. Disse que o prefeito não saiu em defesa de Gardolinski, ao contrário, demitiu o funcionário. E rasgou elogios a Beto Richa. "Só tem uma figura mais popular que o Beto: o presidente Lula." Rossoni também criticou Camargo por não apresentar provas de que o prefeito teria conhecimento do esquema.

O líder do PSDB na Assembleia, Ademar Traiano, disse que Fabio Camargo não tem "autoridade moral" para falar de um "nome honrado" como o de Beto Richa. Tanto Traiano quanto Rossoni afirmaram que o prefeito não precisaria do apoio de um partido nanico para ganhar a eleição e que a atitude de Camargo seria um desabafo por ter levado uma "surra" nas eleições para prefeito de Curitiba. O deputado fez 0,5% dos votos válidos (5.366 votos), contra 77% de Richa.

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O prefeito Beto Richa, por meio de sua assessoria, disse que não iria se pronunciar sobre as declarações de Camargo. A reportagem tentou entrar em contato com Gardolinski, citado pelo deputado, mas o telefone celular estava desligado.

Já o PTB, partido de Fabio Camargo, emitiu uma nota sobre a denúncia envolvendo o prefeito Beto Richa. O documento, assinado por Rodrigo Martinez, presidente municipal da legenda, diz que o partido "lamenta profundamente a existência de tais práticas no nosso processo eleitoral". Na nota, a legenda informa que aguardará as investigações do caso e que "adotará as medidas que se mostrarem adequadas para promover a punição daqueles que agiram para desestabilizar a campanha eleitoral do seu candidato a prefeito, o deputado estadual Fabio Camargo".

Informações

Os vereadores de Curitiba aprovaram ontem, por unanimidade, um pedido de informações à prefeitura sobre os servidores e ex-funcionários municipais que aparecem no vídeo recebendo dinheiro de Gardolinski. As informações requeridas pelos parlamentares se referem-se ao histórico funcional dos servidores. A líder de oposição, Noemia Rocha (PMDB), agradeceu o entendimento dos governistas para aprovar o pedido.

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