Ex-diretor dos Correios diz que foi "alvo de ataque" da imprensa

O ex-diretor de Operações dos Correios coronel Eduardo Artur Rodrigues da Silva afirmou em sua carta de demissão, entregue nesta segunda-feira (20), que foi "alvo de ataque pela imprensa". Segundo ele, as "insinuações" sobre propriedade e controle de empresas podem ser desmentidas.

Silva pediu demissão após ser apontado por reportagem do jornal "O Estado de S. Paulo", como sendo ligado à empresa Master Top Linhas Aéreas (MTA), citada em denúncias de tráfico de influência que culminaram no pedido de demissão da ex-ministra da Casa Civil Eurenice Guerra e de outros dois funcionários da pasta.

Depois de entregar sua mensagem de despedida ao presidente da estatal, Rodrigues deixou a sede do órgão, no centro de Brasília, chorando. Procurado pelo G1 mais cedo, o ex-diretor se mostrou abalado e pediu para não falar: "Me dá um pouco de tranquilidade."

A carta de demissão de Silva foi entregue no início da tarde desta segunda ao ministro das Comunicações, José Artur Filardi, pelo presidente dos Correios, David José de Matos. Apesar de não haver na carta de demissão menção sobre o envolvimento da estatal em irregularidades, mais cedo, Matos disse que Silva teria isentado os Correios de "qualquer irregularidade" no documento.

"Estou pedindo demissão do cargo de diretor de operações da ECT por iniciativa própria. Não sinto mais o prazer do trabalho e do desafio que a função exige, e não vou contaminar os excelentes profissionais com que convivi nestes 48 dias com o meu desencanto", afirmou Silva na carta.

Leia abaixo a íntegra da carta de demissão.

"Brasília, 20 de setembro de 2010.

Estimado presidente David.

Vim para os Correios com a vibração e o entusiasmo dos jovens recém-formados. Aos 61 anos de idade, esta seria a coroação e o encerramento da minha carreira profissional, honrado que fui pela indicação para a função por um senador da República, sabedor da minha capacidade técnica para exercê-la.

Aviador, consultor aeronáutico, especialista em logística e operação nos aeroportos, além do conhecimento e das dificuldades da Rede Postal Noturna. Logo na chegada designamos grupos de trabalho para estudarem aperfeiçoamentos e modernizações, as quais beneficiariam a ECT no futuro.

Desde o início fui alvo de ataque pela imprensa. Minha atuação, bem como de minha filha, no mercado de consultoria aeronáutica, sempre foram de domínio público e insinuações de propriedade ou controle de empresas do setor aéreo são facilmente desmentidas.

No entanto, o mal que essas notícias provocaram é incalculável. Minha família está emocionalmente destroçada, minha vida sendo revirada e meu nome sendo alvo de suspeitas absurdas e infundadas.

Estou pedindo demissão do cargo de diretor de operações da ECT por iniciativa própria. Não sinto mais o prazer do trabalho e do desafio que a função exige, e não vou contaminar os excelentes profissionais com que convivi nestes 48 dias com o meu desencanto.

Tive muito prazer em conhecê-lo. Você tem a maturidade, sabedoria e competência necessárias para levar a empresa à diante. Por essa razão, só me resta desejar-lhe e a todos os 110.000 empregados, muita sorte e sucesso.

Um grande abraço.

Eduardo Artur Rodrigues Silva"