Réu na Lava Jato
Nestor Cerveró se tornou réu no processo da Operação Lava Jato em dezembro, quando foi denunciado pelo Ministério Público Federal do Paraná (MPF) por lavagem de dinheiro e corrupção ativa. Além dele, foram denunciados Fernando Antonio Falcão Soares, conhecido por Fernando Baiano, o doleiro Alberto Youssef e o empresário Julio Gerin de Almeida Carmargo, da Setal Engenharia.
Cerveró é suspeito de participar de um grande esquema de corrupção na Petrobras, desviando recursos de contratos da área Internacional para abastecer políticos do PMDB, que o indicaram para o cargo. O operador do esquema na área seria Fernando Baiano e o doleiro Youssef, que lavavam até 3% de todos os contratos do setor, repassando o dinheiro para campanhas políticas do PMDB.
Segundo o Ministério Público Federal, Cerveró recebeu R$ 40 milhões de propina, em dois contratos para construção de navios sonda, usados em perfurações em águas profundas. O pagamento foi relatado pelo executivo Julio Camargo, da Toyo Setal, que fez acordo de colaboração com a Justiça.
O ex-diretor da abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, também citou Cerveró, no acordo de delação premiada. Em depoimento à Justiça Federal do Paraná, em outubro, Paulo Roberto disse que Cerveró recebeu propina na compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos. Segundo o Tribunal de Contas da União, o negócio gerou prejuízos de US$ 792 milhões. Durante uma acareação com o ex-diretor de abastecimento, na CPI mista, em dezembro, Cerveró negou as acusações.
Juiz afirma que Cerveró continua com "sanha delitiva"
Na decisão em que decretou a prisão do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró, o juiz Marcos Josegrei da Silva, da Justiça Federal em Curitiba, disse que o acusado prossegue sua "sanha delitiva" mesmo após ter sido investigado pela Policia Federal na Operação Lava Jato. No despacho, o juiz afirmou que Cerveró está blindando seu patrimônio e transferindo seus bens para familiares porque corre o risco de ser responsabilizado pelos desvios na Petrobras.
"Mesmo após figurar como investigado em inquéritos policiais e denunciado em ação penal prossegue sua sanha delitiva e, como sugere o MPF em sua promoção, parece mesmo não enxergar limites éticos e jurídicos para garantir que não sofra as consequências penais de seu agir, o que pode, no limite, transbordar para fuga pessoal caso perceba a prisão como uma possibilidade real e iminente", disse o juiz.
O juiz também afirmou que Cerveró foi beneficiário de propinas pagas em "quantias estratosféricas" por fornecedores da Petrobras, que podem estar depositadas em contas "offshore" fora do país, mas ainda não foram identificadas. "Certamente a quantidade colossal de dinheiro ilícito que recebeu não serviu para mera contemplação dos números em extrato bancário emitido por uma agência em paraíso fiscal. Para aqueles que o percebem indevidamente, existe sempre algum trabalho a ser feito com vistas a seu branqueamento ou ocultação. Talvez por aí se expliquem aquisições de imóveis em bairros nobres por valores nominalmente baixos, gastos expressivos em espécie ou pagamentos com cartões internacionais. Ou, mesmo, morar em um apartamento avaliado em R$ 7,5 milhões de reais, de propriedade de uma empresa offshore, argumentou o juiz.
Executivo da Mendes Júnior preso na PF é internado e pode passar por cirurgia
O vice-presidente executivo da empreiteira Mendes Júnior, Sérgio Cunha Mendes, foi internado no Hospital Santa Cruz, em Curitiba, com fortes dores abdominais. Ele foi socorrido por uma ambulância do Samu durante a tarde dessa quarta-feira (14) e levado para o hospital para fazer exames médicos. Um laudo assinado pelo médico Dalton Bertolim Précoma informa à Justiça Federal que foi diagnosticado uma pedra próxima ao rim do executivo. A defesa de Sérgio Cunha Mendes já pediu autorização para uma cirurgia ser realizada.
Lava Jato investiga envolvimento de mais multinacionais em escândalo
As investigações da Polícia Federal sobre o escândalo que envolveu a Petrobras podem encontrar o maior esquema de lavagem de dinheiro já registrado no país e apontam para suspeitas de participação de mais companhias internacionais num caso de corrupção generalizada. A delegada da PF Erika Marena disse que a quantidade de dinheiro envolvido provavelmente será maior do que os US$ 28 bilhões registrados em transferências ilícitas entre 2003 e 2007 no caso Banestado, até hoje considerado o maior esquema de lavagem de dinheiro no Brasil.
MPF: "esquema de corrupção na Petrobras não foi estancado"
Para o Ministério Público Federal do Paraná (MPF), que teve aceito pela Justiça o pedido de prisão preventiva do ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, o esquema criminoso montado na Petrobras para pagamentos de propinas em compras da estatal não foi estancado, mesmo após a deflagração da Operação Lava-Jato em abril do ano passado. Segundo os procuradores do MPF, a corrupção continua na Petrobras. "Não há indicativos de que o esquema criminoso foi estancado. Pelo contrário, há notícias de pagamentos de propinas efetuados por empresas para diretores da Petrobras mesmo em 2014."
A Justiça Federal determinou à Polícia Federal que abra uma nova investigação contra o ex-diretor de Área Internacional da Petrobras Nestor Cunat Cerveró, especificamente por prática de lavagem de dinheiro e ocultação patrimonial. A ordem foi dada pelo juiz federal Marcos Josegrei da Silva, no plantão da Justiça Federal no Paraná.
O objetivo da nova investigação é rastrear movimentações financeiras de Cerveró "nos últimos meses" que podem caracterizar deliberada intenção de ocultar bens adquiridos com recursos ilícitos. O juiz Marcos Josegrei mandou prender preventivamente Cerveró, acolhendo pedido da Procuradoria da República. Para os procuradores que compõem a força tarefa da Operação Lava Jato, o ex-diretor da Petrobras continua em sua "sanha delitiva" e "parece não enxergar limites éticos e jurídicos para garantir que não sofra as consequências penais".
A Justiça destaca que Cerveró recebeu "quantidade colossal de dinheiro ilícito". Ele foi preso no início da madrugada desta quarta feira (14)quando desembarcou no Rio de Janeiro de uma viagem a Londres. Nestor Cerveró já é réu em ação penal por recebimento de US$ 30 milhões em propinas no âmbito de contratos de sondas de perfuração de águas profundas no Golfo do México e na África. Ele também é investigado na compra da Refinaria de Pasadena, no Texas (EUA). Agora, será alvo de um inquérito específico sobre lavagem de dinheiro e ocultação de bens. "As ações levadas a cabo, atualmente, por Cerveró indicam, a um só tempo, disposição clara de não se sujeitar à lei penal na medida em que pretende evitar uma eventual apreensão de seu patrimônio e valores disponíveis em contas no Brasil, bem assim reiteração criminosa, uma vez que persevera na prática de ocultar e dissimular bens e direitos que lhe pertencem", assinalou o juiz Marcos Josegrei da Silva, no despacho de decreto de prisão de Cerveró.
A prisão do ex-diretor foi pedida pela Procuradoria da República nos autos de um outro pedido, de quebra do sigilo bancário de Cerveró formulado pela Polícia Federal. A Procuradoria argumentou que a simples monitoração das atividades financeiras de Cerveró "revela-se insuficiente para evitar o cometimento de novos crimes contra o sistema financeiro por ele, bem assim que prossiga se furtando à aplicação da lei penal".
Relatório de Inteligência Financeira do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) revelou que em 16 de dezembro - um dia antes de a Justiça Federal receber denúncia e abrir ação penal contra Cerveró por propina de US$ 30 milhões -, o ex-diretor da estatal petrolífera tentou sacar R$ 500 mil de fundo de previdência privada com imediata transferência de titularidade para sua filha.
Para o juiz Marcos Josigrei da Silva, a conduta de Cerveró "indica o desejo claro de não se sujeitar à aplicação da lei penal e manter a salvo o patrimônio que está sob sua titularidade". O Relatório de Inteligência Financeira 14233 também mostra que, em junho de 2014, Cerveró "se desfez, em favor de seus parentes, de quatro imóveis no Rio de Janeiro". Dos imóveis, um teve como valor declarado R$ 160 mil e dois como R$ 200 mil. "Ocorre que tais imóveis se situam na Rua Prudente de Morais, 1256, Ipanema, local em que o metro quadrado custa, em média, absurdos R$ 23 mil atualmente", assinala o juiz federal.
Avaliação judicial feita em junho de 2013 revela que um imóvel no segundo andar desse mesmo edifício de Ipanema custa R$ 2,366 milhões. O juiz destaca que Cerveró é "um dos principais articuladores e beneficiário de quantias estratosféricas a título de propinas pagas por fornecedores da Petrobras em troca de contratos com a estatal". Para o juiz, esses dados mostram que Cerveró vem tentando blindar seu patrimônio, "transferindo-o a pessoas de sua confiança".
Defesa muda estratégia e Cerveró prestará depoimento à PF na quinta-feira
Depois de declarar que seu cliente iria permanecer em silêncio, o advogado do ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró, Edson Ribeiro, voltou atrás e marcou para quinta-feira (15) o depoimento do seu cliente à Polícia Federal. Segundo Ribeiro, a decisão foi tomada após ele receber a garantia de que Cerveró só seria questionado por conta das movimentações financeiras e imobiliárias. Ribeiro afirmou ainda que vai entrar com um pedido de habeas corpus na Justiça do Paraná pedindo a liberdade de Cerveró. Ribeiro voltou a negar irregularidades nas movimentações d ex-diretor da Petrobras. "Acredito que a Tribunal vai conceder essa liminar e que Cerveró vai prestar depoimento sem problema nenhum. Ele não fez nenhuma movimentação que não possa ser explicada", afirmou.
O advogado voltou a dizer que a transação financeira usada pelo Ministério Público para pedir a prisão preventiva é apenas uma "uma ilação". E que o ônus da prova cabe a promotoria. "Cerveró esclarece tudo. Não deixa nada para atrás. Ele sempre se colocou a disposição e nunca se opôs a depor." Ele voltou a apontar supostas fragilidades no processo contra Cerveró. Ribeiro falou que não existe provas contra seu cliente, mas, "apenas", um depoimento de delação premiada.
Ribeiro afirmou que Cerveró conhecia Fernando Soares, o Fernando Baiano, que representava duas empresas, mas que Baiano não conseguiu, para suas próprias empresas, nenhum contrato na Área Internacional. O advogado rebateu ainda o depoimento de Júlio Camargo de pagamento de propina na aquisição de sondas para a Petrobras. Afirmou que a decisão de compra foi colegiada e que Cerveró não tinha poder de decisão sozinho.
Ribeiro explicou que Cerveró precisou fazer movimentações financeiras porque está desempregado desde março passado, recebendo por mês apenas R$ 10 mil de aposentadoria e que as transações imobiliárias foram antecipação de herança, legais e fruto do trabalho de seu cliente. "São ilações do MPF e ele terá de provar que há ilegalidade", disse.
O advogado voltou a contestar a competência da Justiça Federal de Curitiba para conduzir o processo, uma vez que a Petrobras fica no Rio. Segundo ele, o MPF e a PF do Rio foram informados que seu cliente viajaria para o exterior.
Preso pela PF, Cerveró chega à carceragem em Curitiba
O ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró foi preso pela Polícia Federal, pouco depois da 0h30m desta quarta-feira (15), ao desembarcar no Aeroporto Internacional Tom Jobim no Rio de Janeiro, vindo de Londres. Cerveró chegou pouco depois das 10h na carceragem da PF em Curitiba, onde estão presos os outros 14 investigados na Operação Lava Jato no bairro Santa Cândida. Por volta das 11 horas, o ex-diretor foi levado ao Instituto Médico Legal (IML), no centro da capital paranaense, para realizar exame de corpo de delito.
De acordo com o delegado da Polícia Federal Igor Romário de Paula, Cerveró deverá prestar depoimento à polícia nesta quarta-feira, na Superintendência da PF, em Curitiba. O advogado do ex-diretor, Edson Ribeiro, afirmou que orientou o cliente a permanecer calado durante o depoimento. "A ordem que eu dei é que ele não preste depoimento. Desde o dia 1º de abril de 2014 eu apresentei o Nestor Cerveró à Polícia Federal e ao Ministério Público Federal para prestar depoimento. Nennhum dos órgãos o ouviu", disse Ribeiro. "Agora ele não fala mais, enquanto não for solto", garante o advogado.Cerverò no IML