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Bibinho: Ministério Público explicará o pedido de prisão. | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Bibinho: Ministério Público explicará o pedido de prisão.| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Veja que depois das denúncias, diretor geral da Assembleia pede afastamento do cargo

Imprensa de todo país repercute denúncias da RPCTV e Gazeta do Povo; pré-candidatos ao governo do Paraná também falam do assunto

O diretor-geral da Assembleia Legislativa do Paraná, Abib Miguel, o Bibinho, pediu ontem afastamento do cargo até a conclusão da investigação aberta pela Casa após as denúncias feitas na série de reportagens Diários Secretos, da Gazeta do Povo e da RPCTV, pu­­blicada ao longo desta semana.

Numa carta endereçada ao presidente da Assembleia, deputado Nelson Justus (DEM), Abib diz que tem interesse na elucidação das denúncias e nega as acusações - documentos mostram o uso de dinheiro público em benefício privado, pagamento de supersalários, funcionários fantasmas e uso de laranjas. Justus aceitou o pedido de afastamento. Ainda não foi escolhido um substituto para ocupar a direção-geral.

A decisão pelo afastamento temporário de Bibinho, um dos homens fortes da Assembleia desde a década de 80, saiu no fim da tarde de ontem. Durante todo o dia, o clima na As­­sembleia foi tenso, com telefonemas e reuniões para definir a situação de Abib Miguel. Justus, que não compareceu ontem na Casa porque estava cuidando dos preparativos do casamento de um de seus filhos, passou o dia tentando resolver a crise, por telefone.

Rede de servidores

Reportagens da Gazeta do Povo e da RPCTV, com base em mais de 700 diários oficiais da Assembleia, revelaram uma rede de 20 servidores da Casa ligados ao diretor-geral afastado. Alguns deles nunca deram expediente na Assembleia, mas mesmo assim receberam altos salários. Uma parte prestava serviços particulares a Bibinho.

A série de matérias ainda revelou que a Assembleia depositou salários acima do máximo previsto por lei a 73 pessoas, num total de R$ 59,6 milhões, de janeiro de 2004 a abril de 2009. Parte dessas pessoas também é ligada, de alguma forma, ao diretor-geral afastado.

Íntegra da carta

Confira a íntegra da carta de afastamento de Abib Miguel: "Re­­centes notícias publicadas em veículos de comunicação do estado do Paraná que en­­­volvem minha pessoa merecem ser apuradas por essa Casa de Leis, de forma clara e cristalina, sem qualquer possibilidade de minha interferência. Minha trajetória pú­­blica, irrepreensível por longos anos, não pode ser maculada por especulações e sobretudo por falácias impróprias. Para tanto, peço meu afastamento das funções de diretor-geral da As­­sembleia Le­­gislativa do Paraná, até a conclusão das investigações pertinentes e sobretudo para que venha à tona a real verdade. Esclareço ainda meu total interesse na elucidação dos fatos, pretendendo junto à Assembleia Legislativa do Paraná e também no próprio Ministério Público do Estado do Paraná".

Rede de influência de Bibinho envolve mais pessoas

A rede de influência do diretor-geral afastado da Assembleia, Abib Miguel, o Bibinho, envolve mais pessoas do que a Gazeta do Povo e a RPCTV revelaram até ontem. Num prédio na Rua Voluntários da Pátria, no Centro de Curitiba, funciona a empresa Comércio de Pedra Britada Graciosa LTDA, cujos donos são Abib Miguel, o irmão dele Ehden Abib e José Ary Nassiff, o di­­retor-administrativo da Assembleia.

No mesmo endereço, funciona uma imobiliária onde trabalha o corretor de imóveis Daor Afonso Marins de Oliveira, que aparece como funcionário comissionado da Assembleia na lista de servidores da Casa divulgada em abril de 2009. Sem saber que estava sendo gravado, Oliveira confirmou que trabalha na imobiliária e que conhece há muitos anos Abib Miguel.

Oliveira, por sua vez, é tio de Eduardo José Gbur, um taxista que recebeu 65 depósitos da Assembleia, num valor total de R$ 1,2 milhão, entre janeiro de 2004 e abril de 2009, segundo documentos obtidos pela reportagem. Eduardo Gbur, que aparece como servidor da Assembleia na lista de servidores de 2009, admitiu sem saber que estava sendo gravado que nunca deu expediente na Assembleia. Ele, por sua vez, é parente de Pierre Gbur, Alessandro Gbur e Clori Gbur – outras três pessoas que receberam supersalários da Assembleia.

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