Hospital tem mostra de sangue do deputado
O Hospital Universitário Evangélico de Curitiba comunicou nesta sexta-feira (15) ter amostras de sangue do deputado Fernando Ribas Carli Filho (PSB), gravemente ferido em um acidente automotivo que matou outros dois jovens na semana passada. A amostra está no banco de sangue do hospital. Até o final desta tarde, o Instituto Médico Legal não havia recebido a mostra.
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A família de Gilmar Rafael Yared, um dos jovens que morreu no acidente envolvendo o deputado estadual Fernando Ribas Carli Filho (PSB), pretende criar uma organização não-governamental (ONG) para defender vítimas de acidentes de trânsito. O anúncio foi feito na noite de quinta-feira (14), durante um culto na Igreja Evangelho Eterno, em Curitiba, realizado em memória ao jovem, que tinha 26 anos.
"Nós vamos criar uma ONG e vamos, com a ajuda de todos, tentar mudar a história desse país", disse Gilmar Yared, pai do rapaz, ao telejornal Bom Dia Paraná, da RPC TV. "Agora nós não lutamos mais por uma causa apenas nossa. Lutamos por uma causa de uma sociedade que está indignada, uma sociedade que está magoada", afirmou Cristiane Yared, mãe da vítima.
Na cerimônia, familiares e amigos de Yared usavam camisetas brancas com a foto de Gilmar e a frase "Eu quero Justiça" escrita nas costas. Na entrada do templo havia faixas com inscrições como "Vida para os nossos jovens" e "A Justiça é para todos". Foram distribuídos ainda adesivos com a frase "190 km/h é crime", em referência à suposta velocidade em que o deputado Carli Filho conduzia seu carro antes de bater com o veículo de Gilmar.
"Nós queremos a verdade para o nosso povo. E se precisar nós vamos lutar e vamos aonde precisar ir. Não interessa quem vem pela frente, nós vamos. A população não vai ficar mais quieta", disse Cristiane.
Familiares de Carlos Murilo de Almeida, de 20 anos, o outro jovem morto no acidente, acompanharam o culto ao lado dos pais de Gilmar. Cerca de duas mil pessoas estivaram na igreja, segundo os responsáveis pelo culto.
Embriaguez e alta velocidade
Depoimentos de testemunhas e provas materiais não deixam dúvidas de que o deputado Carli Filho dirigia em alta velocidade e apresentava sinais evidentes de embriaguez, segundo disse na tarde de quinta-feira (14) o promotor de Justiça Rodrigo Chemim. Carli Filho teria consumido quatro garrafas de vinho em companhia de amigos antes de dirigir, afirmou Chemim.
Foi a primeira vez que o promotor falou publicamente sobre o acidente da semana passada envolvendo o parlamentar. De acordo com ele, que foi designado pelo Ministério Público Estadual (MP) para acompanhar as investigações, imagens das câmeras de segurança de um posto de gasolina registraram o momento em que o carro do deputado se chocou com o Honda Fit no qual estavam os dois rapazes que morreram , que vinha em baixa velocidade após fazer uma curva. A gravação ainda descarta qualquer possibilidade de que um racha estivesse sendo disputado.
Até a tarde de quinta, nove testemunhas tinham sido ouvidas. Segundo os garçons que serviram Carli Filho no restaurante onde ele esteve poucas horas antes do acidente, o parlamentar jantou com o tio e também deputado estadual Plauto Miró (DEM) e, em seguida, se juntou a grupo de amigos que estava em outra mesa. Até o momento em que deixou o estabelecimento, Carli Filho bebeu quatro garrafas de vinho - não se sabe se sozinho ou com os amigos - e demonstrava estar embriagado. "Mas todas as evidências deixam claro que o deputado estava embriagado e dirigindo em velocidade excessiva."
Depoimentos dos policiais militares que atenderam o acidente e o relatório emitido pelos bombeiros do Siate também apontam a embriaguez do deputado. Todos esses documentos já estão anexados ao inquérito.
Para ter também uma prova material a partir de dosagem alcoólica, o promotor disse que o Hospital Evangélico garantiu que ainda guarda amostras de sangue do parlamentar colhidas no dia do acidente. O Instituto Médico Legal é quem irá determinar se o material ainda tem condições de ser analisado. "Independentemente disso, as testemunhas já são uma prova que confirma a embriaguez", declarou.
Testemunhas
Uma moradora da região e o motorista de um carro que vinha logo atrás do Honda Fit viram o acidente e afirmaram que o deputado dirigia em alta velocidade. Essa última testemunha disse, também, que o carro de Ribas Carli saiu do solo antes de bater no outro veículo. "As imagens do posto de gasolina são de baixa qualidade para termos detalhes da batida", informou. De acordo com Chemin, a perícia constatou que o velocímetro do Passat dirigido por Carli Filho está zerado e, por isso, ele segue atrás de informações técnicas que possam confirmar a velocidade desempenhada pelo deputado no momento do acidente.
O promotor disse que as imagens dos radares próximos ao local da colisão não indicam que o parlamentar tenha passado pela Rua Monsenhor Ivo Zanlorenzi. "Já solicitei à Urbs um tempo maior de gravações, já que aquele é o caminho por qual o deputado passou até a batida", disse.
Chemin não estipulou prazo para a conclusão do caso. Segundo ele, o inquérito está em estágio avançado.
Acidente
A colisão aconteceu na esquina das ruas Monsenhor Ivo Zanlorenzi e Paulo Gorski na madrugada de quinta-feira (7). O deputado dirigia um Volkswagen Passat de cor preta, que acabou batendo contra um Honda Fit de cor prata. Após a colisão, os carros foram parar na Rua Barbara Cvintal, uma via local paralela à Monsenhor Ivo Zanlorenzi. Pedaços de lataria, vidros e ferros ficaram espalhados por cerca de cem metros.
Reportagem da Gazeta do Povo revelou que Carli Filho teve a carteira de motorista cassada em razão do excesso de multas maioria por excesso de velocidade.
A família Yared pediu a cassação do mandato do deputado. A Assembleia Legislativa deve analisar a solicitação nos próximos dias. Ninguém da família do deputado comenta o acidente.
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