Nelson Justus, em discurso no plenário: promessa de transparência “doa a quem doer”| Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo

Deputado Nelson Justus promete abrir sindicância para apurar as denúncias

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Veja quem é e como age o homem que comanda as finanças do Legislativo do Paraná

Jocelito Canto:
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O presidente da Assembleia Le­­gislativa, Nelson Justus (DEM), anunciou ontem, em discurso no plenário da Casa, a abertura de uma sindicância interna para apurar as denúncias feitas pela Gazeta do Povo e pela RPCTV. O deputado disse que se reuniu com o procurador-geral de Justiça, Olympio de Sá Sotto Maior, na manhã de ontem. Segundo ele, o Ministério Público vai ajudar na investigação. "Eu iniciei, com a ajuda de todos os senhores e de todas as senhoras, esse processo de transparência, que não tem volta. Não tem volta. E isso já ficou esclarecido. Portanto, doa a quem doer, esta comissão vai apurar todas essas denúncias, uma a uma."

Na primeira de uma série de matérias, a reportagem mostrou a existência de edições avulsas do Diário Oficial do Legislativo e revelou o caso de duas mulheres, moradoras da área rural de Cerro Azul, que aparecem como funcionárias da Assembleia e teriam recebido R$ 1,6 milhão em cinco anos. No entanto, as duas, mãe e filha, sobrevivem graças ao pagamento do Bolsa Família. "Nenhuma (denúncia) ficará sem resposta. Vamos apurá-las todas", disse o parlamentar.

Veja no infográfico, no final da matéria, alguns exemplos de atos "estranhos" publicados nos Diários Oficiais

Embora o presidente da Assembleia tenha anunciado a participação do Ministério Público na sindicância, o procurador esteve em reunião durante toda a tarde de ontem e não confirmou o encontro com Justus. A assessoria de imprensa do Ministério Público informou que a Promotoria de Proteção ao Patrimônio Público está acompanhando o caso "com interesse" e solicitou cópias das reportagens da Gazeta do Povo e da RPCTV.

Atos avulsos

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No plenário, Nelson Justus comentou os chamados "atos avulsos", documentos que não seguem numeração ou ordem cronológica e são desprovidos de uma sequência que permita qualquer tipo de fiscalização – o que abre a possibilidade de irregularidades serem "legalizadas". Inicialmente, por meio de sua assessoria de imprensa, a Assembleia havia negado a existência de diários sem numeração. Ontem, Justus classificou esse tipo de ato como uma "publicação extraordinária". Segundo ele, esses atos não são secretos. Foi em um ato avulso, afirmou o deputado, que foi publicada a relação dos funcionários da Assembleia. Justus evitou a imprensa e disse que não dará entrevistas comentando o assunto, enquanto não houver uma explicação para as denúncias.

A reportagem também foi tema do pronunciamento do deputado Jocelito Canto (PTB). Na segunda-feira, a Assembleia havia informado que uma agricultora de Cerro Azul, que afirma nunca ter trabalhado na Assembleia, mas que teria recebido R$ 1,2 milhão em salários da Casa, era funcionária do gabinete de Jocelito. "Não conheço essa pessoa. Quero me solidarizar com ela", disse o deputado. O caso da agricultora foi mostrado pela investigação da Gazeta do Povo e da RPCTV. Jocelito pediu a Justus que emita certidão demonstrando que ela não é sua funcionária. "Eu não sou nenhum santo. (...) Agora eu não sou um marginal. Eu não sou bandido."

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Em dia tenso, diário online é visto como saída por deputados

O assunto principal era para ser o reajuste do funcionalismo público, mas o que dominou a sessão de ontem na Assembleia Legislativa foi a repercussão das denúncias feitas pela Gazeta do Povo e pela RPCTV. Com as galerias cheias e o espaço reservado aos jornalistas lotado, era visível o clima de apreensão entre os deputados. Alguns liam a versão impressa da Gazeta do Povo, outros tinham o portal da RPC aberto em seus notebooks. O discurso do presidente da casa, Nelson Justus (DEM), foi ouvido com atenção. Assim como as explicações dos deputados Jocelito Canto (PTB) e Cida Borghetti (PP).

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