Novas evidências lançam suspeitas sobre a negociação da Fazenda Cocal, da família Calheiros, em Murici (AL). Depois de o primo e irmão adotivo do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Dimário Cavalcante Calheiros causar alvoroço ao denunciar ao Ministério Público Federal que foi usado como "laranja" pela própria família na compra da propriedade, a edição deste domingo do jornal O GLOBO revela que a fazenda pertencia, em 2006, à agricultora Marlene Gomes da Silva, que na verdade é uma ex-empregada doméstica das terras e havia morrido nove anos antes, em 1997.
A Cocal é uma das propriedades adquiridas pelos Calheiros e anexadas à principal fazenda da família, a Santa Rosa. O gerente das fazendas da família afirmou que a Cocal pertence a Renan Calheiros, embora, oficialmente, não faça parte da declaração de bens do senador. Ex-gerente das fazendas da família, Dimário descobriu, em 2005, que era dono, no papel, da propriedade, de 108 hectares. Ele denunciou ao Ministério Público que nunca as adquiriu. O cartório de Murici é acusado de "aumentar" o tamanho das terras. A tabeliã Maria de Lourdes Ferreira, que assinou a certidão de compra, não foi encontrada.
As suspeitas de que "laranjas" foram transformados em donos de grandes pedaços de terra surgiu depois que o Ibama iniciou um levantamento da situação fundiária da Estação Ecológia de Murici, que fica em região de Mata Atlântica. O órgão ambiental pretende desapropriar fazendas para executar o plano de recuperação ambiental da reserva. Para isso, pagará indenizações milionárias.
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