A candidata do Partido dos Trabalhadores (PT) à Presidência da República, Dilma Rousseff, afirmou nesta segunda-feira (6) que não vai utilizar o horário eleitoral gratuito para se defender das acusaões de vazamento de dados fiscais da filha do candidato do PSDB, José Serra, e de outras quatro pessoas ligadas ao partido. Segundo ela, a defesa será feita via "métodos legais".
Mais cedo, nesta segunda-feira, o candidato José Serra afirmou ver motivação política, mas não eleitoral, no escândalo de vazamento de dados sigilosos da Receita Federal. "O que houve foi um crime, crime como é a invasão da vida pessoal de qualquer cidadão. (...) Não acho que seja eleitoral [a motivação], como muitos setores acham. Tem a ver com a democracia, estilo e características de atuação do PT. Que é um partido que convive com a democracia, mas não convive bem, convive com desconforto. Porque no fundo não são democratas. O PT no fundo da alma, e até na superfície, não é democrático", afirmou o tucano durante sabatina realizada pelo Grupo Estado.
Dilma Rousseff, por sua vez, afirmou que não pretende responder a Serra no horário eleitoral. "Eu pretendo não fazer isso [responder no horário eleitoral]. Vou usar dos métodos legais para me defender, mas baixar o nível na campanha eleitoral, eu não farei. Me defender, esclarecer quando necessário, não é mentir. Não é tentar criar clima de medo no eleitor. Não é utilizar mecanismos que não compadecem com o momento de democracia em que a gente vive", disse.
Na visão da candidata do PT, é preciso haver uma "ação absolutamente rigorosa" na apuração dos vazamentos dos dados fiscais de tucanos. "A Receita Federal presta serviços. Se tem alguém fazendo mal feito, não pode culpar toda a Receita", afirmou ela.
Para Dilma Rousseff, tem ocorrido, nas últimas eleições, "movimentações" para não tentar discutir propostas para o país. "Eu queria dizer para vocês que eu não pretendo descer a esse nível. Pretendo, obviamente, me defender, mas não pretendo desrespeitar a população brasileira. Não pretendo acusar sem provas. Não pretendo, de maneira alguma, lançar situações de instabilidade no Brasil. Acho que a política do 'quanto pior melhor' e da oposição, aquela oposição ferrenha, isso foi devidamente enterrado pelo sucesso do governo do presidente Lula", declarou.
A candidata disse ainda que não subestima a população brasileira. "Eu acho que a população brasileira é crítica, é inteligente. Eles [oposição] têm uma visão elitista da população. Acho que o povo braileiro é esperto, tem inteligência suficiente para perceber o que é o desespero, e jogo eleitoral, daquilo que é sério", acrescentou.
Salário mínimo e redução da pobrezaA candidata do PT disse ainda que vai discutir com as centrais sindicais o modelo de correção do salário mínimo para os próximos anos. Pelo modelo atual, o salário será reajustado para R$ 538,15 no próximo ano, conforme a proposta de orçamento federal de 2011 enviada ao Congresso Nacional, mas as centrais pedem um valor de R$ 560 no ano que vem. Atualmente, o salário mínimo está em R$ 510.
O modelo que levou o governo a enviar a sua proposta ao Legislativo contempla a inflação do ano corrente (2011), mais o crescimento de dois anos atrás (2009). Como o país teve retração do PIB no ano passado de 0,2%, por conta da crise financeira, será concedida, pelo modelo atual, somente a inflação em 2011 para corrigir o mínimo.
"Nós estamos querendo discutir com as centrais. Vamos buscar o critério consensual. O critério [atual, que reajuste o mínimo para R$ 538,15 em 2011] é bastante razoável. Mas a gente é a favor do diálogo. A experiência mostra que a gente tem de escutar antes de fazer esse tipo de proposta. Vou partir dessa referência, mas estarei aberta a ponderações, como em qualquer processo de negociação", disse ela.
A candidata citou ainda um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), segundo o qual a pobreza absoluta (quem ganha menos de 25% do salário mínimo) pode ser erradicada no país até 2016, e disse que pretende antecipar esse processo para 2014 ou 2015.
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