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O ex-diretor-geral da Assembleia Legislativa do Paraná Abib Miguel, o Bibinho, compareceu à primeira audiência de seu julgamento, na 9ª Vara Criminal de Curitiba, com uma revista de palavras-cruzadas. Ele folheou a publicação algumas vezes enquanto ouvia os depoimentos das testemunhas de acusação, que começaram por volta das 9h45. Ele também sorriu e comentou algumas das declarações feitas pelas testemunhas para seu advogado.

Antes do início da sessão, o advogado de defesa de Bibinho, Eurolino Sequinel dos Reis, solicitou para a juíza Ângela Ramina que a imprensa não estivesse presente durante os depoimentos e que o Ministério Público atuasse com um só promotor, já que ele era apenas um advogado. A juíza analisou os pedidos e negou ambos. Ela disse que a imprensa poderia assistir ao julgamento porque o processo era público, desde que ressalvadas as condições de não se fazer imagens e áudios da sessão. Quanto à atuação da promotoria, ela disse que não havia problema por serem dois promotores.

Depoimentos

Pela manhã, quatro testemunhas já haviam prestado depoimento até as 11h40. O primeiro a ser ouvido foi Marco Antonio Marconcin, que comandou a sindicância que apurou as irregularidades na Assembleia Legislativa. Em seu depoimento, ele afirmou que os processos de contratação de funcionários normalmente passavam pela diretoria geral, mas que a sindicância não chegou a uma conclusão sobre a participação de Bibinho.

Em seguida, foi ouvida Thayse Gbur. Ela e o marido, Alessandro Gbur, constavam na lista de funcionários fantasmas da Assembleia. Ela disse que o casal nunca trabalhou no local. Eles também não receberam dinheiro, abriram contas ou assinaram documentos. Thayse contou que cedeu documentos ao tio do marido, Daor de Oliveira, que é acusado de participação no esquema e está foragido da justiça. Os documentos foram cedidos porque ela seria beneficiária em um seguro que seria feito por Oliveira. Outras duas pessoas, que são permissionárias de táxi na capital, prestaram depoimento. Elas confirmaram que Eduardo Gbur atuava como taxista e não trabalhava na Assembleia.

Mais dois depoimentos deveria ser tomados antes do intervalo do almoço: de Antonio Carlos Gulbino, atual diretor de pessoal da assembleia, e de Cleia Carazzai, que trabalha na diretoria de pessoal da casa.

Neste primeiro momento, a linha da defesa tem sido tentar mostrar que as testemunhas não conhecem Abib Miguel e que nunca foram procuradas por ninguém em nome dele. O julgamento deve durar até segunda-feira (13), caso a defesa não abra mão das testemunhas de defesa.

Saúde

Até o dia 4 de dezembro, eventuais ausências do ex-diretor em compromissos judiciais estavam justificadas por um atestado médico. Problemas de saúde adiaram, por duas vezes, a ida de Bibinho a juízo. O ex-diretor-geral, que está preso, assim como dois outros ex-diretores da Assembleia, foi submetido a uma cirurgia de hérnia abdominal no Hospital São Lucas, em Curitiba, no início de novembro. A situação levou a juíza a desmembrar do processo as acusações contra Bibinho das que envolvem os demais réus.

O Ministério Público denunciou os réus pelos crimes de desvio de dinheiro público, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Além de Abib Miguel, também são réus nesse processo os ex-diretores da Assembleia José Ary Nassiff e Cláudio Marques da Silva e pessoas acusadas de serem funcionárias fantasmas. Os depoimentos de testemunhas de outro processo – em que os ex-diretores são acusados dos mesmos crimes, mas envolvendo outros casos de funcionários fantasmas – estão marcados para 12 de janeiro.

Dezenas de testemunhas de defesa e de acusação foram convocadas. Na sequência, os réus devem ser ouvidos. Dias depois, a promotoria e os advogados de defesa devem apresentar as considerações finais. Depois disso, a juíza pode proferir a sentença, o que não deve acontecer ainda neste ano. O advogado que representa Bibinho e Nassiff, Eurolino Reis, deu indícios de que o processo pode demorar, já que pretende pedir produção de provas e perícias. "Quero cópia dos depósitos bancários, dos cheques e saber quem assinou", disse ele sobre cheques que, segundo o Ministério Público, teriam sido depositados na conta de Bibinho e de pessoas ligadas a ele.

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